sexta-feira, agosto 20

e pronto...

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Eis que é chegada a minha vez! Adeus horários, papeis, telefone, e-mails, chat…ices, rotinas, dias úteis e inúteis que só me trazem trabalhos. Não, eu não fui promovido e tão pouco me saiu o euro-milhões. Junto-me à malta do ripanço. Todos precisamos destes intervalos, não acham? Sem horas para nada de nada, nem para acordar, nem para comer, nem para coisíssima nenhuma. Não faço planos, apenas sei que irei estar estendido nas areias escaldantes à beira-mar, na pacatez campestre da aldeia e, quem sabe, se à sombra da bananeira perto da água morna de uma piscina! Que não me doa o joelho esquerdo e não tenha furos é o que desejo para o dia 28. É que mais uma vez, eu e o meu amigo Rui nos propusemos a pedalar a longa distância do Porto até Fátima de uma assentada. E não fosse mais esta nossa ciclo-loucura anual, seriam três, repito, trêêêêês semanas de férias em total ripanço, que prevejo me hão-de saber pela vida.

Portanto, se não me virem por aqui já sabem que não desapareci de vez, é só um curto intervalo. E, assim como assim, a blogolândia tem andado muito paradita acho até que ninguém vai dar pela minha falta. Mas se entretanto o bichinho do blogue rabujar comigo e me der na veneta ainda paro por aí, numa tasca com ligação à net, e dou uma olhadela por estas bandas. Agora toca a deixar o gabinete minimamente arrumado, passar a pasta a outro e simplesmente virar costas ao computador por umas breves três semanas. Vá, roam-se à vontade!


quarta-feira, agosto 18

banco da vida

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Depois do almoço, Adelino vai dar uma volta para espairecer o tédio de não ter nada para fazer. Refugia-se do sol de Verão e entra no aprazível jardim. Está cheio de gente, na sua grande maioria reformados, com tempo livre para passar a tarde, a passear, a ler o jornal ou simplesmente conversar. Aproveitando a sombra dos plátanos, é um hábito vê-los sentados nos bancos, ocupados à volta de um jogo de sueca. Albino decide investigar porque está tão animado um grupo reunido mais além. Jogar às cartas, pode ser uma boa forma de entretenimento. Para quem teve o gosto de conhecer os naipes de copas, espadas, paus e ouros, sabe bem valorizar esses momentos de convívio. É como uma imagem de marca ver alguns reformados que se sentam em redor dos bancos de jardins para bater umas cartas. As discussões sobre quem fez batota cruzam-se com a actualidade do mundo, da cidade e da própria vivência. São autênticos fóruns de opinião onde se fala de tudo um pouco. É para lá que vão praticamente todas as tardes e onde vão “matando” o tempo. - Ás de trunfo… eh eh, esta vasa é minha, gargalha vitorioso o mais velho que participa num torneio improvisado. - Chegue-se à gente homem, não tarda nada e também tem uma vaga para a batotice. Adelino aproxima-se curioso e logo entabula conversa com alguns deles.

Emigrado em França durante 30 anos, João trabalhou nas obras, em fábricas, nas vinhas, e acabou por regressar à sua cidade natal depois de chegar à idade da reforma, ao direito que lhe assiste de ter o estatuto de dinossauro, como orgulhosamente se refere a si próprio. - A mim não! A mim não apanham tão cedo num desses casarões de mortos-vivos, recusa João a opinião do Costa. Esta afirmação não constitui novidade nenhuma, porque qualquer um de nós, provavelmente, pensa no aposentado como o cidadão que, não tendo mais nada para fazer e nada mais espera da vida, mais tarde ou mais cedo vai parar num qualquer lar ou centro de dia a ver televisão ou a dormir a sesta. - Se toda a vida eu trabalhei no duro, anos a fio, e descontei para a Caixa, agora vão de ter de me gramar até ao caixão. Para Arménio da Costa o que faz mais falta é uma presença feminina na sua vida. - Sou viúvo e sinto muito a solidão, confessa, ao que António Ribeiro atalha: - Ouve lá pá, mas então nesse lar todo pimposo onde agora moras, não arranjas companhia? Até já me disseram que há por lá umas senhoras que desenvolvem diversas actividades culturais e lúdicas, ironiza. Quem sabe se não conheces uma bem prendada que te queira aturar e ser tua namorada, pá? Costa recebe uma amigável palmada nas costas, retorquindo: - Já nem sei se me querem para alguma coisa, e recorda com saudade a sua Inês. - Ouçam o que eu vos digo, levanta a voz o Eugénio, muitos que são apanhados pela reforma em pouco tempo viram estorvos. Se um tipo não se põe à tabela ainda virámos vegetais impróprios para consumo... A malta tem é de se ocupar com alguma coisa se não… Fiquem sabendo que eu, todos os dias de manhã, sirvo ao balcão do bar da Associação e olhe que não me pagam um tostão por isso! E… como se chama mesmo o nosso amigo? Adelino. – Pois aqui o camarada Adelino fica desde já convidado a passar por lá, que lhe sirvo um café e, se for vontade do freguês, com cheirinho. - Obrigado Sr. Eugénio, agradeço o seu convite. - Eu é que começo a ficar cansado disto, resmunga Alfredo Santos. Antigamente havia muito trabalho lá na oficina, depois o negócio foi mingando e agora que estou velho, os mais novos já não querem aprender. - Aprender o quê, pergunta-lhe Adelino. - Aprender uma arte como a minha, a de sapateiro. - Mas senhor Alfredo, intervém Adelino, diz-se que é uma profissão que está a desaparecer. - Ah pois diz-se, mas ainda bem que não está. Agora até me custa dar vazão a tanta clientela!Afinal a crise está boa é para mim, sorri Alfredo enquanto baralha um macete. E, como o vício das cartas é grande, se não me ponho a pau lá se vai o negócio. Vá amigo, tome conta aqui do baralho que tenho de ir à minha vida. – Então, quem é a dar? Pergunta Adelino tomando lugar na jogatina. - É minha vez, determina o João. Sabe meu rapaz, virando-se para o Adelino, a este faz-lhe falta um aprendiz que lhe dê uma mãozinha lá na oficina, mas a malta nova não as quer sujar. Ao que isto chegou! Mas diga-me lá, você parece-me ser novo demais para estar reformado, não está? Pergunta a Adelino. - Vá conte-nos o que faz da vida, meu amigo? Pergunta-lhe João. – Olhe, eu estou no desemprego, vai pra mais de meio ano, desde que a fábrica fechou por falta de encomendas, responde cabisbaixo. - E a fábrica era de quê, se não é indiscrição lhe perguntar? - De calçado, responde num suspiro. Foi toda a gente para a rua, de mãos vazias, famílias inteiras com mais de vinte anos de dedicação, tal como eu! Um homem que assistia à partida de sueca e escutava a conversa, coloca a mão no ombro de Adelino e diz-lhe: - Já todos sabemos que jogar às cartas no banco de um jardim há muito que deixou de ser passatempo só para a velhice. No jogo da vida a sorte não se encontra nas cartas, mas sim em quem as distribui. Pense nisso caro amigo e, se entender, siga este conselho. Vá falar com o Alfredo, pode ser que lhe saia o ás de trunfo.



sexta-feira, agosto 13

feito d' ouro

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Saio para as minhas pedaladas diárias que me aceleram o coração e o renovam de energias. Nestes finais de tarde, que demoram a cada volta dos pedais, procuro me distrair junto ao Atlântico e aguardo o último clarão dourado do eterno farol. A marginal do Porto tem este encanto, como se a luz que se atravessa no horizonte, em vez de avisar os navios esquecidos no mar, me ensinasse a mim o caminho de regresso a casa. E ela nunca me engana. Ela nunca se atrasa. Nesta altura, o vento de Norte crava um arrepio no meu corpo, apenas adocicado pelo perfil serpenteado da orla azul, esboçado pelo rastro rodado e constante dos meus pés. O prazer ondulante que sinto contra a força da nortada colora-me as maçãs do rosto, enquanto a sonoridade das ondas nas rochas me salpicam e refrescam a face, como se estivesse na proa elevada de uma embarcação. A bela e o monstro passeiam de mãos dadas, e a pureza e a brutalidade carregam-se de água e de ilusão. Provavelmente no ponto em que o mais belo esboço urbano da cidade se encerra em si e dá lugar a um encantamento inultrapassável. Enrolo as velas inspiradoras, deixo cair o sonho do aroma a maresia e aligeiro a minha cadência rumo à Ribeira, que a alma nem sempre é feita da agitação salgada do mar, também é doce como a vagarosa corrente que é feita d’ ouro. Sentei-me mudo e quedo na margem junto ao rio, deixei-me empurrar pelos pensamentos e lancei aquele olhar de soslaio sobre a ponte, numa mise-en-scéne convidativa para conversar. E é aqui que percebo como a luz já vai ténue, acentuando mais as distâncias e definindo os contornos da realidade. Dessa indescritível sensação que é de estar num lugar que me pertence e ainda assim sempre longe de casa.




(fotos tiradas na Ribeira de Gaia, ontem à tardinha, quando regressava de bicicleta de casa dos meus pais)


Kauai Sunset by Philip Bloom


quarta-feira, agosto 11

... pode ser tenrinha e pra beber é uma cerveja fresquinha, ó faxabôre!

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Chegado há dias do Festival do Sudoeste (SW), ainda um pouco lerdinho das minhas ideias por ter dormido muito pouco mas já mais acordado, decidi aparecer por cá e dar um ar mais digno a este gabinete, pois também ostenta uma camada de pó digna de qualquer um vir aqui e escrever em letras garrafais "LAVA-ME PORCO"!


Aterrei pela primeira vez no SW e como imaginava fiquei fã. A razão de rumar a sul e saber que durante uns quantos dias e noites iria ter poucas horas de descanso, muito mas mesmo muito mal dormidas, não me demoveu a ir. Sabia que teria de fazer uma alimentação rápida, mas que se veio a constatar que qualquer que fosse o prato encomendado haveria de chegar sempre atrasado à mesa. Gastronomia típica do Alentejo, será?! E iria beber umas litradas de cerveja, só por causa do calor, note-se, e ver os palcos do festival com outros olhos… e que palcos passaram à frente dos meus olhos!



Bom, embora o cartaz não fosse dos mais apelativos às minhas preferências, houve boa música, diversão e convívio q.b., num ambiente e espírito único que justificaram a minha viagem, que só quem lá vai a pode viver. Vi e ouvi muitas bandas à custa do Sudoeste, mas a presença em palco e a voz que mais me encantou foi a da Carminho, com um fado corridinho bem ao gosto do público que, numa fantástica empatia, não queria arredar pé e de pé a ovacionou.



É claro que o convívio é sempre muito agradável, mas se regado com boa musica... muito melhor! Nós, os cinco festivaleiros, passamos a maior parte do festival agarrados à vibração positiva que saía de dentro dos copos da barraca do meu amigo FM, onde a Super Bock escorregava fresquinha, e emanava-se pelo ar o som do Reggae vindo do palco Positive Vibes. Tá-se bem, man. Bem, granda pedra, mas se uns tripam com substâncias psicoactivas, eu é só com musica. Pena tive de não podermos ficar até ao fim e ter tempo para curtir The Wailers ou assistir aos Massive Attack, de que gosto bastante, mas o dever laboral, de picar o ponto manhã bem cedo, sobrepunha-se à minha vontade. É que há quem trabalhe em Agosto, sabiam!?


Adiante. Nas horas mortas, mesmo mortas de cansaço, e de maior calor, embrenhei-me e perdi-me nas maravilhosas paisagens da terrinha. Estendi a toalha nas areias quentes de Milfontes, onde já fui muito feliz, e na Zambujeira do Mar onde se podia arrefecer os ânimos da noite e retemperar os olhos semicerrados. E até o facto de me ter esquecido de levar o protector não foi importante pois o factor de protecção que pairou no ar em forma de pó no recinto da festa foi mais do que suficiente.


E no meio de toda essa onda festivaleira até deu para vibrar com o meu FêCêPê, vê-lo por um televisor dessintonizado a dar um festival de bola e levantar mais um caneco para a sua vasta colecção. Talvez por ser um dos maiores festivais de Verão, o SW acaba por ser um ritual de passagem para a entrada na idade adulta. Sim, eu sei que já estou a ficar velhote mas eu ali ,qual cota revivalista, a ver-me no meio daquele maralhal entre a geração “Morangos com Açúcar”, de tão tenra idade e cheia de saúde, sentia-me ainda mais alternativo! Ouvi dizer que o espírito original do SW já não é mesmo, que foi bombardeado por acções de merchandising e se tornou numa feira popular. Talvez assim seja, mas pelo que me foi dado observar gostei imenso e, qualquer que sejam os artistas, se puder, ano lá vamos nós outra vez.


Deixo aqui as private jokes de Mr. FM com mais fotos alusivas ao Sudoeste (Santa Saúde) e, custar custou, mas lá consegui chegar ao multibanco.





quinta-feira, agosto 5

se a trocha está pronta, de que espero!?

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(foto da net e da bagunçada que aquilo é)

Pela primeira vez eu vou ao Sudoeste na Zambujeira do Mar. Vou imbuído de um espírito reminiscente dos meus tempos de adolescente e campista, da lanterna petromax, do camping a gás (onde eu fazia uma arrozada de lapas com berbigão e sopas Knorr, de chorar por mais), do saco-cama, da tenda armada, e assim, enquanto vou e não volto, decidi partilhar as minhas remotas vivências de um veterano campista.

Eu quando era pequeno, ainda naqueles tempos que armava barraca, não passava um ano que não fosse com a minha família acampar nas férias. Para quem não sabe e esteja à procura de passar algum tempo longe das grandes cidades, na praia ou no campo, a bronzear-se ou embrenhar-se pelos mais belos trilhos da natureza, o campismo é o conceito ideal para um estilo de vida livre e masoquista. Creio que as minhas místicas aventuras nómadas estão na base do que sou hoje e da noção que tenho de família, como por exemplo de como era feita a distribuição das tarefas. Não me valia de nada resmungar, estrebuchar e molhar-me todo porque não me safava da ingrata e insossa tarefa de lavar a louça, o que executava primorosamente, por sinal. Longe vão os tempos em que nós parecíamos uns saltimbancos, viajámos e conhecemos o país, de lés a lés, e novas paisagens além fronteiras, no sempre fiel e carregado que nem um burro de carga FIAT 127. Juntos, vivemos um período de lazer, em pleno gozo de férias, num T2 de pano. Conquistamos bons momentos, boas amizades e até namoradas. Posso dizer que os dias que passei em parques de campismo foram sem dúvida os dias mais felizes da minha vida que passei em parques de campismo...


(nós, na praia do Guincho)

Mas o campista é singular na evolução humana. Como qualquer trabalhador suspira durante 11 meses por uns dias de sossego, de chinelos e papo pró ar, e uma vez chegado o tão ansiado mês de férias, o que faz? Vai dormir para o chão! Transfere a televisão, o frigorífico, panelas, um serviço completo de loiça de plástico, a cadela e respectiva descendência, roupa suficiente para enfrentar confiante os rigores da praia e toda a família, próxima ou afastada, para uma pequena réplica de um campo de refugiados, entre a fauna residente, formigas, melgas e o que mais houver. Aí, arma toda a barraca, perde a pachorra ao tentar encaixar meia dúzia de ferros e espetar umas quantas espias. No final do dia instala-se, com o alarido próprio de um grupo de morsas aconchegadas no areal de uma praia, no abrigo improvisado. Sente-se feliz por viver confinado por muros de arame, goza o espaço exíguo que lhe permitem as tendas vizinhas e enfrenta corajosamente o congestionamento que ele e seus pares provocam à porta de coisas tão banais como o chuveiro de água quente. Barafusta porque não consegue adormecer ao som da menina chorona mas, assim que entra no mundo dos sonhos, ilumina todo o parque com o seu ronco territorial, esquecendo-se muitas vezes que o som do metabolismo do ser humano se propaga com muita facilidade.

Mas há outros típicos campistas. No sentido descendente e económico da tabela dos barraqueiros, temos o caravanista que enfatiza a epopeica aventura dos povos nómadas com todas as comodidades caseiras, parabólica e micro-ondas incluídos, sobre rodas. A seguir, na escala, temos o campista residente, capaz de fazer inveja a um sultão árabe, pois é possuidor de um luxuoso abrigo com todo o conforto eléctrico e um grelhador fumarento, demarcado por sebes e que pomposamente chama de casa de praia. No meio da tabela acampa o campista básico, como eu e a minha família fomos em tempos e, por fim, na base da pirâmide, chegam os jovens de mochilas às costas.

E é com esta malta com quem irei coabitar neste próximos dias e noites. Estes acampam em qualquer sítio porque lhes apetece e não têm dinheiro para mais ou, se o têm, preferem gastá-lo em bebidas e substâncias inibidoras de neurotransmissão ou cujo consumo está previsto no código da estrada. Na minha modesta e inabalavelmente bem fundamentada opinião, os jovens têm uma abordagem bastante salutar do campismo, senão vejamos: Transportam consigo apenas o estritamente indispensável e tudo devidamente atafulhado numa única embalagem. A tenda, minimalista e com um saco-cama de asseio duvidoso, é uma espécie de sauna sufocante em miniatura, que os obriga a um exercício de alternância constante entre o rastejar e as cãibras nas costas. Comem o que calha, quando lhes apetece, logo que seja barato! Tudo o resto é irrelevante, a natureza, o local, a forma ou a companhia com quem se deitam. E já estou a ver o que me espera e a minha figurinha matinal, desgrenhado com olheiras e picadelas de mosquitos, a serpentear pelas tendas, e mesmo sem dizer uma única palavra a anunciar à vizinhança residente para onde vou, pois qualquer campista que se preze leva sempre o seu rolo de papel higiénico na mão. E isso sim, isso é campismo!


(eu, no relax matinal)

A todos um bom fim de semana, de férias, de passeio, what ever... Aproveitem-no bem.


terça-feira, agosto 3

imagine-se!

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Ufa… Finalmente! Agora que o primeiro dos dois modernos submarinos chegou à pátria lusitana… ai como se chama? É aquele que tem nome de pastilha elástica… ahhh… o Tridente, esse mesmo! Dizia eu, a partir de agora passo a sair de casa em segurança, de peito feito e sem receio de ver o nosso país invadido pela armada espanhola, nem por um cardume de tubarões americanos. Custou, mas foi! Contra ventos de propaganda e marés de reclamações, contra a corrente dos que se opõem a Portugal se equipar com modernas armas letais, de ultima geração, o Tridente é nosso e muito nosso. Custou-nos os olhos da cara, mas valeu a pena. E quando chegar o seu irmão gémeo, aí então é que vai ser, será um arpão espetado no coração dos pacifistas. Quantos são, quantos são… Portugal não precisa de ter só 2 submergíveis, o ideal seria mesmo ter 4 ou 5, dos nucleares, e um porta-aviões, pelo menos! Só desta forma será possível aumentar o orgulho nacional, impulsionar as gloriosas forças armadas e capacitar os nossos ufanos políticos do poder bélico junto dos seus homólogos de todo o mundo, sem que se sintam minimamente diminuídos. Voltar a ser os senhores dos mares, invocar a memória de Vasco da Gama, de Bartolomeu Dias e outros navegadores do passado e partir à redescoberta de novos mundos. E claro que os velhos do Restelo virão com o seu inevitável chinfrim: Ahhh e tal… Que cada submarino custa pra cima de € 500 Milhões o que equivale a metade dos abonos de família pagos em 2009, ao apoio aos 539 mil beneficiários de RSI, ao rendimento anual de 75188 trabalhadores com o salário mínimo, à despesa com 673000 beneficiários da ADSE, à manutenção de 150000 alunos do ensino público... Imagine-se!

Ironias à parte, face a este cenário, atónito, eu questiono como é possível que um país empobrecido e completamente afundado, se dedique a jogar esta armadilhada batalha naval? Responda quem souber.



domingo, agosto 1

viagem medieval

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Considerada a maior recriação histórica do país e a maior recriação medieval da Europa, a Viagem Medieval decorre durante esta semana, até ao próximo Domingo, em terra de Santa Maria, na Feira. É uma miscelânea de emoções, de cheiros e sabores que nos transportam numa viagem no tempo para reviver os encantos da Idade Média. Os visitantes podem aderir ao evento, sentir a animação e fantasia, conhecer os hábitos de artesãos, artífices e mercadores, a azáfama do seu trabalho, o desafio dos jogos, das pelejas e dos torneios, o prazer dos momentos de convívio em ceias e grandes festas em que música e dança se tornam momentos de absoluta magia. Passamos por ruas e locais pejados de gente, fomos bebericando por canecas de barro a refrescante sangria de frutos silvestres e provando muitas coisas boas e iguarias da época. Em qualquer esquina o povo se aglomera para assistir à passagem de um cortejo, à representação de um auto, à actuação de um grupo de músicos ou de bailarinos, a torneios de espada, e se curva à passagem de grupos de nobres a cavalo ou se desvia dos mendigos e das arruaças populares. Retirando o devido enquadramento, é uma festa que em tudo se assemelha ao que se pode assistir em outras terras, como em Silves ou em Almeida, em Óbidos ou Castro Marim.

Ver um monge a falar ao telemóvel ou um grupo de plebeus reunidos a fumar não é verdadeiramente uma reconstituição de figuras e de factos da história, mas retirando esses e outros grandes pormenores, como ter de deixar o carro longe, a imensa multidão e filas para algumas tabernas, bem como os preços mais caros a cada ano que passa, já é tradição irmos e não dispensamos a nossa Viagem Medieval, onde todos os anos encontramos algo de novo e o entusiasmo e divertimento estão sempre garantidos.

Recomendo uma visita.