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(Dentro do 22 à espera do 18 para o transbordo de passageiros)Li ontem na imprensa que no Porto os eléctricos andam mais cheios. Congratulo-me que este meio de transporte colectivo urbano e tradicional se mantenha em franca actividade. Em 2010, viajaram a bordo das três linhas de carros eléctricos da STCP (Sociedade de Transportes Colectivos do Porto) 390.000 passageiros, um aumento de cerca de 30% relativamente a 2009. Trata-se de um número recorde de pessoas transportadas desde a abertura ao público da Linha 22.
O carro eléctrico é um meio de transporte recordado com saudade por muitos tripeiros. É com nostalgia que muitas vezes entro no 22, ao Carmo, atravesso o jardim da Cordoaria, desço os Clérigos, passo na Praça, subo a 31 de Janeiro, Santa Catarina, e desço na Batalha ou nos Guindais.
(Dentro do 22 a descer a Rua dos Clérigos)
A primeira linha de eléctricos da Península Ibérica foi inaugurada no Porto a 12 de Setembro de 1895. Nestes 116 anos, a rede de linhas de eléctricos teve um importante desenvolvimento, cobrindo praticamente todo o território da cidade e chegando aos concelhos limítrofes, a que se seguiu um processo de declínio que, designadamente na década de 80, levou a que este tipo de transporte passasse a ser praticamente marginal. Aos poucos, os eléctricos foram sendo postos de lado, desaparecendo das ruas. Começaram a aparecer os tróleis, depois os autocarros e o metro. Apenas o 18 se manteve em circulação, entre o Carmo e Massarelos, fazendo ligação com a Linha 1 que circula na Marginal do Douro, entre o Infante e o Passeio Alegre. Fica entretanto, e infelizmente apenas pela vontade, o desejo de ver o eléctrico chegar ao Castelo do Queijo, de o 19 voltar a subir e a descer a Avenida da Boavista, e a ligação entre o Infante e a Estação de São Bento pela Mouzinho da Silveira.
(O Turístico outra vez "bloqueado" em frente ao Hospital de Santo António)O ressurgimento da Linha 22 e a Linha T, a turística Tram City Tour, foram uma mais-valia para a cidade. Costumam dizer, e com razão, que o “velho” torna a cidade mais bonita. Este é um meio de transporte muito agradável, não poluente e arejado, contemplativo, adequado ao turismo e à fruição de importantes espaços paisagísticos do Porto. Permite que as pessoas se movimentem no centro, melhorando a mobilidade e ajudando a retirar os carros dos passeios... quer dizer, isso quando os xôres automobilistas não se lembram de deixar os seu popós sobre os trilhos (o que é recorrente), estorvando ou mesmo impedimento a circulação. Em 2009 esse comportamento desadequado teve como consequência a imobilização dos veículos que totalizou 372 horas, o que corresponde a uma perda efectiva de 647 viagens de carro eléctrico.
(Ali um Audi devidamente "electrificado" com um "bilhetinho" lá para casa)
Para terminar só informar que anualmente o
Museu do Carro Eléctrico organiza um belo cortejo com carros eléctricos históricos que desfilam pela linha da marginal relembrando assim o passado.
No próximo poste contarei a viagem mais radical da época da minha inconsciente, ou inconsistente, adolescência, vivida a bordo (!!!) de um eléctrico da Linha 19.