sexta-feira, dezembro 30

porque o calendário assim o diz

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O ano volta a mudar. Uhuuu! Não encontro um motivo para grandes festejos. Revi o que aqui deixei escrito no primeiro postal do ano que finda e percebi o quão optimista eu estava. Mesmo refém do meu optimismo, perene, não prevejo nada de positivo, de diferente, para o ano que vem. Pessoalmente 2011 correu-me benzinho, não me posso queixar. Ao contrário das coisas boas que sempre desejamos, o inventário de todos os anos repete-se: fome, violência, desigualdades sociais. Burgueses de barriga cheia que somos, reclama-mos da ineficácia dos governos como sendo o maior dos problemas do mundo. Sinceramente, há coisas bem piores. A vida já está mal como está e, mal por mal, pior do que está não precisava de mudar nada, mas eis que a mudança de ano trás outras reformas, outro saque. Tudo o que nos é imposto é mudar e para pior. Mas, porque mudar de ano não significa absolutamente nada além de uma desculpa para comemorar, então eu vou comemorar. Vou entrar com os dois pés, com o desejo de pelo menos alcançar modestas realizações, para mim e para todos. E que venha 2012, traga novas tonalidades para colorir de vida os nossos anseios e seja realmente um Bom Ano.


quarta-feira, dezembro 28

a andar como o caranguejo

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(clicar na imagem para aumentar)

Na noite de Natal, enquanto ouvia as palavras do senhor Primeiro Ministro, cerrei os olhos e pensei, "lá estamos nós a andar como o caranguejo". Ao ouvi-lo ditar a nossa sentença... rhmmm, queria dizer, a sua mensagem natalícia, deixei que velhos hábitos entretanto esquecidos nas tradições das nossas aldeias viessem à minha mente e lembrei-me de alguns costumes ancestrais dos nossos avós que deveríamos trazer para o novo ano. A grande maioria dos portugueses terá que se contentar com o que conseguir pôr à mesa. Uma tigela de sopa todos os dias é o garante para um bom sustento. A velha bicicleta a pedais poderá renascer se for bem oleada. De pé descalço e cântaro à cabeça podemos ir à fonte buscar água fresca. Veremos velhas e esquecidas artes a renascer. Poderemos trocar solas e tacões no sapateiro. As calças voltarão ser remendadas nas costureiras. O velho ovo de madeira voltará à vida lusitana para passajar peúgas esburacadas. Sentiremos de novo o perfume no ar da roupa lavada no tanque e estendida no arame. Uma ceia à luz de velas de cera terá outro significado. Deitar cedo e cedo erguer fará o país poupar e renascer. Depois da missa dominical poderemos gozar um passeio a pé pelo jardim da vizinhança e, finalmente, teremos ainda a oportunidade de gozar uns diazitos de férias com o farnel na praia ou no pinhal. Pois é, caros amigos, se isso tudo acontecer seremos felizes e daremos graças pois estaremos vivos.

Pena foi que as palavras do senhor Primeiro Ministro, tão eloquentes de esperança, motivação e encorajamento no esforço de todos para a salvação, não contassem para os emigrantes e os militares em missões no estrangeiro.


segunda-feira, dezembro 26

promoções de Natal

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sexta-feira, dezembro 23

a todos um Bom Natal

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Festas felizes, saúde, paz e amor, blá blá...blá e preservem o bom humor. Espírito natalício e paciência é o que mais precisamos. Mais uma vez resolvi encurtar a minha lista de forma a sobrar-me tempo e dinheiro, até para outras coisas, como por exemplo manter a boa disposição. E como não são muitas, até dá para distribuir as prendas a pedalar. Comam à vontade na ceia de Natal que eu vou fazer por isso.


quinta-feira, dezembro 22

fabulosa interpretação

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Descobriu-se agora o significado da palavra P.O.R.T.U.G.A.L.:

País Onde Roubar, Tirar, Usurpar, Gamar e Aldrabar, é Legal !!!

quarta-feira, dezembro 21

desconto de Natal

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O seu nome é Manuel das Neves. Tem 52 anos, robusta pança, cultiva com vaidade uma grande barba branca e passou o ano todo desempregado. Graças à época de Natal, ele sempre consegue um biscate. Algum gerente de alguma loja de algum hiper mercado repara nele certas semelhanças com um velho popular, o Pai Natal! Sim, porque todo o barbudo, nesta época, é um Pai Natal em potência. Mesmo que não tenha jeito para lidar com crianças serve para pegar nelas e posar para as fotografias. Mesmo que para algumas crianças seja um tipo mal cheiroso e mal-encarado. Mesmo que não se importe de ser mal pago. E o Pai Natal nunca ganhou horas extraordinárias. Manuel não era muito diferente. A diferença era que ele não tinha filhos e talvez por isso não tinha pachorra para birras de criancinhas. E o que piorava o estado de nervos deste em especial era o seu problema de flatulência. Imaginem o pobre coitado! A ventosidade intestinal que discretamente largava em alguns intervalos que tinha durante o seu nobre ofício, o de enganar as crianças. Só poderia dar no que deu.

Lá pelas tantas, chegou ao seu colo o terror de todo o Pai Natal, uma criança precoce.

- Ho, ho, ho! Qual é teu nome, pequenote?

- Eu! Chamo-me Pedro. E o seu?

- Ho, ho! Eu sou o Pai Natal!

- Tem a certeza? Respondeu a criança, com aquele olhar de desconfiado.

- Ho, ho! Sim senhor! Eu venho lá do Polo Sul!

- Não seria do Polo Norte!?

- Ho! Que miúdo esperto! Sim, é verdade! Apanhaste-me.

- Não senhor! O senhor é que me apanhou. Durante cinco anos eu cresci a acreditar numa mentira. Muito obrigado!

- O que foi, rapazinho? Então e tu achas que o Pai Natal não existe?

- É claro que não existe!

- Mas por que não meu adorável rapaz (fedelho, quereria antes ter dito)!?

- Porque eu o vi ali numa loja a dar brinquedos, com uma fantasia muito mais bonita e sem cheirar a cocó.

Isso feriu-lhe o orgulho. Nesse ponto, já se percebia que não era o Pai Natal mas sim Manuel das Neves, 52 anos, desempregado e barrigudo, que estava a servir de modelo fotográfico durante as festividades natalícias:

- Escuta aqui ó puto. Eu não estou aqui para ouvir criancinhas mimadas nem para aturar fedelhos mal educados...!

- Eu sou mais bem educado que o senhor...

E foi então que lhe subiram os azeites e desceram os gases. Com os dislates do rapazinho o velhote descuida-se, solta uma bufa, e o inegável pivete ganhou presença, empestou o ambiente e tomou conta dos acontecimentos que se seguiram.

- O Pai Natal deu um pum, O Pai Natal deu um pum... Cantarolava o catraio, alto e bom som.

- O Pai Natal não existe!!! E se deres mais um pio, eu... Berrou-lhe Manuel das Neves chocalhando a criança pelo braço.

Nesse momento, uma menina, a próxima na fila, ouviu que o Pai Natal não existia da boca do próprio e imediatamente abre a boca o quanto pode e começa a chorar.

Finalmente, os seguranças correm na direcção da confusão. Bastou um soco, mas não foi de um segurança. Foi um pai indignado que, deixando o pobre do homem petrificado e agarrado ao queixo, leva o garoto pelo braço borrado de medo.

- Pai, o Pai Natal não existe.

E sentindo um cheiro nauseabundo, o pai, que era um gozador, responde:

- Pois não existe, filho, mas tu já me deste o teu presente...

... E esgotaram-se meus eufemismos para flatulência.

segunda-feira, dezembro 19

quando?

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os sócrates forem apenas filósofos;
os alegres apenas crianças;
os cavacos apenas instrumentos musicais;
os passos apenas os de dança;
os louçãs apenas erros ortográficos;
os jerónimos apenas monumentos nacionais
e portas só de abrir e fechar...

voltaremos a ser felizes.

(recebido por e-mail)

sexta-feira, dezembro 16

entre uma lágrima de saudade e um suspirar de alívio

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E pronto. Em oito segundos, 1/5 do Bairro do Aleixo desapareceu da vista de toda a gente. Os escombros da torre nº 5 jazem por terra assim como os sonhos e expectativas da população residente. Muita gente que ainda lá vive não sabe o que é morar noutro local. Ali nasceu, sobreviveu e deu sustento. Os terrenos são valiosos, ferreamente cobiçados, e que a Câmara vai oferecer aos especuladores imobiliários. O problema de bairros como o do Aleixo não é a pobreza, o tráfico de drogas e a toxicodependência. O real problema é a dependência que esta gente tem do Estado! Dependente do rendimento mínimo, da habitação social e do subsídio de desemprego. O problema do Aleixo é de base. É acima de tudo um problema de pessoas. De famílias que foram levadas para ali em circunstâncias sobejamente conhecidas e que ali ficaram desamparadas. Uma concentração excessiva de famílias, de pessoas de baixos rendimentos e com fracas possibilidades de conseguirem mudar a sua condição. O problema de bairros como o do Aleixo sempre foi sério mas nunca resolvido em benefício de quem lá vive. Tal como no Bairro S. João de Deus, o Aleixo teve o mesmo desfecho. Decidiu-se demolir, não para reconstruir mas para separar, desalojar e desagregar uma comunidade inteira. Tirar aos pobres para dar aos ricos...

Depoimentos dos residentes à Lusa:

"Eu não saio daqui"

"Praticamente nasci aqui, o meu irmão nasceu aqui, as minhas irmãs, como vai ser agora? Vamos para outros bairros onde não conhecemos ninguém? Falam da droga, disto e daquilo mas não prejudicam ninguém. Ninguém tem problema com a droga. Eles vendem a quem têm de vender e não prejudicam ninguém", desabafa.

'Maria', que não gosta que lhe tirem fotografias, tem 75 anos e mora na torre 3 há 37. A mesma torre que serve de base ao Centro de Dia onde costuma estar. A mesma onde teve e educou os seus filhos. A torre de um bairro de onde "saíram doutores, engenheiros e até jogadores de futebol".

'Maria' está revoltada e diz alto e bom som: "Eu não saio daqui". Da Ribeira foi para o Aleixo, sempre com o rio como pano de fundo, um cenário que não quer perder "para os ricos" ou para "os prédios de luxo" que diz estarem previstos.

Contudo, nem todos pensam da mesma forma. "Já devia ter acontecido há mais tempo" diz uma das moradoras em surdina, de fugida, com receio de dar uma opinião diferente à dominante.

"Não há condições de viver aqui"

Foi o Francisco Silva, de 67 anos, há 36 no Aleixo, quem teve coragem de se mostrar e afirmar que sim, a demolição "é justa".

"Porque actualmente ninguém tem ligado nada aqui ao bairro [que] cada vez se vem degradando mais. Os elevadores não funcionam e há pessoas de uma certa idade que não podem descer nem subir [escadas]", conta.

Não se importa de sair. "Vivi cá muitos anos mas da maneira como o bairro está, tão degradado, não há condições de viver aqui", remata.

Ler mais: http://aeiou.expresso.pt/bairro-do-aleixo-moradores-divididos-entre-a-saudade-e-a-alegria-de-sair

quarta-feira, dezembro 14

tipo sardinha em lata

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"É absolutamente lamentável. Numa altura em que se diz aos cidadãos para pouparem o mais possível, decide o Governo restringir os transportes públicos. Para quê? Para obrigar as pessoas a andarem de carro e gastarem gasolina, uma vez que não é por causa da crise que vão deixar de se deslocar. O Metro do Porto não devia encerrar à 1h30, mas estar sempre aberto, com comboios em todas as linhas de hora em hora. Os estudantes nocturnos terminam as aulas às 23h00, hora a que o Governo pretende encerrar o Metro. Há também gente que trabalha de noite, em turnos e que precisa do metro para se deslocar. Enfim, este Governo está-se a revelar bastante mentecapto. Uma sugestão para os menores de 60 anos: passem a andar de bicicleta. Poupam dinheiro e faz bem à saúde."

Este comentário tem mais de um mês mas encontra-se ainda em destaque no Porto24. Numa conversa no meeting point ao pequeno-almoço, uma colega de trabalho, por sinal grávida, comentava as dificuldades sentidas por si e pelos utentes da linha do Douro. Com as restrições verificadas no serviço da CP, o suprimento de alguns comboios e redução de carruagens, os utentes têm viajado em péssimas condições. Alguns aguentam firmes e viajam mais de uma hora comprimidos em pé enquanto outros não têm tanta sorte e nem sequer conseguem entrar nas composições. Não me espantaria nada ver por cá na terrinha algo inspirado nos shiri oshi japoneses, os tipos que espremem a malta para dentro do vagão, não devido a qualquer boom demográfico mas antes pelo bang do serviço ferroviário nacional.


terça-feira, dezembro 13

até o Pai Natal se põe ao fresco!

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Nem é caso para tanta admiração. Agora é a Nissan/Reanult que rompe o prometido. O consórcio anunciou a suspensão da fábrica de baterias em Aveiro para os seus carros eléctricos, um dos últimos investimentos estrangeiros anunciados pelo ex-primeiro-ministro José Sócrates.

Portugal vive desta dependência secular de tudo o que vem do estrangeiro, sejam pessoas, empresas, investimento... Estivesse este projecto aliado ao valor natural dos portugueses, ao seu “know-how”, capacidade criativa e organizativa, não seria nada mau. Mas nesta visão pequena, burguesa, de um Estado angariador de empresas estrangeiras em concorrência com as portuguesas para fazer projectos em Portugal, só dá nisto! À custa de enormes benesses e “incentivos” concedidos permanentemente pelo Estado às multinacionais, ao mínimo pretexto fecham portas ou nem as chegam a abrir.

Como se já não bastasse esta discriminação, e face à situação do país, o que será feito das PME’s portuguesas. O Estado não só lhes retira oportunidades de mercado, como através de impostos directos e indirectos as estrangula, lhes corta qualquer chance de competitividade face a empresas estrangeiras. Com a excepção da Volkswagen em Palmela e pouco mais, o investimento estrangeiro em Portugal tem sido pior que mau.

Que dirão agora o Coelho e o Relvas?

segunda-feira, dezembro 12

reposte [16] uma metáfora simples

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Com a quadra natalícia chegava o circo. O Natal significava cor, música, animais, palhaços, alegria, crianças, pais e Coliseu! Ano após ano, o palhaço pobre, inocente, solidário, mal vestido, transmitia uma melancolia esborratada na sua cara pintada e uma triste sensatez na bondade dos seus olhos. O espectáculo obrigava a que o palhaço nos fizesse rir, e as crianças riam. Riam das diabruras, traquinices, e das palhaçadas que fazia ao palhaço rico. Era actor alto, baixo, gordo, magro. Era palhaço careca, de peruca colorida, chapéu e nariz proporcionais aos sapatos. Eram homens engraçados que sabiam como ninguém tirar um sorriso espontâneo de cada criança. Todos se divertiam, até os adultos! Com o passar dos anos, eles, os verdadeiros palhaços, foram perdendo o seu lugar. A cada década alcançada, menos espaço eles tinham, e com eles também os pequenos circos foram desaparecendo, quase em extinção. O palhaço era a expressão da alegria, o palhaço era a expressão da vida no que ela tem de estimulante, sensível, humana. Os palhaços que antes divertiam toda uma família são agora parte do passado. Agora há outra classe de palhaços. Os palhaços contemporâneos. Actualmente somos nós os palhaços. Colocamos o nariz quando não queremos, tiramos quando não devemos, a cada momento que passa. Mas se a alegria estiver presente cultivemos o riso e a palhaçada. Acho que é mais ou menos por aí, com certas coisas da vida. E quem foi que disse que as coisas simples não são engraçadas?

quarta-feira, dezembro 7

TUA (reencaminhando um e-mail)

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"Bom dia a todos!

Finalmente a questão vem a PUBLICO!
O Governo não pode continuar a fazer de conta, nem sequer as várias entidades do Douro que se mantêm conveniente e coniventemente no silêncio.

Quais as consequências para a região e de quem é a responsabilidade se o Douro perder a classificação atribuída pela Unesco, faz agora 10 anos...?

E há tantas razões para que a Barragem do Tua não seja construída!

O património único da região de Trás-os-Montes e Alto Douro tem que ser protegido!

Obrigada a todos os que não têm desistido de defender a Linha e o Vale do Tua.

Atentamente,
Célia Quintas"

TUA - rio, linha, barragem informe-se aqui

terça-feira, dezembro 6

porto street shooting

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Venham daí conhecer as ruas do Porto pela lente de Ricardo Porto, a.k.a grouxo markx, in porto street shooting.



Já agora, e aproveitando o mote do tema fotografia, intercedo pelo apelo da nossa amiga Gi que quer votos, resmas, paletes de votos, para que a sua excelente fotografia a concurso no Conte Connosco seja devidamente reconhecida e premiada. Para tal basta clicar aqui no link e deitar o voto.

Conta connosco Gi.

segunda-feira, dezembro 5

traga o conversor ó faxabôre

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Não sou economista e não tenho pretensões a velho do Restelo, mas... o Euro está por um fio. Começo a acreditar que o Euro, tal como ele é, terá chegado ao fim da linha! Uma moeda única entre países de economias heterogéneas, com diferenças políticas, financeiras, sociais e culturais tão grandes, tinha todos os condimentos para dar num mau cozinhado. Este descomunal desequilíbrio económico e consequentes perdas competitivas dos países mais vulneráveis causa desemprego e recessão, contagiando as economias mais resistentes com grande rapidez. Os sinais de desagregação são cada vez mais evidentes. Já não restam dúvidas que o processo de unificação entrou numa estrada sem saída. É cada vez mais provável a ruptura da zona do euro. Parece iminente o fracasso europeu. Agora a Europa está a sentir na pele a impossibilidade real das suas utopias ao tentar construir um governo a partir de estados extremamente desiguais. Será certamente uma abordagem muito pessimista da crise, o que me leva a crer que, apesar da situação, o povo europeu não abandonará a sua utopia colectiva de ânimo leve. Não será caso para tanto mas, pelo andar da carruagem…


(clicar na imagem para aumentar)

os desenhos de Henrique Monteiro