domingo, janeiro 31

31 de Janeiro

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No Porto existe uma rua que alguns ainda chamam de Santo António. Assim era em tempos da monarquia e no dia 31 de Janeiro de 1891. Nesse dia ocorreu a primeira tentativa para o povo se livrar de vez da monarquia. O golpe, como se sabe, correu mal e assim fracassou aquele que seria o primeiro passo para a República. As tropas e o povo revoltosos foram vencidos pela guarda municipal instalada nas escadarias dos balaústres da igreja de Santo Ildefonso. A República tinha durado uma manhã. Passados 19 anos desses acontecimentos foi definitivamente proclamada a República em Portugal e a Rua de Santo António mudou de nome pela primeira vez em 5 de Outubro de 1910. Em 1940, durante a ditadura salazarista, recuperou a toponímia religiosa. Por fim, abandonou-a algures após o 25 de Abril. Hoje chama-se Rua 31 de Janeiro, tal como a baptizaram na I República e ainda há quem insista no nome do santo, por amor ao próprio, por hábito herdado da ditadura ou por saudosismo monárquico. Nas cidades a toponímia é parte da identidade cultural e do percurso histórico, são uma inestimável fonte de auto-estima e orgulho das suas gentes. Na cidade do Porto a Rua 31 de Janeiro representa essa memória e esta data é assinalável. E não é só na Rua 31 de Janeiro que perdura o movimento republicano. Alves da Veiga, Sampaio Bruno, Basílio Teles, João Chagas, Aníbal Cunha, Alferes Malheiro, todos eles se manifestam ainda hoje nas ruas do Porto. E alguns deles em artérias incontornáveis da cidade. Será difícil visitar a igreja de Cedofeita sem passar pela Aníbal Cunha, ou chegar à Praça da Liberdade sem percorrer a Sampaio Bruno, ou ir à Cordoaria sem atravessar o Jardim de João Chagas, ou passar pela Trindade sem cruzar a Alferes Malheiro, todos homens que tiveram abrigo na cidade do Porto, que estão nos fundamentos democráticos e na base de uma das mais esquecidas e vibrantes aventuras. E desta data saiu a conhecida expressão popular, “vê lá se arranjas um 31”.


sexta-feira, janeiro 29

bom fim-de-semana

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Um homem de 90 anos vai a uma consulta de rotina e responde à pergunta do médico como se sentia ultimamente:

- Ah, nunca me senti tão bem sôtor! Já lhe tinha dito que ia casar com a minha jovem namorada, não tinha? Pois é, tenho outra novidade, ela está grávida e espera um filho meu. E agora o que me diz?

O médico reflectiu... e disse-lhe:

- Chegue-se aqui e deixe que lhe conte esta história. Um paciente meu que é caçador nunca perdeu uma época de caça. Um belo dia, por engano, colocou na mochila um guarda-chuva em vez da arma. Quando parou na mata para repousar da caminhada, um lobo surge subitamente à sua frente. Instintivamente ele sacou o guarda-chuva da mochila, apontou ao lobo e.... PUMM, o lobo caiu morto...

- HA!HA!HA!HA! Mas isso é impossível, disse o velhinho. De certeza que outro caçador disparou e matou o lobo...

- Exactamente!!!





quinta-feira, janeiro 28

dona isabel

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Tem um sorriso discreto quase imperceptível e pele branca, suave como penas. De gestos delicados, os seus olhos brilhantes de um verde água escondem uma personalidade decidida. A senhorita é uma santa, garantem seus fiéis serviçais. Belíssima, ainda adolescente, é de saúde frágil. Não pode correr um ar encanado e pronto, lá fica ela acamada, constipada, pneumónica. Quando a doença lhe agudiza a respiração não gosta de ser tratada por coitadinha. Cura-se de achaques e resiste à sentença. Levanta-se decidida e segue a sua vidinha fidalga. Ao contrário de outras donzelas da nobreza, exuberantes, ela não gosta de chamar a atenção quando vai a um baile social. Caminha devagar e sorrateira pelos cantos, não tenta seduzir e nem tem novidades para partilhar. Pretendentes impetuosos e insistentes querem perturbar o seu jovem coração, sem que ela os queira. Ela nem nota e quando nota, não quer. Apenas um, um único amor balança o seu coração e é por ele que ela sonha todos os dias. Velho, experiente e resistente. Quando ela se senta à beira do lago, solitária, pensativa, tão absorta em si mesma, parece querer mergulhar no azul e se perder com ele. À sua frente aproxima-o de si, deixa-o inclinar-se e pousa-o gentilmente no seu ombro. E ele fica ali, estático, simplesmente a aguardar que os dedos finos da jovem lhe toquem com delicadeza. E ao agitar do arco ela renasce ali mesmo, esquece o seu cansaço, os seus temores, as suas doenças, os seus males e deixa-se voar, de olhos fechados, guiada num acto de amor pelos acordes do seu violoncelo.


Foi mandada construir em 1754, segundo o risco de Nicolau Nasoni, tendo o projecto ficado incompleto. Pertenceu à família Noronha e Menezes. O portão de acesso à quinta é mais antigo, dos fins do séc. XVII, sendo notável pela riqueza decorativa do brasão de família e das duas sereias. Em 1904, foi doada à Santa Casa da Misericórdia do Porto. Hoje, a quinta encontra-se dividida pelo Hospital da Prelada, o encerrado Parque de Campismo, a Via de Cintura Interna e zonas residenciais. A casa encontra-se há muito em degradação acelerada. A quinta e a casa ficam mesmo ali ao lado do prédio onde resido. Gostaria de ver tão rico e importante património da minha cidade recuperado e preservado como bem merece.

Ó Santa, tenha lá Misericórdia da sua bela Casa!

terça-feira, janeiro 26

as molas que nos prendem

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Hoje faz um ano que aqui publiquei algumas quadras populares que me foram gentilmente enviadas pelo velho amigo do meu pai, do meu avô e bisavô, o Sr. José Gomes Quadrado, e dedicadas às numerosas "musas" que enfeitam o meu sítio (palavras suas). Para embelezar ainda mais o "poste" decidi incluir fotografias por mim tiradas numa das mais recentes visitas que fiz à terra que os viu nascer, correr e crescer, a bela aldeia das Mós do Douro.

Como a cada ano que tão rapidamente passa, a cada dia que nos leva ao sabor da inspiração, vou publicando textos, imagens, assuntos, memórias, acrescentadas e "enterradas" uma a uma num arquivo virtual que se mantêm vivo e acessível para quem cá vier parar. Há mais ou menos quinze dias foi deixado na caixinha de comentários um nostálgico bilhetinho de alguém que me fazia uma visita num "poste" remoto aqui no gabinete e, como sempre, eu não estava! Só mais tarde pude agradecer a cortesia da sua visita. Entretanto recebo um agradável convite para visitar um Labirinto de recordações, emoções e de saudade, qual panela de três pernas a fazer fervilhar um sentimento de lugares comuns e vivências partilhadas, de um tempo que a memória guarda a sete chaves num cofre aberto pelo coração. Mas a verdadeira surpresa veio horas mais tarde quando leio palavras que me transportam à velocidade da luz para uma fase muito distante da minha vida, para dois locais marcantes da minha meninice e juventude, a aldeia dos meus avós e o colégio onde fiz grandes amigos que tenho sempre presentes, só preciso mesmo é de um tempinho para que avive a minha perra memória.

"Conheci há muitos anos atrás 2 irmãos. Frequentavam o mesmo colégio que eu. Um deles, tinha cabelo todo encaracoladinho.... o mais falador e extrovertido. O outro, mais apagadito... cabelo liso, preto...", palavras de Cristina Quartas; "Mas o tempo, esse sábio malandro que nos criou um ficheiro sem que déssemos por isso, faz-nos sentir gratos por termos o privilégio de termos passado momentos maravilhosos na nossa querida Mós do Douro… sempre bela e eterna.", palavras do Corticeiro. E aos poucos a memória foi sendo avivada, momentos e faces foram sendo lembrados, na caixinha de comentários das "quadras populares" têm sido guardados pedaços dos dias felizes, testemunhos e lembranças que mais amigos deixaram lá guardadas…

Muito grato a José Gomes Quadrado, Maria Cristina Quartas, Carlos Pedro, Corticeiro e a todos que gentilmente aqui entram, preenchem o livrinho de visitas que muitas alegrias me tem deixado.

(Na fotografia o Café Santos do Sr. António e do Carlitos onde nos reuníamos)

segunda-feira, janeiro 25

a brincar vos digo,

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nesta brincadeira que é inventar, reflectir a escrever ou escrever e reflectir, descobri uma certeza. Descobri que nada melhor se faz se não for realizado de uma forma inspirada. Falo por mim, eu só consigo transformar pensamentos em palavras se for movido pela inspiração, e inspiração é algo que eu não encontro todos os dias. A paixão mora nos desejos, nos sentimentos e nas histórias inspiradas onde inventamos a nossa vida.


(Inspiration - Jason Mraz)

sexta-feira, janeiro 22

tranquilamente... espero em silêncio

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(Flor de Sal - Viana do Castelo /Dez.2008)

Na minha inseparável timidez eu sempre soube dar valor ao silêncio. Soube que é melhor estar calado quando não tenho porque falar. Receio palavras imperfeitas, soltas e desnecessárias, verbalizadas no momento impróprio, que podem ferir, quebrar o precioso silêncio do meu pequeno mundo. Introspectivo, eu sempre soube que a importância do gesto e a expressividade do olhar conseguem chamar a atenção. Que na ausência de sons se pode produzir uma harmonia pacífica, sem a obrigação de ouvir o que não quero, o que não pedi e o que não preciso de ouvir. Intimista, só me manifesto quando tenho assunto para ser abordado, possuo algo que deva acrescentar à questão, ao momento em discussão. Nós, os silenciosos, não gostamos de meteorologistas de elevador nem de saber se fulano ou sicrano chegou mais cedo. Quero expressar, aqui e agora, o meu muito obrigado aos que nunca me perguntaram como tem estado o clima.

Bom fim-de-semana.

quinta-feira, janeiro 21

na minha opinião

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Muitas pessoas que foram instruídas dentro de numa religião acreditam que o que é certo e o que é errado lhes foi doutrinado pelos livros sagrados das religiões que seguem. Há gente boa e gente maldosa, tanto nas religiões como fora delas, e todos nós sabemos, sem ser necessário que alguma religião nos explique, o que é certo e o que está errado. Basta que pensemos conscientemente pela nossa cabeça e abertamente, sem dogmas nem preconceitosos, discutirmos os temas.
Ao longo da história as religiões evoluíram muito pouco, não acompanharam as evoluções sociais e continuam baseadas em culturas e textos arcaicos, que viam o casamento apenas como um meio para a procriação. Se a Igreja proíbe o casamento homossexual também tem de proibir outras coisas que estão escritas nos textos sagrados e que não são aceitáveis, como o direito do marido dispor sobre a vida da mulher.
Compete ao Estado regular o casamento civil e deve fazê-lo, independentemente das religiões.

quarta-feira, janeiro 20

obama, pá...

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faz um ano e não te esqueças, ainda vais a tempo...



...de dar um novo significado à paz!




(não renegues à partida um filme que desconheces. Vá, vê até ao fim, ó faxabôre)



segunda-feira, janeiro 18

resumindo, este texto é como o título, longo e muito chato, portanto, se entenderem, podem passar desde já para o concluindo...

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O que a revolução das redes sociais trouxe ao nosso quotidiano foi uma mudança no conceito de amizade, e para que a usemos bem é importante entendermos isso. No mundo virtual não deveremos ser muito rigorosos quanto ao critério de adicionar pessoas, mesmo que determinado convite nos possa ser estranho, pois podem sempre ter algo muito interessante para compartilhar e reviver, nunca se sabe.

Pois é, a euforia pelas redes sociais tem sido tão grande que todo o mundo procura aderir a uma ou várias dessas redes de dominação global. Lembro assim de repente algumas: o Blogger, Wordpress, Myspace, DeviantART, Flickr, TripAdvisor, Twitter e LinkedIn são todos exemplos de aplicações sociais com finalidades específicas, actuando em comunidades e nichos de mercado. Já o Hi5 não me parece que seja uma rede para um mercado específico. Ao contrário, é uma grande mixórdia onde adicionamos familiares, colegas do trabalho, velhos e novos amigos, da escola, da associação recreativa, da borga, da bola, ex-namorada, vizinhos e todo tipo de gente! O Facebook é a mesma coisa, com a pequena diferença que o planeta inteiro estar a aderir em massa. O crescimento colossal desta rede social é absurdo. Actualmente, é o quarto site mais visitado em todo o mundo.

- Ó pai, tu não tens perfil no Facebook? Olha que está na hora de criares um!

- Sim, eu sei. É que é cá um stress só de pensar em ter de criar mais uma conta. E, mesmo não entendendo para que serve, franzindo a testa, tentando juntar todas as defesas racionais para não ter que aderir a mais um serviço, lá descruzei os braços e afundei a face no tal livro social. Afinal se já tenho um blogue será que preciso também de me tornar num aprendiz faceboqueiro? Parece que sim! Faz um tempo que eu já tinha perfil aberto no Facebook mas andava por lá meio esquecido. Disseram-me que serve para jogar joguinhos, cultivar tomates e batatas numa quinta virtual, bisbilhotar fotos de amigos, cutuca-los (!), receber e mandar presentinhos virtuais, responder a questões irrelevantes, usar um superpoke(!!!) e perder tempo precioso até ficar farto e nunca mais voltar. Mas, cuidado, também me disseram que vicia, e muito mesmo! A vida não se resume a ficar sentado a teclar e clicar num mundo virtual como é a internet. O serviço exige que eu tenha o computador livre para outras aplicações e, fora o blogue onde ainda consigo entrar, a instituição não concorda que deveremos facebookar abertamente. Temos pena!

... concluindo, continuarei a privilegiar o tempo que tenho disponível nos blogues, continuarei a escrever e publicarei as minhas bacoradas aqui no gabinete. Esporadicamente, farei as minhas visitas à vizinhança do blogobairro e, se entenderem, sintam-se à vontade para me encontrar e adicionar aqui, mas não prometo que algum dia venha a ser um bom fazendeiro.


sexta-feira, janeiro 15

olha um comentário Rafeiro, busca...

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Desde quarta-feira que ando pr’aqui com uma pulga atrás da orelha! Terá sido só impressão minha ou será que num passeio pelo bairro, entre um blogue e outro, me terei cruzado com o nosso amigo perfumado! Fiquei intrigado e tentei entabular conversa com o dono mas o canito farejou-me e delicadamente mostrou-me os dentes: “Are you rosnating to me?!?”. Pois foi! Pode-se dizer que o talentoso e divertido Canis Rafeirus Perfumatum foi buscar paus, correr atrás de ciclistas e molhar pneus de automóveis para outras paragens. Em suma, mandou-nos dar uma curva… Ai não, foi à modéstia, ok! Não interessa. Pena nossa que tenha tomado a decisão de trancar a sua casota, mas no fundo tenho cá para mim que breve, breve, estará de volta, ainda mais perfumado e com mais gordurinha à volta da cintura.

Até já Rafeiro.

Hummm... outro formato! Será este?




quinta-feira, janeiro 14

ferida

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Uma tarde como tantas outras e a cidade que sobrevive, aqui e ali sobressaltada por gatos e pássaros num louco frenesim. Apesar de toda esta agitação, só se vive o quotidiano e nem um alarme proveniente do poderoso som do vento, trovão de sinais que se sobrepõem uns aos outros, faz esquecer a pobreza, a instabilidade política, a economia destroçada e a permanente guerrilha de um país que vive numa dimensão cada mais grave. E de um momento para o outro um tremor aparece do nada, o chão parece falhar e balança debaixo dos pés como se tudo estivesse sobre um baloiço gigante. As paredes embalam-se perigosas e o tecto faz companhia ao movimento do chão. Qual monstro adormecido, subitamente acordado pelo bater de asas de uma borboleta, reage explosivamente e, sem apelo nem agravo, destrói violentamente tudo à sua volta. Os alicerces tremem, os sonhos são arrasados. São ruas desertas de pessoas e inundadas de uma multidão de destroços. A imprevisibilidade, a inevitabilidade, a morte. A dureza das consequências deixa-nos sem ar, como se nos atingisse em cheio com um murro no estômago. E o penoso tempo vai passando, sentindo e tentando ignorar as réplicas que, apesar de não terem a mesma intensidade aumentam o medo. Milhares de pessoas desalojadas, feridas e sem saberem dos seus familiares vagueiam pelas ruas no meio do caos, dormem ao ar livre e enquanto não chegam as equipas de salvamento escavam com as próprias mãos na ânsia e esperança de encontrar os que continuam soterradas nos escombros. A revolta da terra vai passar. Restará arrumar as palavras que se espalharam, que flutuam e balançam como se fossem as penas perdidas de uma almofada rasgada. Não se sabe o tempo que demorará a repousar a poeira da emoção sobre o chão de sofrimento. Fica um momento na vida, como se tudo tivesse acontecido, imaginário, abstracto. Desabada a serenidade, arrumada a um canto da vida, permanece à espera que a memória a solte e feche a ferida que se abriu no coração.

Reposição e adaptação de um texto com o mesmo título e por mim publicado aqui no ano passado.


quarta-feira, janeiro 13

o seu início, o meu final...

Partilhar ... cara PresidentA e leitores do blogobairro.
Agora continuo eu a contar o resto da história (clique aqui para conhecer o seu início):




E pronto! Vai daí, o bife lá seguiu à risca a sua sina de percorrer o saudável caminho da contenção nutritiva. Aceitou deitar o lombo na grelha quente e, meio passado, a destempero, recusou a pitada de sal e o condimento dos molhos. Em vez das estaladiças rodelas da amiga batata, juntou no prato um festim gastronómico de vitaminas e sais minerais. Untadas de azeite extra-virgem, vieram limpas as folhas de cor brilhante de uma alface cheia de frescuras. Os acompanhantes não se fizeram rogados e chegaram maduros com o sabor que os caracteriza. Caqui, saladet ou cereja, qualquer que seja a tomatada, perfumada com manjericão cortado em lâminas finas tornam-se irresistíveis. Mas aí, o Ovo, esse cavalheiro mal querido, cavaleiro estrelado e sem montada, reaparece em cena, romântico, chorando lágrimas de óleo e pedindo-me para interceder em sua causa. Dei a volta à mesa, sentei-me numa cadeira ao seu lado e disse-lhe claramente: Mas que posso fazer por ti amigo Ovo? Se todos se deliciaram com as iguarias do Natal e pecaram por excesso de gulodice, que hei-de eu fazer se agora só pensam em dietas e saladas! Mais a mais amigo Ovo, o teu colesterol está misturado na massa da doce sericaia e, não sei se sabes, os dois amantes juraram não voltar a refeiçar juntos! Mas nisto, um sorriso divertido se desenhou nos meus lábios e tive o delicado cuidado de não me descascar a rir: Não sejas Calimero, amigo ovo, deixa-os vegetar à vontade. Não lhes dou até à Páscoa e estarão de volta às asneiras saborosas, vais ver! Olha, tu na minha francesinha és especial, não me importo nada de uma dose cavalar de proteínas... e de cerveja, já sabes.




terça-feira, janeiro 12

sono

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Uma destas manhãs apeteceu-me fixar o olhar. É isso mesmo, apeteceu-me. Há alturas em que me procuro esquecer, mas nessa manhã, enquanto alisava o cabelo, arregalei bem os olhos e encarei-me ao espelho, como uma qualquer pessoa normal faz! Passei água fria e olhei bem no fundo dos meus olhos. Que estranha sensação eu tive, delicada e assustadora, como se invadisse a minha privacidade e revelasse o que não quero. Assim, sem licença, entrar e vadiar pela alma, sem pestanejar por um momento que fosse e revelasse as falhas e imperfeições da própria essência. Que mistérios insondáveis permanecerão para sempre encerrados em nós próprios!? Acho que é melhor deixá-los lá quietinhos. Há sempre alguém que um dia acorde com uma cara ainda mais feia do que eu!


segunda-feira, janeiro 11

ufa

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Definitivamente o grau de produtividade aqui na estufa deste gabinete, o verdadeiro, é bastante elevado que até me sinto a derreter. Num dia assim tão bonito e luminoso acho que me faria bem sentir o frio polar que faz lá fora. E é isso mesmo que vou fazer! Vou fazer um intervalinho e sair para o frigorífico até congelar os neurónios!


sexta-feira, janeiro 8

hoje

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Às vezes na vida, por isto ou por aquilo, não dizemos o que sentimos e isso na maior parte das vezes leva-nos a uma encruzilhada de sentimentos e oportunidades desperdiçadas.

Hoje reservo este espaço para algumas recordações mas sobretudo para falar do valor de uma grande amizade. Para falar de mil coisas agradáveis que vivemos e de um tempo em que eu te desobedecia e fazia das boas. Muitas vezes foi difícil para mim compreender a tua atitude, por várias circunstâncias, porém fui percebendo que só desejavas o meu bem. Aprendemos a reflectir juntos, tanto quanto a errar e a acertar sozinhos e, depois, a crescer conscientemente, a reconhecer a verdade nas divergências, nas teimosias, na amizade. Muitas vezes no trabalho me perguntam por ti, me recordam e reconhecem a tua importância, as tuas qualidades, o colega e o amigo. Os anos passam por nós. De corpo calejado e mente rejuvenescida, todos juntos continuaremos contigo a trilhar o caminho.

Parabéns meu pai, meu velho, meu amigo.


... e hoje se Elvis Aaron Presley fosse vivo o rei do rock faria 75 anos.





quinta-feira, janeiro 7

o zé do boné

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Um dia, de mão dada com o meu pai, entrei pela primeira vez e tomei o meu lugar nas bancadas de pedra do Estádio das Antas. Fiquei encantado e seduzido ainda antes do pontapé de saída. A bola é de colectivos esplendorosos e de solteiros e casados. É redonda para uns e quadrada para outros. É paixão e ciúme, mulher cuidadosa ou amante obsessiva. É glória e tristeza, é de pobres e ricos, entrega-se a quem a toma. A bola nem sempre é justa, agiganta povos, desfaz corações. É vício, doença, cólera. É amor e ódio, mas pode ser de paz. A bola é… o que cada um quiser.

Carinhosamente apelidado de o Zé do boné, uma espécie de fetiche que nunca abandonou, foi o treinador que marcou a viragem de mentalidade no Futebol Clube do Porto, estando na génese do actual espírito que é imagem de marca do clube. Era um homem de rupturas, sem meios termos e, de palavras inteiras. Zé Maria Pedroto é um gigante sagrado do panteão azul e branco que merece ser recordado pelo seu papel vital na ascensão meteórica do Futebol Clube do Porto, que levou a nossa equipa a assumir o topo do futebol nacional e a projectar-se como a equipa portuguesa mais titulada internacionalmente.

Passam hoje 25 anos que deixam saudade.




terça-feira, janeiro 5

a face oculta ou o anjinho que há em mim!

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Amigo secreto, amigo oculto ou da onça! Não há época natalícia em que eu não tenha de comparecer a um desses jantares com colegas de trabalho ou entre velhos amigos “de route” e participe na brincadeira tradicional das festas de fim de ano. Quem quiser participar terá sempre de passar pela dificuldade logística de escolher o que não quer ter em casa ou então comprar uma prendinha barata e apropriada às festividades, de preferência que sirva ao género masculino e feminino. E depois de fazer um embrulho de modo a que o conteúdo não seja óbvio, convém não esquece-lo em casa ou então não terá presente.
Depois de todos devidamente empanturrados e engarrafados, após a sobremesa e entre conversas e o café, lá haverá de chegar a hora do sorteio que, basicamente, é tirar um papelinho numerado do saco. Cada qual tem a sua técnica mas não vale a pena escolher muito. Após abrir o papelinho e ler o número, basta esperar que lhe saia em sorte algo de jeito, que não tenha de ser vestido no imediato (ainda estou a tentar perceber para que aquilo serve!). Acho piada à reacção do pessoal que recebe um embrulho de volume razoável, tomando-lhe o peso e agitando-o na vã esperança de adivinhar o que lá vem, e depois todos animados rasgam o papel e vêem que ganharam umas velinhas de cheiro! “Mostra, mostra, mostra…” a malta grita, ri, comenta e dá a oportunidade a outro felizardo e involuntário freguês das lojas dos trezentos. E ainda há tempo para que se façam umas negociatas de ocasião, tipo: “olha lá, por acaso não queres trocar essa boneca insuflável por este anjinho de porcelana?”.
No final dá para todos se divertirem, não se gasta muito dinheiro e a malta sai toda contente com um presentinho debaixo do braço para guardar lá em casa!


segunda-feira, janeiro 4

na corrente

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A seguir aos blogues o que leio mais são os jornais, mas ultimamente as notícias têm me cansado a vista. Já li e vi muito na vida e ainda não precisei de usar óculos! É verdade, recentemete até desvio o olhar das gordas primeiras páginas expostas nos quiosques, tão pouco tenho tido vontade em clicar num qualquer jornal electrónico, ouvir o rádio pela manhã ou ver o telejornal só mesmo desprevenido. Ando com a sensação que nada disso já me interessa, porque nada disso é uma novidade. Talvez o mundo gire cada vez mais tonto, à deriva, ou então sou eu que ando chateado, estranhamente pobre de espírito e egoísta, como todo o ser humano mostra cada vez mais ser! Porventura todo o mundo deve estar como eu, a precisar de uma boa notícia. Algo que surpreenda, pela positiva. Uma notícia diferente que nunca antes tenha sido escrita. Algo que mudasse o rumo da Humanidade. Uma notícia de última hora que alguém teria a satisfação de anunciar. Uma boa notícia que valesse a pena ser lida. Uma notícia de verdade.


sexta-feira, janeiro 1

ano novo... e a vida que continua

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e tantos que ainda recuperam dos excessos da noitada!... Está um dia muito bonito e eu aproveito para abrir as janelas do gabinete e deixar entrar estes raios de sol do novo ano. Agradeço a todos os que por aqui passaram, a todos sem excepção. Sei que nem sempre consegui corresponder à vossa presença, ao vosso carinho, e algumas das expectativas criadas, sobretudo as minhas. Sempre que termina um ano e outro começa pensamos menos no que fizemos e mais no que poderíamos ter feito. Neste Dia que é de Paz devíamos pensar mais nas pessoas, na falta de respostas, na necessidade de quem precisa de nós e a quem não demos a devida atenção, e relembrar que tudo na vida tem as suas razões e as devidas prioridades. Se não tenho visitado os meus vizinhos deste blogobairro é não só por falta de oportunidade mas, confesso, é também por alguma falta de vontade. Isto passa. Aproveito assim para vos enviar a minha mensagem de ano novo, desejar para todos que 2010 seja um ano de paz, com muita saúde, pleno de felicidade e alegria. Obrigado pela vossa presença.

Paulo