terça-feira, setembro 30

fim do mês

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Por aqui a inspiração já teve melhores dias. Nem mesmo o salário no fim do mês me iluminou as ideias. Tanto com que me preocupar e nem sei o que escrever para aqui postar. Vai daí, lembrei-me desta letra e musiquinha dos Xutos perfeitamente adequado ao dia de hoje, excepto no dia de semana. Afinal hoje é terça-feira. Quanto ao resto sempre do mesmo, nós sempre a esticar, e melhor não o teria dito. Bora lá cantar, dar uns Xutos na crise, uns Xutos na bola e achar trocos para uma cervejola.
Força Campeão, contra os canhões ingleses, marchar, marchar!

Um e dois, deixa para depois
Não te preocupes
Que eu também não

Três e quatro, pedra no sapato
É quarta-feira
Há bola na televisão

Se bem me lembro
Não tenho nada pra trincar
Ninguém em casa
nem uns trocos para comprar
Uma cervejola
Para ver a bola
Pequeno prémio
Sempre ajuda a aguentar

O fim do mês
Já cá está outra vez
E nos sempre a esticar

Eu não percebo
Esta coisa louca
Um mês inteiro
Sempre a esticar
Os meu problemas
São leves penas
Se comparados com
A guerra nuclear
Sigo a diante, sereno e confiante
Deixo a tristeza pra trás
Roubo uma rosa
Preparo uma prosa
Nunca se sabe do que um permufe é capaz

Se bem me lembro
É fim de Setembro
Deve andar
Magia no ar
Sabia bem
Outra cervejola
Pra ver a bola
Sempre ajuda a aguentar

O fim do mês
Já cá está outra vez
E nós sempre a esticar


segunda-feira, setembro 29

muito me contas

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A nossa casa tem muito o que contar. Cada qual terá a sua. Outros gostariam de ter a sua. Pequena ou grande, tê zero ou moradia. Modesta, uma casa numa rua qualquer.

Bem-estar. Alegria. Noite. A nossa casa é um pouco de nós.

Cama. Fogão. Emoção. Nos acolhe quando estamos acordados. Nos aquece quando precisamos de conforto. Nos abriga quando comemos. Nos acompanha quando estamos na sanita. Nos avisa para sairmos à rua. Nos festeja quando recebemos visitas. Chama por nós quando estamos cansados. Momentos apressados.

Morada. Amor. Sabor. Não é perfeita. Pedaços de vida por metro quadrado.

Só. Confidente. Desejo. Recebe-nos de noite ou de dia. Ouve-nos. Guardiã.

O que me contas minha casa? Muito me contas nas tuas contas.


sábado, setembro 27

busca

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sexta-feira, setembro 26

gabinetêvê [9]

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quinta-feira, setembro 25

depois da flexão, um pouco de reflexão

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Os blogues dos outros




Sempre que me é possível gosto de ver outros blogues. Os blogues de autoras e autores, muito aperfeiçoados e cuidados, com bom gosto na escolha dos temas, músicas, fotos, vídeos, e sobretudo na empatia. Tenho o meu estilo de blogue e cada qual é livre de escolher o seu. Admiro o trabalho desenvolvido, postes mais ou menos sofisticados que nos são apresentados a cada clique nas ligações. Uns mais pessoais, outros mais irónicos, corriqueiros ou banais, todos eles têm valor, todos têm alguém entre a cadeira e o monitor que os refresca. E gosto de comentá-los, de deixar uma opinião, a minha razão. É evidente que nem sempre me revejo no que foi escrito, foi publicado, mas também seria utópico agradar a todos. Salvo raras excepções, abstenho-me.

Não vou nomear nenhuns, para não pecar por defeito ou excesso, mas o que procuro nos blogues alheios, de amigos, todos eles, é aquilo que tento pôr no meu: a minha identidade, os meus sentimentos, a partilha de experiências interessantes, parte de um quotidiano comum a tantos outros. Esses blogues, em que encontro espelhados os retratos dos autores, tanto quanto eu os conheço ou os posso adivinhar, esses cativam-me, vêm ao encontro de mim como velhos amigos, e tal é a afinidade que quase me reconheço neles. Não me interessa se têm nenhum ou um milhar de visitas, se estão no top dos topes, se me vejo “obrigado” a vê-los, se não é por isso que eu vou lá. Não quero cá polémicas, lições de moral e de bons costumes. Não suporto lambebotismos patéticos. Claro que espero encontrar neles algum brilho, algum encanto, algum humor, algum estilo, alguma poesia e muita interioridade. Têm que ser sentidos e ter sentido.

E é tudo isso que eu vou procurar neles. Procuro captar a alma que pomos em tudo o que escrevemos, o coração nas mãos. As sopinhas de letras brilhantemente servidas. Esses são os blogues onde me sinto bem. A casa que visito, onde se encontram os amigos.


terça-feira, setembro 23

buuuuuuuuu...

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..."De que serve ter o mapa
Se o fim está traçado,
De que serve a terra à vista
Se o barco está parado,
De que serve ter a chave
Se a porta está aberta,
De que servem as palavras
Se a casa está deserta? "...

Pedro Abrunhosa in "Quem me leva os meus fantasmas"


Todos temos os nossos fantasminhas. E cada um finta os seus. Dos poucos que me acompanham aquele que mais me atormenta até tem um nome feio... chama-se arrependimento. Há coisas em que dou um berro e consigo assustá-las... são pequenos demónios, de resto, mas há outras que já não têm remédio... não as posso enxotar? O arrependimento agarra-se-me às pernas como visco... como posso eu resolver o que já não tem solução? Ignorar? Ou dar mais forças ao destino? Se eu soubesse o destino!!!

Quem me leva os meus fantasmas? Sim, sim... há certamente algo que vai levar os meus fantasmas, seguramente... um dia isso será certo. Espero que daqui a muitos e muitos anos...

buuuuuuuuu...


segunda-feira, setembro 22

sem palavras

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Ás vezes por mais que tente as palavras não aparecem,
Não surgem,
Não as vejo,
Não se revelam...
Outras vezes as palavras me desafiam!
Me dominam,
Mesmo sem querer, me invadem...
Assim, ao meio do dia,
No meio do trabalho!
E quando não dá mesmo para escrever!
Andam peregrinas em busca de uma caneta,
Fazem-me andar aos papéis,
Se entrelaçam e bulham por uma folha,
Reviram-me o pensamento,
Controlam-me os dedos,
Loucos que batem nas teclas.
Procuro-as...
Mas continuo sem as palavras que não aparecem,
Não surgem,
Não as vejo,
Não se revelam...

Onde raios guardei o ficheiro com o "poste" de hoje?

sexta-feira, setembro 19

nós, Douro acima, até às Mós

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Nota: Aproveitando um texto de José Gomes Quadrado, descrevo desta forma uma das poucas viagens de comboio, quando ainda muito pequeno, que fiz até à vila de Mós do Douro, terra natal do meu pai. Hoje dá-se início às festividades em honra à Nossa Senhora da Soledade e durante os próximos três dias a vila estará em festa. Mais uma vez não poderei estar presente em tão genuína e tradicional confartenização, e confesso que já devo uma visita há bastante tempo. Farei desta forma a minha homenagem a tão maravilhosas gentes. As fotos são da mais recente viagem de comboio que com a minha família fizemos à terra dos meus avós paternos.

Pouco passava das 10 horas daquela manhã de Verão quando embarcamos, eu e o meu irmão Tó Manel, pela mão do nosso avô Zé Maria, em Campanhã, no semi-directo da linha do Douro, que tinha Barca D'Alva como estação terminal. A composição, rebocada por uma pesada máquina a vapor, poucos minutos depois já efectuava a primeira paragem em Ermesinde. Logo a seguir, flectindo para Leste, passou a marchar na via única da linha do Douro e efectuou nova paragem em Valongo. Na plataforma da estação, vendedeiras com cestas enfiadas nos braços, apregoavam:

-Quem quer regueifa!

Como sempre, não faltaram compradores, tal como em estações seguintes, onde se ouvia apregoar:

-Água e bilha, 25 tostões!

Faziam-se pequenos negócios pelas janelas das carruagens enquanto se escutava a repetida cantinela da idosa, pobre e cega, que implorava aos passageiros que lhe deixassem esmola. Lentamente o comboio chegou à estação de Caíde, o ponto mais alto da linha, e logo à saída atravessou o longo túnel deste nome. Depois das estações da Livração e do Marco de Canavezes atravessou outro ainda mais comprido, o túnel do Juncal, que com os seus 1622 metros é o maior de todos até à Barca D'Alva e o segundo mais extenso do país.

No seu contínuo descer, a linha conduziu a composição ao encontro do mais belo rio do mundo: o Douro. Com efeito, depois da Pala e já perto de estação de Mosteirô, a via torna-se vizinha do Douro. E com o comboio a marchar juntinho à margem direita do Rio, passa pela estação da Ermida, o local de desembarque estivesse eu a dirigir-me à terra dos meus queridos avós maternos Zé Pinto e Madalena, o lugar do Castelo. A partir daí passei o resto da viagem de pé, ligeiramente debruçado na janela, deslumbrado por tão inesquecíveis paisagens. Com um andamento mais acelerado, o comboio ia parando apenas nas estações principais. Nas proximidades de Barqueiros o granito deu lugar ao xisto e começaram a aparecer os primeiros vinhedos da “Região Demarcada do Douro”. Numa larga curva do Rio avistei o Peso da Régua e as suas duas pontes. Na estação o comboio fez uma paragem que durou o tempo necessário para o almoço e para a locomotiva ser abastecida de água.

Cerca de 30 minutos depois, a composição retomou a sua marcha, transpondo a ponte sobre o rio Corgo, no ponto onde ele desagua no Douro. Aqui a via estreita que levava o comboio até Vila Real e Chaves separa-se da via larga. A partir da Régua, o comboio passara a parar em todas as estações e apeadeiros e assim a viagem percorre lentamente o rio que se estende na margem. Na outra banda a velha estrada N222, os sucalcos reflectem-se no espelho das águas calmas do rio. Chegámos à estação de Covelinhas, que serve a aldeia de São Martinho de Anta, terra natal do grande poeta Miguel Torga. Sempre com os olhos postos na margem esquerda, via a Quinta dos Frades, mais adiante, na mesma margem uma fábrica de óleos vegetais, a estação de Gouvinhas e, depois do rio Távora e da estação do Ferrão, avisto as quintas de S. Luís, da Boavista e das Carvalhas.

Passado o Pinhão, ao transpor o rio Tua, ergui o olhar e avistei o perfil da ponte entre duas fragosas arribas da linha estreita do Tua. Logo a seguir, chegámos à estação que serve as duas vias. Aqui vi o acelerado movimento do pessoal e de passageiros que faziam o transbordo para o comboio que seguia até Bragança. E porque a paragem era demorada, ainda tive tempo de voltar a apreciar os belos azulejos com motivos regionais que sempre ornamentaram o frontispício desta, assim como os de todas as estações da linha. A partir do Vale do Tua erguem-se íngremes e escarpadas penedias, no topo das quais tem início o planalto de Ansiães que se estende até ao Sabor. No sopé da serrania o comboio para continuar na vizinhança do Rio tem que atravessar pontes, viadutos e sucessivos túneis como o da Rapa com 45 metros de extensão, cavado na rocha viva do enorme “Penedo das Letras”, assim popularmente designado por nas suas entranhas existir uma gruta ornamentada com as chamadas pinturas rupestres do “Cachão da Rapa”. E depois duma breve paragem no apeadeiro da Alegria, vizinho da “Quinta do Guilhar” e percorridos algumas centenas de metros, entrámos no ciclópico túnel da Valeira. Rasgado no mais duro granito dos alcantilados contrafortes do planalto de Ansiães. A possível visão daquela formidável explosão geológica só foi conseguida depois do comboio sair do túnel e descrever uma ampla curva, permitindo a avistar um cenário dantesco: a boca inteiriça do túnel e a “garganta” da Valeira, onde o torrentoso caudal corre estrangulado por entre milhões de toneladas de empinados fragões graníticos que na margem esquerda se erguem até 782 metros de altitude. Lá no alto já antes eu avistara o santuário de São Salvador do Mundo.

A via-férrea entra no Douro Superior através duma longa mas pouco acentuada curva que se estende pela borda da água e que, então, umas centenas de metros adiante, levou o comboio atravessar o rio em diagonal para a margem esquerda, através duma estrutura metálica: a velha e rabujenta ponte da Ferradosa, com uma extensão total de 412,5 metros.

Atravessada a ponte seguiu-se a paragem na estação de Vargelas, mais uns pequenos túneis até atravessarmos a ponte da ribeira da Teja, para logo a seguir o comboio parar no Vesúvio, apeadeiro construído para servir a quinta que lhe deu o nome. Após a partida do comboio observei o imponente e conservado chalé e apercebi-me, então, que este e outros edifícios da quinta com a sua cor branca contrastavam com a natureza envolvente. A seguir, na outra banda do Rio, adivinhava-se a povoado de Coleja e mais adiante, vi aparecerem mais e mais vinhedos, estes da Quinta de Lobazim.

Assim que o comboio passa a Ponte do Torrão o meu avô junta a bagagem e prepara a saída. Atravessada a ponte e centenas de metros adiante o comboio finalmente chega na designada Estação de Freixo de Numão, que serve também a população de Mós do Douro.

Aqui desembarcamos e o comboio seguiu o seu destino. Para o meu avó era o cumprir de apenas mais uma viajem, igual a tantas outras. Eu, ansioso por chegar junto de quem e de tudo o que me era saudoso, sai da carruagem carregado de desejos e vontades. Este facto tornou menos penosa a caminhada através do ladeirento caminho rasgado no espinhaço do enorme monte Janvão. Nas viagens que se fizeram depois, lembro que esse trajecto já se fazia por estrada num Mercedes novinho em folha, o único taxista da região vizinho do Tio Farrincha e Tia Ilda, a nossa querida madrinha.

Depois da escalada de quase 3 Kms, atingi a “lajeosa” e altaneira Portela, onde deslumbrado avistei o casario xistoso das Mós e ouvi o eterno urrar dos burros. Segui pelo Ninho do Corvo e desci o declive do Pombal, para mais depressa chegar à casa da avó Maria.

Enquanto durassem as férias, até às festas, sempre realizadas no terceiro fim-de-semana de Setembro, também nós eramos mosenses. Livres, aventureiros e curiosos. Contavam-nos histórias da terra, eram-nos apresentados primos e tias que nunca antes tínhamos visto. Em cima do "macho", animal cruzado do cavalo e do burro que vivia na parte debaixo da casa, essencialmente utilizado para o transporte de mercadorias, azeitona e amêndoa principalmente, e pessoas, conquistava-mos o mundo, o nosso mundo.




O regresso a casa seria um dia mais tarde, quando meus pais nos fossem buscar. No automóvel, por curvas e contracurvas serpenteadas em terras transmontanas. O comboio passou de regresso e seguiu, sem nós, acompanhado pelo rio, pelas montanhas, pelo céu. Os meninos do Porto voltariam diferentes, mais crescidos.

Bom fim-de-semana.

quinta-feira, setembro 18

porque é que...

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... quando menos se espera, encontramos o que por tanto tempo andamos à procura e teima em não aparecer? Só aparece quanto já não estamos à procura. Tempo houve em que teve a sua utilidade e nos fez imensa falta! Sumiu por tanto tempo, que nem memória tinha de tal objecto! E de súbito aparece assim, do nada! Como se um dia tivesse saído de casa para comprar cigarros e, agora, volta cabisbaixa, passado uma eternidade, de mãos nos bolsos e cheia de vontade em guardar aqueles momentos que passei sem ela!

Foi isso mesmo o que aconteceu hoje. Reencontrei a minha velhinha "pen-drive" de 256 Mb!

E agora, o que faço com ela?



quarta-feira, setembro 17

bom dia, boa tarde ou boa noite, consoante a hora e local de onde me estão a ler

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Espero sempre que um “bom dia” gere outro “bom dia”. Que a minha simpatia gere simpatia, mas também não tanto em demasia! Eh pá, e o que é ser simpático nos dias de hoje? Não é nada fácil definir o que é ser simpático! Afinal cada qual tem as suas preferências, gosta das suas coisas, é intransigente. Cada um tem para si um modo diferente de ser simpático.

As pessoas simpáticas têm certas características comuns e não é preciso muito esforço para se perceber quais são. Ser educado é uma delas. É bom ouvir um “com licença”, ou um “por favor”, e um “obrigada” para se retribuir com um “não tem de quê!”. Uma pessoa simpática e gentil por norma usa sempre essas palavras. E mais, a amabilidade faz com que pessoas simpáticas saibam como fazer essas palavras soarem bem.

Sorrir é outra característica comum das pessoas simpáticas. De que adianta dizer “com licença”, se a careta do gajo parece dizer “ou sais da minha frente ou passo-te por cima”. Retribuir um “bom dia” com um sorriso então é que faz bem! Sorrir, simplesmente, porque é bom sorrir, porque é bom ver um sorriso de volta. Se sei ser gentil não aceito a má educação. Não gosto de mordomias nem “que me lixem a marmita”.

Comigo, ser simpático é saber que a simpatia gera gentileza, e entender que a arrogância gera agressividade. Mesmo nos piores dias, em alturas de maior pressão, se compreende que possa ter ou receber alguma intolerância e indiferença. Se alguém é áspero comigo, eu procuro responder com educação, mas também não gosto de levar desaforos para casa. Afinal fui educado de forma a saber colocar-me no lugar do outro, encontrar a melhor forma de responder a uma indelicadeza, sem ser indelicado, e deixar bem claro que gosto de ser tratado de forma educada. Querer reciprocidade, acho, que não é pedir demais.

-Xiça… Oh, chegue-se para lá carago, temos que caber todos!



Que espaçosa! Ufff…

terça-feira, setembro 16

sugestão do dia

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post-it





domingo, setembro 14

faz dois aninhos

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Havia já algum tempo que me perdia na blogosfera. Por entre favoritos e buscas googleanas, eu lá ia encontrando este ou aquele que me deixava água no bico. E o bichinho começava a pegar. "–Que tal se criasse um blogue, só meu?". "-E para quê?" Questionava-me logo a seguir. "-Não tenho assunto mesmo!". E esquecia, até que... "-Porque não? Mas será que alguém vai ver. Vão achá-lo uma grande seca!"."- Anda lá, experimenta!". Por tudo isto, e muito mais, no dia 14 de Setembro de 2006 decidi iniciar este blogue. E decidi muito bem. Este blogue já me deu muitas alegrias. Já me deu pessoas. Já me deu momentos especiais. Já me deu o HTML...

Naquele fim de tarde tive uma grande vontade de inventar e assim, pela primeira vez, pensei em baptiza-lo. Acabou por ser à terceira. O primeiro nome "gabinete" já existia, moribundo. O seguinte "ogabinete" pertencia ao Xôr Markl e à malta das Manhãs da Três, vejam bem! Só me restou ficar "nogabinete". Afinal, é neste meu canto, pequeno mas bem arrumadinho, que passo uma grande parte do dia, a fazer... qualquer coisa de útil para a sociedade.

Comecei por nada, tentei fazer uma coisita, pouca, e acabei só com um título e uma fotografia, gamada na net. Mais nada. Não sei bem porquê, por lá ficou, simples, sem mais nada. Só quatro paredes, escuro e fechado em si mesmo.

Certo e-mail da minha amiga Lili contava-me que também havia criado um blogue. Visitei-o e gostei. Comentei-o, sem perceber que, assim, iria deixar pistas para dar a conhecer a minha esquecida moradia na blogosfera. O Francisco topou-me logo, bateu-me à porta e disse "-Então, que Blogue é este que está parado desde 14 de Setembro?? Vá, toca a escrever..."

Sempre gostei de escrever, mas mais do que escrever gosto de vasculhar, de partilhar aquilo que encontro, o que sei. Não sou de impor nada. Apenas sou de poucas palavras. Agora, com o meu blogue sinto que encontrei espaço, no ciberespaço. É aquele cantinho onde posso guardar as minhas coisas, escritas, com a vantagem de poder partilhar com os meus amigos e conhecidos, com olhares curiosos e atentos. Não tenho pretensões a nada. É apenas um meio onde posso transmitir o que penso, onde me dou a conhecer e o que me move. Ahhh… e postar umas palermices, de vez em quando!

É um simples espaço, o meu espaço… e que partilho contigo. Vale o que vale.

E tu, porque tens um blogue?


sexta-feira, setembro 12

e que tal...

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... uma escapadinha de fim-de-semana?

quinta-feira, setembro 11

já não é a mesma

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Há dias perdi-me. Encontrei-me num caminho de que já só guardava em memórias de infância. Deixei-me ir, a apreciar a paisagem. A apreciar-me menino a apreciar a paisagem. Já não há árvores onde antes existiam árvores. Casas onde não existiam casas. Há uma estrada onde antes era terra. A terra onde jogava à bola.

Passo pelas terras, mas que terras? Não é a mesma terra. Há caminhos esquecidos, há castanheiros e sobreiros, flores e cores, as mesmas cores, as mesmas videiras ao sol, e frutas maduras. As terras, são outras terras. Aquele pedaço de terra, outrora calcada num mar de pó, entre o canavial e a beira do caminho, onde jogávamos à bola quando havia bola. Era impossível enganar, a terra não nos deixava, metia-se castanha por entre os fios brancos das nossas meias, entranhava-se nos pés dentro das sapatilhas, rotas e gastas de tanta lavagem, da terra que não saia. Já não é a mesma terra. Já não se vê a terra.

Não tenho a máquina, não trouxe a máquina fotográfica. Queria continuar a caminhar mas gostava de estar aqui com a minha máquina como testemunha, e poder guardar tudo que vejo agora mesmo… Eu menino, sentado no muro junto ao tanque. Um tanque de granito cheio de água fria e clara, agora tépida e verde. O mesmo muro que era a nossa fortaleza em guerras lindas de gente pequena. A mesma fonte, do mesmo granito da vida, o fio de água pelo qual tanto trabalhou meu avô. Fortes eram os braços que a carregava em garrafões até casa. A mesma água que agora, dizem, é imprópria.

Ouve-se um comboio lá em baixo, lá longe. Avanço devagar, demorado até à casa de um desses pequenos guerreiros. Sei que já lá não mora. A mesma casa azul, com pássaros e trepadeiras a tomarem conta dela. Abrando o passo mas só escuto silêncio, não ouço a voz penetrante da Dona Olinda. A porta está aberta. Tenho receio de espreitar lá para dentro e não quero insistir... – Olhó Paulinho! E fiquei, refém.

Lá vou eu, de raminho de salsa na mão, caminho acima. Havia um cão, um cãozarrão que me fazia ter fogo nas pernas, por lá acima. Suspirei, afinal não passa de uma rafeirita de barriga grande, talvez a cuidar de ter ali mesmo a ninhada. O raminho de salsa inundava a minha mão, o meu coração, do cheiro da terra. E eu sem a máquina. Não me conseguia comover sem a máquina. A máquina que se recusaria a ver estes campos abandonados e tristes. A minha máquina que só ia focar as eiras onde brincávamos e distorcer o entulho amontoado na beira do caminho.

Algumas casas permanecem exactamente as mesmas, velhas e arruinadas. Outras herdadas e restauradas são casas de fim-de-semana, as vaidosas. Quase no fim do caminho, estreito e empedrado, paro em frente à mercearia. Na verdade não era uma mercearia, era a loja. A minha avó mandava-me à loja buscar aquilo que a terra não dava. A porta é a mesma, ainda com o degrau onde me sentava a observar o sol nos pés, a imaginar-me crescido quando fizesse dez anos, mas já não tem as mesmas coisas. Nem sei bem o que lá tem.

Faço a curva para a esquerda e entro pelo portão acolhedor da casa dos meus tios, heróis sobreviventes da mesma terra, envelhecida. Do mesmo lugar, firme. Os lírios do campo, de varanda virada para o rio, virada a nós. O caminho leva-me de volta pelo quintal, da mesma terra onde o meu avô viu brotar a água pura das profundezas. Caminho de volta. De volta à minha casa vaidosa, que foi deles, e me enche de recordações das tardes de histórias, dos mesmos jogos e sonhos. Volto, para os abraçar, para os sentir de olhos fechados. Não quero saber do limoeiro, nem do gato siamês, o chinês. Como não trouxe a máquina, acelero o passo, o mais que posso, para me esconder atrás dela.


quarta-feira, setembro 10

alimenta os peixinhos

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Como não tenho jeito nenhum para cuidar de um aquário, e receio esquecer-me de alimentar os peixinhos, arranjei então este aquário virtual. Se me quiseres ajudar a dar-lhes comida podes fazer o seguinte:

Passa o ponteiro do rato sobre o aquário que os peixinhos irão segui-lo. Clica para atirar migalhas de comida aos peixes.

Obrigado pela tua ajuda. Diverte-te.


terça-feira, setembro 9

quem não deve não teme

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Descansem que ainda não fui, nem pretendo vir a ser preso por ser um blogger.

Segundo o site Ciberia, desde 2003 que tem vindo gradualmente a aumentar o número de bloggers atrás das grades. A The World Information Access Project (WIA) da Universidade de Washington divulgou um relatório no qual identifica 64 autores de blogues que foram detidos ou presos devido aos conteúdos publicados nas respectivas páginas entre 2003 e 2008.

A TechCrunch, identifica a maior parte dos autores detidos como naturais do Egipto, China, Arábia Saudita e Irão, bem como de países ocidentais onde já foram presos canadianos, franceses, gregos e norte-americanos. O gráfico mostra o número crescente de bloggers detidos, facto que revela o crescente peso e popularidade dos blogues. Só no ano passado, 35 escritores independentes foram detidos. A WIA prevê que o número de prisões aumente até ao fim de 2008. Aliás, são vários os países que têm pedido uma maior regulamentação da Internet, num ano em que as atenções vão estar voltadas para as eleições nos Estados Unidos, China, Irão e Paquistão.

Não vi referido em qualquer destes sites quais as razões ou motivações para tantas detenções. Se no caso dos países orientais não é para admirar a falta de liberdade de expressão, o fundamentalismo religioso e a questão dos direitos humanos, a motivação para que se prenda qualquer ser, bloguista ou não, já no que diz respeito aos países ocidentais, e a meu ver, as razões para deter alguém que cria e publica blogues deverão ser a difamação e injúrias, a pirataria e violação de direitos de autor, o que por si só não são justificativas para tal, mas bem mais grave, e aí meus caros concordo em absoluto, é a utilização de blogues para a pedofilia e o terrorismo. Toca então a enfiar estes no xadrez, e por muito tempo, que deles não tenho pena alguma.

A foto veio daqui


segunda-feira, setembro 8

assim tem de ser...

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Após longos dias de vida boa, ar puro e muita chuva, pois o sol andou mais ou menos escondido, eis que hoje regresso ao trabalho.

Serei recebido como um estranho? Terei sido definitivamente substituído? Alguém se lembrará de mim? Estas são questões que me percorrem a mente por não ter memória de, alguma vez , ter gozado tão longo período de férias, e assim fora do meu gabinete de trabalho por tanto tempo. Remorsos, esses é que não tenho mesmo, nenhuns. Os dias passados na praia e no campo, a conviver com amigos ou a passear na bicicleta deixam sempre recordações e uma enorme vontade de ter mais alguns dias de férias. Mas o regresso ao trabalho é inevitável, por isso, o melhor que tenho a fazer é consciencializar-me que após estes merecidíssimos dias de repouso, sempre chega a segunda-feira indesejada e voltar à vidinha rotineira e quotidiana do trabalho. Para muitos a situação até pode tornar-se deprimente, para mim nem por isso. O primeiro dia é o que custa mais. É que os horários ainda são os das férias. O despertador, coitado, é encarado com mau humor, a vontade de sair da cama é nenhuma, e aquelas caras estranhas afinal, são as mesmas que partilham o metro do costume.

Assim, meio estremunhado, desorientado e remelento, ainda a refazer-se do barulhento despertador, Paulofski permanece sentado na beira da cama a aguardar uma reacção ou impulso. Qual vozinha da consciência, ou outra qualquer que parece vinda do fundo do quarto, ouve palavras certas e pensamentos lógicos que combatem a sua falta de vontade:

-Agora que finalmente acordaste não tenhas pensamentos negativos quanto ao teu regresso ao trabalho. Pensa antes que é parte integrante da vida e que só por trabalhares é que tens férias.

Vá lá, Só mais dez minutinhos, zzzzzzzzz…

-E ao chegares ao serviço partilha as aventuras das tuas férias com os teus colegas, mostra-lhes as fotos e o bronze. Eles irão ficar contentes em te rever.

Pois pois, até já os estou a ver a ocuparem-me o gabinete. “Imbejosos”. E os comentários? Ui, esses então!!!

-Não te estejas sempre a lamentar de que as férias acabaram e que estarias melhor a apanhar sol do que a trabalhar.

Sim sim, falar é fácil…

-Durante o dia não te atormentes a lembrar de como foi bom. Acabaram e pronto, pró ano há mais. Assim tornas impossível suportares o regresso ao trabalho.

Tens razão, é melhor nem ir…

-Isso querias tu mandrião, bora lá a levantar o rabo da cama!!!!

Pois é, ainda bem que tenho uma esposa responsável e que tudo faz para me ajudar a dar o “impulso” necessário para retornar à realidade.
Assim tem de ser... e o que tem de ser tem muita força.


sábado, setembro 6

as paraolímpiadas

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Dão-se início hoje, até 17 de Setembro, os jogos Paraolímpicos de Pequim 2008. Pouca gente sabe que esta será a 13ª edição do segundo maior evento desportivo do mundo. Cerca de 4 mil atletas, de 150 países, acompanhados de 2.500 guias deverão participar nos Jogos.

Da mesma forma que nos Jogos Olímpicos, os números deste evento impressionam. Cerca de 1, 5 milhão de bilhetes foram colocados à venda, todos eles mais baratos do que nos Jogos Olímpicos. Além disso, a organização dos Jogos simplesmente disponibilizou bilhetes gratuitos para que qualquer pessoa com algum tipo de deficiência queira assistir ao vivo qualquer modalidade.

Esta também é a primeira vez na história dos Jogos Paraolímpicos que o comitê organizador assume as despesas de viagem, inscrição e acomodação de todos os atletas paraolímpicos do mundo inteiro.

Cerca de 400 mil voluntários já estão inscritos para auxiliar na logística do evento, que terá o slogan “acessibilidade para todos” como um de seus pontos fortes. O ComitéOlímpico da China seguiu as regras estabelecidas pelo Comité Paraolímpico Internacional e adaptou praticamente toda a cidade para receber os atletas, como autocarros, metro, combóios, restaurantes entre outros locais públicos.

Vinte modalidades irão ser disputadas em Pequim. A grande novidade é a realização do remo adaptável, até então nunca disputado em Jogos Paraolímpicos. Clica aqui e confere a programação de cada desporto para todos os dias dos Jogos.

Dos nossos, espero as merecidas medalhas.

Aqui fica um pequeno filme de promoção dos Paraolímpicos franceses:




Assim, de repente, saltou-me uma dúvida: paraolímpicos ou paralímpicos!!! Em todo o caso, irei continuar a chamar-lhes "Paraolímpicos". Não sei, é que soa-me melhor!

sexta-feira, setembro 5

rentrée... com frases de dabliocê

Partilhar ... ou de "banheiro" como dizem nossos amigos brasileiros!!!


terça-feira, setembro 2

na bicicleta [2]

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Sábado 30, 7 da manhã. Ainda poucos se aventuravam a colocar o nariz fora da porta e já eu dava as primeiras pedaladas para mais uma etapa ciclista até Fátima. Pela segunda vez aceitei o desafio do meu amigo Rui e, desta vez, tivemos a companhia do seu irmão. Assim e bem escoltado por um enfermeiro e um agente da autoridade, para o que desse e viesse, de máquinas afinadas, bolsos cheios de calorias e num dia muito feio de Agosto, calmamente encaramos a distância de mais de 200 quilómetros que nos separava do destino. Atempadamente, havíamos já marcado a data desta “peregrinação” ciclista. Até estava esperançado em aproveitarmos as nortadas desta época, mas cedo me apercebi que Eólo, o deus do vento, estava contra nós.

Rumo ao sul, pela marginal duriense e marítima de Gaia até Espinho, a primeira hora de pedalada foi cumprida a gosto. A partir daí, até à Figueira da Foz, pela N109, nada de especial se passou senão pedalar e pedalar, enfrentar as rajadas de vento frontal, uma chuvada forte e fazer duas bem desejadas paragens técnicas. A primeira em Aveiro para a necessária alimentação, hidratação e micção. Depois de ultrapassada a barreira psicológica dos 100 quilómetros, outra paragem em Mira, desta vez também para a aquisição de uma pomadinha milagrosa que ajudasse a aliviar a tendinite e as caímbras que afligiam os meus companheiros de “route”. Contrariamente à viagem do ano transacto, em que bem cedo senti muitas dores musculares, felizmente eu encontrava-me bem. Chegados à Figueira, já muito para além das 13 horas, paramos para confortar o estômago e deixar o corpo descansar naquela relva refrescante, mas não tardou muito para voltar a sentir o rabo espalmado no selim desconfortável. E de novo o vento, o asfalto e aquelas rectas intermináveis até Leiria. Agora sempre que aparecesse uma pequena subidita, era já ultrapassada a um ritmo bem mais pesaroso: “Mais cedo ou mais tarde havemos de chegar, ai havemos, havemos”.

A certa altura, lá para os lados da Guia, saímos da N109 para uma estrada secundária, bem esburacada por sinal e propícia a furar pneus, mas que nos permitiu atalhar caminho. Mais uma paragem, mais uma litrada de água para o bucho e outra contra uma árvore, agora já na companhia do carro de apoio que haveria de nos trazer de volta. Aí, o vento já nem se sentia tanto mas o calor apertava, e bem. A hora prevista para a conclusão da etapa há muito que tinha já passado e ainda nos faltavam cumprir aqueles últimos e penosos 12 quilómetros da N357. Já só faltava a escalada final e a descida saborosa até a Cova da Iria. Sentindo a meta já bem perto, esgotavam-se as poucas energias de reserva até que, enfim, lá chegamos já bem perto das 18 horas.

Depois, foi só refrescar a carcaça, trocar de equipamentos, colocar as escravas no tejadilho da viatura e voltar para casa.

Por enquanto ainda estou a gastar os poucos dias de férias que me restam. Bom trabalho para quem o recomeçou e boas férias para quem ainda as tem. Fiquem bem.