terça-feira, junho 29

o fado dos caracois

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Análise ao jogo? Não me apetece, e tristezas não pagam dívidas.
C. Ronaldo, qual ponta de lança em África, petulante e deseducadamente passa pelos jornalistas portugueses na zona mista e manda-os "falar com o Queiroz"!


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manhã

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Matinais, mergulham num bafo de mar que permanece e abraça o rio. Ainda assim, na bruma de sombras, de frescura e humidade, avista-se ao longe a luz que os guia e os faz continuar a persistir por entre sonhos e ambições, desejos e realidade. Há momentos assim em que um corpo meio fraco fica mais activo, mas a ténue diferença que o define, por vezes, traduz-se numa incerteza inquietante. Como uma manhã de nevoeiro...


sábado, junho 26

e só para chatear...

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Em exibição numa televisão perto de si






quarta-feira, junho 23

rico é o manjerico

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Comprei um manjerico
Que pus à minha porta
Para festejar o São João
E esquecer esta vida torta

Ó meu Santo padroeiro
É bom que nos escutes
Podes até nem acreditar
O tostãozinho é para as SCUT's

Com alho-porro e manjerico
Vamos na alegria da noitada
Fazer das tripas coração
Descarregar na martelada

Ó meu rico São João,
Meu santinho milagreiro,
Se acabasses com esta crise,
Isso sim, é que seria porreiro.


segunda-feira, junho 21

ai as vuvudelas

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Ainda com as imagens a preto e branco daquele 5 a 3 de 1966 na mente (é verdade, naquela altura eu já tinha dois mesinhos de idade e lembro-me perfeitamente, como se fosse hoje… ah, foi na RTP Memória, tá bem… bom, mas dizia eu, nos primeiros minutos do jogo era eu que estava de olhos em bico com tantas perdidas da nossa selecção e já só pedia uma vitória de um golinho a zero. Mas ao fim de uma chuvada de golos, e da forma como deixamos desnorteados os coreanos e as bancadas deliciadas com uma abada das antigas… ou das modernas, pois até superou aquela mão cheia deles no tempo do Eusébio, fiquei de barriga tão cheia que, parece incrivel, nem tive vontade de almoçar. Xôr São Pedro, peço-lhe, como estamos em época de santos e uma vez que os nossos navegadores gostam tanto de água, peço-lhe, reserve faxabôre uma chuvada daquelas para Durban no dia do jogo com o escrete brasileiro. E, como já deixei por aí em comentários, agora só espero que não se tenha esgotado o stock de ketchup…


foto: Caras


sexta-feira, junho 18

a maré está negra

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O crime que está a suceder no Golfo do México com o acidente de uma plataforma petrolífera, no dia 20/04/2010 na costa do estado da Luisiana (EUA), e o incontrolável derramamento de petróleo no oceano, é catastrófico. A exemplo de outros desastres envolvendo multinacionais petrolíferas, neste estão envolvidas a BP (de Bela Porcaria) e a Halliburton, um único objectivo foi traçado: o do aceleramento da exploração de petróleo em prole da maximização de lucros, acrescido de mais ganância, ao menor custo. O derrame de petróleo está a provocar um dos maiores desastres ambientais no planeta e infelizmente parece não ter fim à vista. As consequências são dramáticas, sobretudo para a Natureza, mas a saúde e a sustentabilidade económica das populações residentes nas zonas afectadas estão seriamente em risco. Este desastre “que não devia ter acontecido”, desprezíveis são agora as palavras de Tony Hayward, o director executivo dessa… Bela Porcaria, dizia eu, este desastre vem desmascarar a constante febre do petróleo e o relacionamento espúrio que existe entre as grandes empresas e o poder político. Tentar esconder a realidade, atirando o lixo para debaixo do tapete, já sabemos que é atitude habitual nestes senhores, mas agora o cheiro pestilento é tão flagrante que vem à superfície toda a corrupção que existe nestes negócios. Mas não são apenas estes "crânios" que têm culpa no cartório. Pelo que parece, funcionários da autorizada comissão norte-americana de supervisão da exploração petrolífera têm por hábito "comer" todos juntos à mesma mesa e depois do café presentear os senhores da porcaria com relatórios favoráveis às suas práticas cínicas.



Esta é apenas uma teatralização da incompetência dos homens e uma simples amostra como o capitalismo desenfreado na ânsia de apresentar lucros, astronómicos, perante os investidores não olha a meios para alcançar os fins. E o vídeo até seria cómico se a realidade não fosse tão trágica!


terça-feira, junho 15

um bom feeling, assim-assim

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Como já devem ter reparado, ou então não, ultimamente tenho estado ausente do gabinete a passar uns dias retemperadores, primeiro de descanso forçado devido à chuva, depois num belíssimo fim-de-semana prolongado a passear por trás dos montes, a comer e a esperguiçar e, só para invejar, ainda me restam algumas férias para aproveitar. Mas o assunto que me traz por cá à sucapa é outro. É inevitável eu ter de falar do Mundial de Futebol e hoje finalmente a nossa Selecção vai "ripar na rapaqueca"(*) e, espero, mostrar serviço. Será que os marujos do xôr Queiróz vão redescobrir o caminho, não sei se marítimo, para as balizas adversárias ou simplesmente passar o tempo a chutar a Jabulani para as bancadas, consoante a falta de pontaria (se por um fortúnio alguma bolada acertar em cheio numa daquelas vuvuzelas é bem feito, é menos uma a chatear o santo)? O meu feeling está, por assim dizer, assim-assim. Moderado q.b., sem euforias e nem derrotismos antecipados. Mas desde já vos digo que nem em sonhos imagino vê-los trazer o caneco dourado de terras africanas, qual tesouro pirateado, mas espero deles que pelo menos façam boa figura, honrem as camisolas e não metam àgua na velha e esburacada nau lusitana. Como treinador de sofá, vou estar atento aos amendoins e à minha superbock fresquinha, pois tenho a desculpa perfeita para me baldar ao trabalho, as minhas férias. A táctica? Mas a minha táctica é infalível e vai deixar as costas dos marfineses vergadas à nossa classe:
Ó Eduardo, tu defende pá mas sem mãos de tesoura. Ó Bruno, não te esqueças do teu dragão lança-chamas e deixa-me esses gajos ainda mais esturricados do que já estão. Onde é que está o Simão? Ah estás aí! Ouve lá, como tu agora és um big mac, alimenta a paixão à vontade e engorda mas de tanto comemorar! Ó Deco, mago de Gelsenkirchen, estou à espera dos teus passes de magia, hã. O Meireles fica ao teu lado como partner para te ajudar a tirar uns golos da cartola. Nani. Ah o Nani já não está! Danny, diz o Liedson que se desvie dos postes e avisa-o que a relva não é só para estar deitado a descansar. Será que te esqueceste para que serve uma baliza Ronaldo. Andas a comer muito ketchup espanhol, é o que é! Está atento às bolas e não se distraias com as vuvu delas, tá bem?


(*) Ripa na rapaqueca - expressão criada e utilizada por Jorge Perestrelo nos seus relatos de futebol, inspirada na dialética angolana e que singnifica "chuta na bola". Outros termos e expressões que usava nos relatos radiofónicos de futebol: É disto que o meu povo gosta; Olha a revienga...


quinta-feira, junho 10

reposte 5 [vamos lá]

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Chove muito, há muitos dias. Todos estes dias, torrentes de lágrimas escoam em sentimentos escondidos. Lenços ensopados de sonhos perdidos flutuam na tempestade. O mundo inteiro se encolhe à chuva, humedecido por tantas lágrimas, encharcado de sofrimento. É difícil explicar aos filhos deste povo o que se sente e porque vertem liquefeitos estes dias. É fácil perceber no seu olhar que devemos regenerar forças e no conforto de um longo abraço sentir de novo a coragem flutuar. Vamos apressar o tempo que passa pelos nossos olhos arrastando as nuvens. Vamos parar o tempo que transforma uma pequena flor em ruas floridas e emplumadas ao sol, exibindo cores novas e mais frescas. Vamos com as aves, no tempo que passa a voar em direcção à vida, pousar nas árvores sacudidas da chuva, sugar as gotas que pendem brilhando numa elegância renovada e limpa. Vamos ver o céu mudar de cor, iluminado, azul claro e mais leve. Vamos abrir as janelas, deixar a luz invadir o mundo inteiro de novo, secar as roupas ao sol. Cabelos ao vento, presságios, bicicletas, andorinhas. Vamos ver a lua aparecer, dizer até amanhã ao sol, acenar a uma estrela e a outra e a outra... Vamos lá cambada!

Antes que se dê o pontapé de saída, e porque cada vez mais o que é preciso é animar a malta, trazer um pouco de sol e de cor a este país à beira mar plantado, recordo este pequeno texto publicado aqui, neste mesmo dia de um ano passado.


terça-feira, junho 8

e o que é nacional...

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Estou bastante agradecido pelas palavras do senhor Presidente da Republica e principalmente por se ter preocupado tanto onde vou passar estes dias de férias, por sinal bem merecidos. Já agora, e que mal lhe pergunte, como sabia o senhor que eu estava de férias? Bom, para já lhe garanto que estou a seguir à risca as suas recomendações, do "Vá para fora cá dentro". Também estou bastante preocupado com a situação geral do país e prontifico-me a ajudar a vencer as actuais dificuldades económicas, ajudar na criação de mais emprego e à melhoria das condições de vida dos portugueses. É mesmo, estou a passar as minhas férias cá dentro, e garanto-lhe que a chuva e o frio que fazem não têm nada a ver com isso! Concordo consigo, sabe, também penso que quem tem o privilégio de ter uns diazitos de férias para gozar que o faça cá dentro, nem que seja no Allgarve. Pois, e como o senhor bem disse, cada um de nós deve pensar no contributo que pode dar para inverter esta situação, e iniciar um movimento sustentável de recuperação económica e parar o agravamento do desemprego. O senhor não é como o nosso Primeiro Ministro, pois, e pelo que se tem visto, que ricas férias tem ele passado lá por fora! É que é raro o mês que não faça uma viagenzita ao estrangeiro. E até digo mais. O senhor, como um grande patriota que é, vai dar o grande exemplo ao país para ajudar a minimizar a crise, e vai sair menos vezes de avião e andar mais a pé... ou vai de lambreta, que eu sei que vai, mas veja lá a quem dá boleia!

Imagem gamada ao instante fatal


segunda-feira, junho 7

os avós

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Dizem que os avós estragam os netos de mimos e que os deseducam ao satisfazerem os seus eventuais caprichos, contrariando as vontades paternas! A educação cabe aos pais mas normalmente é aos avós que os filhos entregam um "troféu", com um sabor especial a compreensão, a paciência, a carinho, já que a disponibilidade dos avós é diferente da que tem quem chega a casa fatigado de um dia de trabalho e de preocupações.

Com os avós aprendemos a ouvir, a fazer, a entender. Eles têm sempre tempo e o desejo de nos contar histórias, de nos ensinar através da sua sabedoria e experiência. Para eles é um sentimento maravilhoso, é como estar a viver duas vezes, com os filhos dos seus filhos, dando continuidade aos valores e princípios, o mesmo legado que receberam no seu tempo de netos.

Para as crianças, os avós são a inesgotável fonte de carinho. Eles proporcionam os extras que os pais não podem dar no momento. Oferecem tempo, atenção, protecção. Novos ou velhos, com ou sem cabelos brancos, o seu olhar será sempre de contemplação e orgulho, acompanhado por um sensato balançar de cabeça, de um lado para outro, e de um sorriso sem fim.

Tem dedicatória aos avós mais amorosos do mundo.


quarta-feira, junho 2

básicos

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Como diz o povo, habituado que está ao sofrimento e à desgraça, “um mal nunca vem só”. Como se não bastasse as duas grandes dimensões do esquecimento, a miséria e a desertificação do interior, o resultado das políticas deste e de outros governos mais não são do que um destino pré-traçado: a extinção do Portugal profundo.

Paulatinamente, e de forma despudorada, ao longo dos tempos alguns serviços têm sido retirados das localidades do interior: as linhas de comunicação ferroviárias, os serviços públicos de transporte, as escolas, os correios, os postos da guarda, agências bancárias, a falência de muitas empresas e consequente fuga de empresários, a actual e desenfreada extinção da maior parte dos serviços médicos, têm deixado distritos inteiros num autêntico estado de “calamidade social”.

É hoje anunciado que o Ministério da Educação prevê o encerramento de 500 escolas do ensino básico e até ao final da legislatura devem fechar mais 400. Em muitas aldeias deste país o futuro está há muito encerrado e dos serviços outrora existentes, construídos no orgulho e com a força de braços dos seus resistentes habitantes, já só resta a memória dentro de quatro paredes vazias de vida.

Na foto, a escola da Freguesia de Mós do Douro onde o meu pai frequentou a instrução primária. Construída há mais de 60 anos pela população, foi há tempos encerrada e é um dos muitos exemplos da situação actual.


terça-feira, junho 1

no bom caminho

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Em cada mil crianças portuguesas, quatro têm a Síndrome de Asperger, uma perturbação que causa problemas em casa, na escola, na socialização destas crianças e que necessita de acompanhamento ao longo da vida.

A Síndrome de Asperger é uma forma de autismo, uma condição que afecta o modo como comunicam e se relacionam com os outros e está presente em cerca de 30 mil crianças portuguesas. Esta disfunção neurocomportamental com base genética precisa de um acompanhamento na família e na escola e uma abertura na sociedade para que sejam entendidas e tenham um projecto de vida.

Estas crianças “aspies” - como também são conhecidos - podem ser excelentes na memorização de factos e números mas revelam dificuldade na comunicação, no relacionamento social e no pensamento abstracto. Ao contrário dos autistas comuns, que normalmente estão ausentes e desinteressados do mundo que os rodeia, muitos “aspies” querem ser sociáveis e gostam do contacto humano, mas têm dificuldades em fazê-lo. São muito inteligentes, com problemas de relacionamento social e a quem deve ser ensinadas algumas competências sociais. Têm um funcionamento cerebral diferente, têm um gosto marcado por rotinas e um interesse obsessivo por determinados temas. Normalmente os seus interesses envolvem a memorização ou ordenação de factos sobre um assunto específico.

Crescem, tornam-se adolescentes e adultos, sempre com a síndrome, no entanto, uma educação adequada e um correcto acompanhamento especializado ao longo do processo do seu desenvolvimento podem tornar a vida destes jovens muito mais harmoniosa e menos difícil. Com um pouco de orientação, os seus interesses podem ser desenvolvidos de modo a que o “aspie” venha a estudar ou trabalhar na área do seu interesse específico. Os pais destas crianças aprendem e sabem o que devem fazer. A sociedade o que tem de dar é dignidade e possibilidades. Bem encaminhados, compreendidos e acarinhados eles também encontrarão o seu caminho.