segunda-feira, maio 31

em tons de rosa

Partilhar

Numa bela manhã de Primavera, com céu limpo, calor e um cheirinho a Verão, saí à rua para umas pedaladas pela cidade quando pelas bandas da Casa da Música um colorido muito especial me chamou a atenção. Vestindo camisolas brancas, exactamente 14608 mulheres participaram na Corrida da Mulher deste ano. Esta corrida, num percurso com uma distância de 5 km pelas ruas da Invicta, para além de incentivar a prática desportiva por parte das mulheres, pretende angariar fundos para a Liga Portuguesa Contra o Cancro para a causa do Cancro da Mama. Todos nós temos alguém conhecido que já passou por isto, uma amiga, a mãe de uma amiga, uma mulher. Captei o momento em que parte da coluna feminina entrava no Túnel de Ceuta em direcção à Avenida dos Aliados. Tenho notícias que todas saíram vencedoras. Parabéns.

sexta-feira, maio 28

revelações "musculinas"

Partilhar



Sem querer, mas dando-me já bem conta disso, a partir de certa altura notei que a obesidade e a ferrugem iam moldando o meu corpo… Ok, pronto, pesavam na minha consciência, e o mais difícil nem era convencer-me que se quisesse sentir-me mais forte e saudável teria que adoptar um estilo de vida mais livre e ousado. Ao início pensava que aquilo não era para mim, nunca fui de fazer grandes esforços, mas a barriguinha proeminente e a balança foram me convencendo. A custo aceitei o desafio e fui experimentar um ginásio, mas só experimentar não fosse logo me arrepender à primeira dorzita. Já antes, num pequeno devaneio, tinha gasto uns euritos na compra de uma bicicleta para umas pedaladas esporádicas, a ritmo de turista, mas com um chorrilho de desculpas esfarrapadas ia deixando que as aranhas a enchessem de teias…

Bem, da inscrição às dores musculares não foram necessárias muitas flexões. E eu, ali, à frente de toda aquela gente, não podia dar o braço a torcer para não fazer uma figurinha triste! Desajeitado, eu!? Nãããã… Tá bem melga, como se a minha imagem reflectida nos espelhos não me deixasse assustado só de ver os esgares de esforço que fazia para tentar levantar uns míseros dez quilitos. O levantamento de copos seria bem mais interessante, eu sei, mas continuei a ir lá. Quem disse que ir ao ginásio é uma seca não sabe o que perde, e participar numa aula de grupo na fila ao fundo da sala têm-se uma visão alargada e priveligiada das coisas. Já aqui havia dissertado sobre o comportamento das mulheres no ginásio (foi por isso que decidi “repostar” o post) mas hoje é a vez de falar de nós, os homens. Só não sei bem o que dizer pois confesso que não os observo atentamente. Apenas me restringirei a três tipos: os stalones, os esforçados e os reformados.

Alguns fulanos devem praticamente viver no ginásio. Quando lá chego estão por ali em larga maioria, e quando de lá saio, de exercícios feitos e banho tomado, por lá ficam em amena cavaqueira e sem pinga de suor nos fatos de treino. Os reformados adoram água. Acho que se não fossem eles as aulas de hidroginástica nem existiam. E conseguir uma vaga no jacuzzi em hora de ponta, já é uma sorte! Para eles, a definição de pedalar é o movimento curto e espaçado das perninhas enquanto olham para as têvês, para os fazer passar tempo. Outros mais joviais vão estando por ali a tirar medidas a tudo quanto mexe.

Mas o grupo que domina as salas são os esforçados, e é nesses que eu me incluo. Muitos são gordos, alguns magrelas, outros assim-assim, e esforçam-se por lá ir pois não deve ser apenas a consciência que a isso os obriga! Os principiantes topam-se logo. De papel na mão à procura da máquina programada, tentam impressionar, mas enquanto caminham uns quinze minutinhos, depressa percebem que a vida pode andar para trás porque já lhes falta o ar, e ainda vão precisar das pernas para sair dali. Disfarçadamente diminuem a intensidade dos exercícios e distraem a vista com alguma coisa mais interessante. Outros, de peito feito e costas tortas, dão a entender que percebem bastante da poda e circulam mais do que suam. Procuram deitar os olhos a uma mocinha bem apessoada que esteja de rabo empinado ou a exercitar os peitorais. Depois de muito esforço, meses e meses de exercício, alguns resultados tornam-se visíveis. Do espelho já não tiram os olhos e sorriem ao verem aqueles músculos totalmente desconhecidos até então! Depois aquilo torna-se uma rotina. A malta vai, sua aquilo que tem de suar, e depois volta à vidinha.

Os que mais parecem saídos de um dos filmes do Rambo até metem dó. O que será que os leva a fazer aquilo ao próprio corpo! Chegam a ter tanto de largura como de altura, e alguns até caminham de pernas abertas! Adoram encher as barras de grandes rodelas e depois, naquela posição duvidos do levantamento de pesos, urram tão alto que até parece que estaão a sofrer de prisão de ventre. E eu cá tenho sempre a tendência de manter-me bem longe deles, não vá algum descuidar-se. Para além das mariquices que tomam e vestem, para dar aquele ar musculado ainda mais imponente, isso deve ser mais para se impressionarem uns aos outros do que propriamente para impressionarem as miúdas. Até dá para desconfiar do alto cariz exibicionista do comportamento entre eles. Digo isto porque se entusiasmam tanto com a máquina de exercitar os glúteos que, ao vê-los parados a admirar as nádegas um dos outros, faz-me alguma confusão!

E pronto, já chega de revelações “musculinas”. Tranquilizem-se que não me esqueci de satisfazer a grande curiosidade do mulherio. O cheiro de um balneário masculino é característico, é assim tipo um must de fragrâncias dos mais intensos sovacos misturadas com Patchouli's e variados. Quanto ao resto nada a acrescentar. Mas se estão realmente interessadas em saber o que se passa no balneário dos homens, estejam à vontade mas tenham cuidado ao abrir... clicar nessa porta.



E é claro que se quero continuar a usufruir dos bons prazeres da mesa terei de complementar a minha ida ao ginásio com umas boas caminhadas e pedaladas aos fins-de-semana.

Bom fim-de-semana.


quarta-feira, maio 26

reposte 4 [vamos lá fazer umas flexões, ó faxabôre...]

Partilhar


Só porque me apeteceu, e neste momento estou sem pedalada para mais nada, faço a reposição integral deste texto que muito deu que falar. Lembram-se?




Eu vou ao ginásio. Pago a mensalidade e vou lá, de vez em quando. Já fui mais assíduo mas quando vou justifico o balúrdio que pago. Com o passar dos meses e com a obtenção dos objectivos estabelecidos, nesta altura estou, por assim dizer, em fase de manutenção e de observação. E que observação! Tem-se concentrado sobretudo nas frequentadoras do espaço. As mulheres. E dividi-as assim, por diversas categorias:

Na categoria “teenagers inconcientes” estão as que geralmente só lá vão por 4 motivos: ou para conhecer gajos musculados, ou para terem oportunidade de vestir aqueles “boddies” de lycra coladinhos e reveladores, ou, no caso das mais redondinhas, para abater um pouco às banhas. O quarto motivo é mais uma opinião pessoal: são as mocinhas magras que só lá vão para fazer inveja às gordinhas.

Divido a categoria “trintonas” em 2 ramificações: as ocupadas (casadas, amigas delas, ou outras) e as desocupadas (solteiras, divorciadas ou, se calhar, viúvas). Das que têm tempo livre, as motivações são mais ou menos iguais às das mocinhas, mas com muita mais intensidade, dado que uma trintona tem mais “experiência” do que uma jovem, mas não tem nem metade da escola que uma "lady" nos quarentas, e daí muitas vezes estampa-se toda ao comprido. Se for boazona, move-se tipo felina e procura caça grossa. Se for um trambolho normalmente junta-se à manada.

Se a trintona for ocupada podemos subdividir em 2 categorias: as bem ocupadas e as mal ocupadas. Quanto às bem ocupadas, nada a dizer. Vão e fazem o que tem a fazer. Já nas mal ocupadas temos comportamentos deveras fascinantes. Há as que estão ali genuinamente só com o fim de exercitar o corpo, inspeccionarem os modelos masculinos e se pavonearem. Vê-se de tudo um pouco. Há as que usam as calças de ginástica tão coladas que mais parecem uma segunda pele, com o fio dental ou a asa delta em evidencia, soltam o rabo-de-cavalo e sacodem o cabelo com a correria no tapete e observam o ambiente enquanto fazem exercício nas máquinas de “step”. É ver para crer, digo-vos.

Já as senhoras na casa dos entas com um ror de quilos a mais, cheias de dores na coluna, andam ali na, quase sempre vã, tentativa de abater ao peso. Geralmente são inofensivas. Fazem os vinte minutos na passadeira enquanto conversam com a parceira do lado, saem dali coradinhas e quentinhas, apressam-se para o duche, provavelmente a tempo de fazer o jantar para a família. Não devo estar a exagerar se especular que as calorias da pratada que ingerem ao chegar a casa excedem em muito as míseras sessenta calorias queimadas no tapete.

Não tenho a mais pequena ideia do que se passa no balneário feminino, mas que deve ser o máximo, deve! Champôs, gel de banho, cremes, óleos, esfoliantes, sprays, desodorizantes, perfumes, pó de talco, secador, batons, cuequinhas coloridas...


Agora, quem sabe se no próximo "post" ficarão a saber também o que se passa no balneário masculino? Who knows...


segunda-feira, maio 24

uiiii... que cara feia!

Partilhar





As discussões fazem parte da vida, assim como os conflitos e as diferenças de opinião. O stress, os problemas, as preocupações são também naturalíssimos e revelam a dificuldade que todos temos em aceitar que somos diferentes. Nas divergências entre pessoas, com uma relação de respeito e de amizade entre elas, as diferenças de opinião poderiam ser mais construtivas se debatidas e esclarecidas no imediato, com calma e ponderação. Outros modos mais intempestivos de divergir não acrescentam valor algum às nossas vidas, apenas rancor, dor e arrependimento. As divergências mantidas de uma forma repetida, sempre com as mesmas pessoas e causadas pelos mesmos motivos, que permanecem sem solução, não resolvem nada e apenas aumentam a propensão de perder o controle e voltar a ter mais discussões inúteis. Em tudo isto o mais importante é sempre o diálogo, conversar reflectidamente, tentar expor o que incomoda e com franqueza evitar o aprofundamento das mágoas. Este é o caminho para buscar a tranquilidade e o consenso entre as partes, de uma forma geral em todos os relacionamentos. E uma coisa é certa: bem ou mal, quando se tem a oportunidade para o fazer, devem-se esclarecer os problemas que nos atormentam porque adiar o que está entalado para dizer, raramente tem o mesmo valor quando depois se faz a longo prazo.


sexta-feira, maio 21

é mais uma dose, ó faxabôre!

Partilhar



Lembrei-me de ouvir alguém me dizer que "a época em que vivemos nunca é a melhor das nossas vidas". Muitas vezes, sem darmos conta disso, somos apanhados a comentar certas coisas que nos levam a uma frase comum: ahhh e tal, quando eu era mais novo, fazia e acontecia… Nas nossas atarefadas vidinhas, porque será que só notamos que temos fome quando sentimos o ronco do estômago? Só damos importância a um objecto quando se parte ou pára de funcionar? Só queremos que chova quando a terra está ressequida? Só sentimos saudades de alguém sobretudo quando estamos carentes? Da infância ficou a boa sensação de a ter vivido livre de obrigações e responsabilidades e achar que o mundo é maravilhoso. Da adolescência, o espírito livre de viver cada hora como se fosse o último instante, com a curiosidade natural e a insaciável vontade de aproveitar todos os momentos. O problema é que raramente estamos satisfeitos e porque vamos ficando velhos e ranzinzas, mesmo que não sirva para nada, deveríamos sempre desejar algo mais, deveríamos permanecer insatisfeitos. Não temos de perder tudo, deixar de ser tudo e sofrer por tudo para notar o quão precioso é o amor, a vida, a felicidade, as virtudes que temos e que somos agora.


Atlantis - Summer Of Love

É deste calor que me faz derreter os neurónios, é deve ser disso...!!!

Bom fim-de-semana.



quarta-feira, maio 19

vais ter que me dar trela...

Partilhar



... e não te esqueças dos meus caprichos e necessidades caninas. Eu sou bem alimentada e há que manter a elegância. Para começar a minha listinha, devo dizer-te que gosto bastante de longos passeios pelo jardim: Um pela manhã bem cedo para um chichizinho matinal, outro à hora o almoço para ganhar apetite a seguir ao lanche, antes da hora de jantar, pois sempre me pode dar a vontade súbita de deixar um cocózito ocasional aqui ou ali, e nem que estejas a cair de sono antes de ir para a cama ainda quero mais um passeio, é que a noite é longa e nunca se sabe.

Para quem não me conhece eu ladro que me farto, mas para os meus meninos eu sou uma fofura. Os meus donos, os pais do menino Polófesqui, foram merecidamente passar uns dias de férias e eu, a Fofinha queriducha deles, hospedei-me no apartamento do menino. E uma VIC que se preze, VIC de very importante criatura, tenho de ter certas mordomias e miminhos ou então terão de contar os meus dentes, caninos incluídos. Pois eu sou uma cadela muito sensível, ladro a todos os barulhos estranhos, não dou confiança a qualquer um que se interesse pelo meu peludo rabo, tenho um pêlo macio que precisa de muitas festinhas e exijo o meu lugar aos pés da cama.

Custa-me entender como pode um cão ter qualidade de vida encafoado num apartamento. Sem poder marcar o seu odor num canteiro de flores, sem poder correr atrás dos gatos vadios, não poder sair para o jardim quando apetece e comer a comida do gato se me apetece, e, imagine-se, não ter um portão por onde ladrar e assustar o carteiro! Enfim, farei então este meu enorme sacrifício, mas lembro desde já ao menino Polófesqui que não me responsabilizo pelas marcas que as minhas unhas possam vir a deixar na porta da rua!


Uma destas daria-me bastante jeito...



segunda-feira, maio 17

pastéis de chaves

Partilhar



Tudo pronto para a viagem: os cachecóis, as camisolas, os bonés, as bandeiras, as cornetas, os presuntos e os garrafões. A alma a transbordar pela boca de tanta ansiedade. Chegou finalmente o dia tão esperado e em poucas horas terá início a inédita final. O adversário é forte e a sua massa adepta também, mas nem isso os atemoriza no sonho de conquistar a taça e coroar assim uma brilhante campanha realizada pelos bravos jogadores.
Num autocarro fretado, repleto de entusiasmo e enfeitado com faixas coloridas, fazem-se à estrada nos quase quinhentos quilómetros que os separa de um velho sonho, assistir a uma final inédita para o seu clube do coração. A alegria durante a viagem é contagiante. Por onde o autocarro passa as pessoas se manifestam com sorrisos, aplausos e incentivos, e dentro dele a euforia transforma-os em crianças, que dançam e cantam ao som dos cânticos popularuchos e do hino.
Chegados às imediações do estádio, avistam de longe uma multidão colorida, de braços erguidos, bandeiras desfraldadas, barraquinhas fumegantes, velhos e novos, todos unidos na alegria e na ansiedade, estampadas em cada rosto. As horas que antecedem o apito inicial são passadas num saudável convívio entre os adeptos das duas equipes, na disputa de um jogo de malha, nas cartas, num desafio de sonoros roncos de alguns sonolentos guerreiros abatidos pelo bom vinho da região.
Os portões do velho estádio abrem-se. As equipas chegam. Um tumulto se forma em crescendo, cada adepto quer tirar uma fotografia, conquistar os lugares da frente e ser premiado com um autógrafo ou apenas um aceno longínquo dos craques. Por todos os lados agitam-se freneticamente pequenas bandeiras, há barulho de fogos de artifício, os hinos são cantados pelas vozes roucas, entre sons de batuques, cornetas, assobios e gritos. A disputa entre as claques se instala, vaiam-se uma à outra e termina por momentos a feliz convivência entre adeptos, mas nada que abale o entusiasmo e a alegria da festa.
De repente, as equipes perfiladas saem dos balneários e entram em campo. O estádio levanta-se num só movimento e sente-se no ar o povo que rejubila, grita e aplaude os jogadores. A banda toca e, em uníssono, rostos afogueados de euforia e de adrenalina pura sentem o arrepio do hino nacional cantado com um profundo sentimento.
O jogo começa. O empenho dos jogadores é acirrado. Jogam com garra tanto ao ataque como na defesa. A cada jogada de perigo nas grandes áreas, acelera-se o ritmo cardíaco dos treinadores de bancada. As faltas à entrada da área provocam suores frios de tremedeira. A bola no poste da baliza do adversário é um grito que sai profundo e arranha as gargantas já secas pela emoção. De repente, o primeiro golo. A outra claque salta um movimento só. Tambores repicam, soam apitos, gritos, todos pulam e abraçam-se na mais contagiante alegria, colorindo o estádio. O jogo continua e novo golo na mesma baliza. 'Foi apenas um momento de distracção dos jogadores da defesa'!
Termina o primeiro tempo. Hora de comentar as jogadas, fazer suposições, reclamar da arbitragem. Mesmo com dois golos contra, como a lembrar que haverá o segundo tempo e o resultado poderá ser outro, o David também acreditou que a vitória sobre o Golias seria possível. Sob o sol escaldante e o colorido das bandeiras que se agitam, todos cantam e dançam, para não deixar arrefecer o clima festivo. Uma simples ida à casa de banho para aliviar a bexiga é um martírio. Mas onde estão os 10 estádios novos do Euro?
Recomeça o jogo. Como irá a equipa reagir? E se acabarem as forças? Por quantos vão perder? O jogo continua tenso. Procura-se não demonstrar a preocupação com a diferença do marcador, mas as mãos tremem, transpiram e as unhas desaparecem vertiginosamente. Os olhos acompanham a bola como se pudessem direccioná-la para dentro da baliza. A outra claque empurra a equipe com gritos, cânticos e palavrões em honra à equipe de arbitragem. O fim do jogo aproxima-se e o desalento de alguns já os empurra para a viagem de regresso.
Minutos depois ouve-se um grito de golo. Quase no finzinho da partida a esperança renasce. Saboreia-se o efeito das redes a vibrar. Os desistentes adeptos que antecipavam a saída voltam para trás, e manifestam-se agora com a mesma euforia, a mesma vibração como se estivessem em vantagem. Os corações batem ainda mais apressados, uma sensação horrível de não poder fazer nada aos minutos que se escoam.
O final do jogo sela em definitivo a derrota. Desilusão, desapontamento, decepção? Algum, mas o abraço recebido da rapariga do lado, que poucos minutos antes eram apenas dois desconhecidos, o conforta e juntos unem as lágrimas e os gritos de incentivo entalados nas suas gargantas. Incrédulos, assistem à comemoração dos adversários, que erguem a taça, enquanto por dentro, tristes, guardam no peito a dor de saberem que a equipe dos seus corações estará mais longe de reviver tão belo momento.

Eu não estive lá, e como sabem sou dragão de coração, mas mesmo assim sinto a genuinade da gente flaviense.


quinta-feira, maio 13

mudasti ?!

Partilhar



A vida é um constante processo de mudanças. Muda-se de roupa, de autocarro, de penteado. Há o quente para o frio, o vermelho para o verde, as mudanças de humor. Todos somos apanhados pelas mudanças. Tenho andado toda a santa manhã com a casa às costas e ainda nem vai a missa à metade. Neste caso específico não estou a mudar de casa mas é como se fosse. Não é a primeira vez que mudo de gabinete de trabalho mas particularmente desta vez não estou a gostar nada. Enfim, resta-me adaptar às novas exigências administrativas, ser tolerante com as decisões institucionais
e fazer de tudo para tornar o meu espaço de trabalho mais atraente do que já foi.

Bom fim-de-semana.


terça-feira, maio 11

o hábito

Partilhar



Todas as noites, há cada vez menos portugueses que antes de se deitar entrelaçam os dedos das mãos, cerram os olhos em meditação, seguram um terço entre os polegares e começam a rezar, a fim de agradecer a Deus por mais um dia de comida sobre a mesa, pelo tecto seguro que os abriga, pela cama quente que os conforta e pelo emprego que lhes garante um parco rendimento.

Todas as noites, há cada vez mais portugueses que antes de se deitar entre
laçam os dedos das mãos, cerram os olhos em meditação, seguram um terço entre os polegares e começam a rezar, a fim de pedir a Deus por um emprego que lhes garanta um parco rendimento, que tenham comida para servir à mesa, que possam pagar o tecto seguro que os abriga e a cama quente que os conforta.

Gostava muito de entender como pode um país como o nosso, em plena crise económica e na eminência de cair na bancarrota, permitir-se ao luxo de conceder uma tolerância de ponte por quatro dias a fio? Como pode condicionar toda a vida quotidiana e económica das suas duas principais cidades? Como pode um Estado que se diz laico custear esta visita que, tudo incluído, não ficará por menos de 75 milhões de euros (fonte SIC)!?! A sério, gostava mesmo muito de entender.



Mas os desesperados não oram e, ao invés de agradecer,
eles reclamam.



segunda-feira, maio 10

bruxo!...

Partilhar




quarta-feira, maio 5

reencontrão

Partilhar


Após uma noite inquietada pela ansiedade do que me esperava, calo o despertador e salto da cama para um revigorante duche e preparação de um esperado reencontro. No ar sentia uma temperatura amena e o Sábado, mesmo que nublado, parecia prometedor. Com os bilhetes já comprados, tomo um cafezinho apressado no bar da estação e embarco no comboio regional com destino a Mós do Douro, levando o meu filho numa viagem tão tranquila quanto aquele amanhecer.



Os baloiços da carruagem queriam me embalar no sono nos primeiros quilómetros da linha do Douro, calcorreados ferozmente pelo cavalo metálico, mas eu não deixei. A cada paragem os passageiros iam entrando e acotovelando-se na ânsia de encontrar um assento livre. Já na descida para a Pala sou retirado dos meus pensamentos com os “uaaaaauuuus” boquiabertos dos turistas, deslumbrados com as primeiras imagens que viam do rio.


A manhã iluminava-se devagarinho de um azul quente que enfeitava o céu e o Vale do Douro. A linha ferroviária alinhada entre o rio e as montanhas, as vinhas a perder de vista e o sol nascente, causavam imensos reflexos em suaves gradações cromáticas, e em mim uma emoção tão forte como se fosse aquela a minha primeira viagem.



Cinquenta minutos depois estava parado na estação da Régua, numa carruagem já quase esvaziada de gente e toda por minha conta. De máquina fotográfica em riste esperei pelo recomeço da marcha e deixar-me encantar com a mágica beleza da segunda etapa da viagem.


Mas o melhor de tudo aconteceria na minha chegada à terrinha. A expectativa, a inspiração, a vontade enorme de conhecer o Doutor Quadrado de quem já gostava muito através dos seus escritos, o Carlos Pedro cantor e artista dos seus blogues, o "dasMós" e o intenso Varanda do Tempo, que recomendo vivamente uma visita, o Luís "Corticeiro" e a jovem e bonita vereadora camarária Andreia Almeida.


Saber que iria reencontrar quem já não via há quase trinta anos e que até então, depois de eu ser redescoberto pela Cristina, só havíamos trocado e-mails e comentários. Seria o primeiro olhar desde a nossa adolescência, e aconteceu, e superou a expectativa. Quando imediatamente nos reconhecemos e fortemente nos abraçamos sentimos que a admiração era grande e que a saudade era mútua. Depois de uma tertúlia duradoura, ouvindo histórias e sábias anedotas, saímos à noite por algumas horas e calcorreamos as ruas tortuosas e desertas da bela terra dos nossos pais, tirando fotografias e recordando momentos passados em conjunto. Foi pena ter durado tão pouco, mas tenho certeza de que nos encontraremos lá novamente.



É de facto uma emoção redobrada e sentida sempre que percorremos caminhos e lugares que noutros tempos foram palcos das nossas aventuras e brincadeiras de criança. Há por ali um sentimento puro de nostalgia e ao mesmo tempo “um enchente” de calor humano ao revermos os mesmos rostos e sorrisos que o tempo ajudou a envelhecer. Ao fim de tantos anos voltei a sedimentar essa emoção e nostalgia, voltei a um dos meus paraísos e deixei-me levar pelas mais puras recordações.



O comboio, o rio, as paisagens, os campos floridos, os caminhos, a ribeira, o pão, os aromas, as hortas, as velhas casas de xisto, as andorinhas, os seus ninhos e os seus chilreios são elementos inesquecíveis, que apesar dos anos permanecem ali, como que a convidar ao meu regresso.



A aldeia das Mós, toda ela, emana memórias e recordações, do trabalho duro do campo, das folias da festa, dos jogos tradicionais, dos serões em família, do baloiçar no lombo dos animais, da lágrima que sempre escapava no adeus, de algo que se perdeu no tempo.



Mas a memória tem o dom e o condão de ressuscitar esses momentos, de condensar esses instantes, esses lugares que como tal viverão dentro de nós para sempre. E as fotografias que fui colhendo vão dar uma ajuda.





Nota de adenda: O sono e a falta de cuidado levaram-me a esquecer algumas referências que entretanto inclui e alterei parte do texto alusivo à publicação.
Grato pela visita.



segunda-feira, maio 3

mãe, não há só uma...

Partilhar



Para não deixar passar em branco... e que fique claro que não me esqueci!... qualquer dia serve para dizer palavras carinhosas a todas as mães. Às mães de primeira, às mães de segunda, às mães de muitas viagens, às mães de aluguer, às mães sogras, às mães biológicas, às mães galinhas, às filhas da mãe, às mães Natal, à santa mãezinha, à mãe Natureza... E outro grande beijinho às mães da minha vida, a mamã Nanda, a Tia Silvia e a Carlinha, com quem passei um belo Dia da Mãe, recheado de histórias de alegria, de saudade e de amor.