terça-feira, junho 26

food tripper Nothern Portugal

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terça-feira, junho 19

e assim vai a nossa cidade

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A 6 de Janeiro de 1948 foi inaugurada a Biblioteca Popular Infantil no Marquês. Há uns anos atrás, ficou devoluta.

As portas reabriram este Sábado, dia 16 de Junho de 2012, numa ocupação pacífica, pelas mãos de quem quer os espaços públicos abandonados disponíveis e vivos. “Se as prioridades camarárias não passam pela reabilitação do património abandonado, tomemos nós a acção de o libertar e tornar um bem comunitário”.

A biblioteca foi aberta à comunidade por um grupo de activistas que se propõe dinamizar ali actividades culturais, devolvendo o espaço ao usufruto da população.

Mas, cá no Porto, o que se faz de bom não dura nada. 

Ontem a biblioteca estava fechada pela edilidade.


A Câmara do Porto entaipou, esta terça-feira de manhã, a biblioteca do jardim do Marquês de Pombal que tinha sido ocupada por um movimento popular no passado domingo.

Numa operação acompanhada pela Polícia Municipal mas durante a qual não registaram incidentes – apenas alguns transeuntes criticavam a acção camarária quando passavam no local – o pequeno imóvel foi completamente selado.

Elementos do movimento sublinharam não ser o mesmo grupo que, no início deste ano, ocupou a escola da Fontinha. Embora admitam que os propósitos seriam semelhantes.


segunda-feira, junho 18

o acordo ortográfico e o futuro da língua portuguesa

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Tem-se falado muito do Acordo Ortográfico e da necessidade de a língua evoluir no sentido da simplificação, eliminando letras desnecessárias e acompanhando a forma como as pessoas realmente falam. Sempre combati o dito Acordo mas, pensando bem, até começo a pensar que este peca por defeito. Acho que toda a escrita deveria ser repensada, tornando-a mais moderna, mais simples, mais fácil de aprender pelos estrangeiros.

Comecemos pelas consoantes mudas: deviam ser todas eliminadas. É um fato que não se pronunciam. Se não se pronunciam, porque ão-de escrever-se? O que estão lá a fazer? Aliás, o qe estão lá a fazer? Defendo qe todas as letras qe não se pronunciam devem ser, pura e simplesmente, eliminadas da escrita já qe não existem na oralidade.

Outra complicação decorre da leitura igual qe se faz de letras diferentes e das leituras diferentes qe pode ter a mesma letra.
Porqe é qe “assunção” se escreve com “ç” e “ascensão” se escreve com “s”? Seria muito mais fácil para as nossas crianças atribuír um som único a cada letra até porqe, quando aprendem o alfabeto, lhes atribuem um único nome. Além disso, os teclados portugueses deixariam de ser diferentes se eliminássemos liminarmente o “ç”. Por isso, proponho qe o próximo acordo ortográfico elimine o “ç” e o substitua por um simples “s” o qual passaria a ter um único som.

Como consequência, também os “ss” deixariam de ser nesesários já qe um “s” se pasará a ler sempre e apenas “s”. Esta é uma enorme simplificasão com amplas consequências económicas, designadamente ao nível da redusão do número de carateres a uzar. Claro, “uzar”, é isso mesmo, se o “s” pasar a ter sempre o som de “s” o som “z” pasará a ser sempre reprezentado por um “z”.
Simples não é? se o som é “s”, escreve-se sempre com s. Se o som é “z” escreve-se sempre com “z”.

Quanto ao “c” (que se diz “cê” mas qe, na maior parte dos casos, tem valor de “q”) pode, com vantagem, ser substituído pelo “q”. Sou patriota e defendo a língua portugueza, não qonqordo qom a introdusão de letras estrangeiras. Nada de “k”.

Não pensem qe me esqesi do som “ch”. O som “ch” pasa a ser reprezentado pela letra “x”. Alguém dix “csix” para dezinar o “x”? Ninguém, pois não? O “x” xama-se “xis”. Poix é iso mexmo qe fiqa.

Qomo podem ver, já eliminámox o “c”, o “h”, o “p” e o “u” inúteix, a tripla leitura da letra “s” e também a tripla leitura da letra “x”.

Reparem qomo, gradualmente, a exqrita se torna menox eqívoca, maix fluida, maix qursiva, maix expontânea, maix simplex. Não, não leiam “simpléqs”, leiam simplex. O som “qs” pasa a ser exqrito “qs” u qe é muito maix qonforme à leitura natural.

No entanto, ax mudansax na ortografia podem ainda ir maix longe, melhorar qonsideravelmente.

Vejamox o qaso do som “j”. Umax vezex excrevemox exte som qom “j” outrax vezex qom “g”. Para qê qomplicar?!? Se uzarmox sempre o “j” para o som “j” não presizamox do “u” a segir à letra “g” poix exta terá, sempre, o som “g” e nunqa o som “j”. Serto? Maix uma letra muda qe eliminamox.

É impresionante a quantidade de ambivalênsiax e de letras inuteix qe a língua portugesa tem! Uma língua qe tem pretensõex a ser a qinta língua maix falada do planeta, qomo pode impôr-se qom tantax qompliqasõex? Qomo pode expalhar-se pelo mundo, qomo póde tornar-se realmente impurtante se não aqompanha a evolusão natural da oralidade?

Outro problema é o dox asentox. Ox asentox só qompliqam! Se qada vogal tiver sempre o mexmo som, ox asentox tornam-se dexnesesáriox. A qextão a qoloqar é: á alternativa? Se não ouver alternativa, pasiênsia. É o qazo da letra “a”. Umax vezex lê-se “á”, aberto, outrax vezex lê-se “â”, fexado. Nada a fazer.

Max, em outrox qazos, á alternativax. Vejamox o “o”: umax vezex lê-se “ó”, outrax vezex lê-se “u” e outrax, ainda, lê-se “ô”. Seria tão maix fásil se aqabásemox qom isso! Para qe é qe temux o “u”? Para u uzar, não? Se u som “u” pasar a ser sempre reprezentado pela letra “u” fiqa tudo tão maix fásil! Pur seu lado, u “o” pasa a suar sempre “ó”, tornandu até dexnesesáriu u asentu.

Já nu qazu da letra “e”, também pudemux fazer alguma qoiza: quandu soa “é”, abertu, pudemux usar u “e”. U mexmu para u som “ê”. Max quandu u “e” se lê “i”, deverá ser subxtituídu pelu “i”. I naqelex qazux em qe u “e” se lê “â” deve ser subxtituidu pelu “a”. Sempre. Simplex i sem qompliqasõex.

Pudemux ainda melhurar maix alguma qoiza: eliminamux u “til” subxtituindu, nus ditongux, “ão” pur “aum”, “ães” – ou melhor “ãix” - pur “ainx” i “õix” pur “oinx”. Ixtu até satixfax aqeles xatux purixtax da língua qe goxtaum tantu de arqaíxmux.

Pensu qe ainda puderiamux prupor maix algumax melhuriax max parese-me qe exte breve ezersísiu já e sufisiente para todux perseberem qomu a simplifiqasaum i a aprosimasaum da ortografia à oralidade so pode trazer vantajainx qompetitivax para a língua purtugeza i para a sua aixpansaum nu mundu.

Será qe algum dia xegaremux a exta perfaisaum?
(Maria Clara Assunção, aqui)

quarta-feira, junho 13

e as francesinhas?

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Porto : Les portes du Douro

"La ville de Porto possède le charme authentique des grandes villes qui ont bien traversé les époques. On peut tourner en rond et ne jamais passer au même endroit, tellement il y a de bifurcations possible. L'architecture est remarquable partout en ville. D'ailleurs, le centre historique est déclaré Patrimoine mondial par l'UNESCO en 1996.
Ensuite, en suivant le Douro, vous trouverez une animation très joviale. Plus loin, en marcheant vers l'embouchure du fleuve, vous pouvez croiser plusieurs pêcheurs et voir des habitations typiques. Un incontournable au Portugal!"

quarta-feira, junho 6

a cidade na ponta dos dedos

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"Com um imenso amor a Portugal, uma plataforma Atlântica para descobrir uma transcendente paixão por  Lisboa, o reconhecimento exacerbado pelo Porto e toda a beleza do mundo. Sempre pelas pontas dos dedos e a voar bem alto, nos actos e nas palavras como se tudo fosse possível. De encantar, e de encantarmo-nos a nós próprios, de nos apaixonarmos por tudo o que somo enquanto país, porque é aí que tudo começa."

segunda-feira, junho 4

escreve-se direito por guias sem fotoshopas

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sexta-feira, junho 1

reposte [21] doce ocasião

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A caminho de casa entra numa pastelaria para tomar um chá e trincar meia torrada. Na realidade está a adiar o momento de voltar a casa. A perspectiva de encarar os filhos a assusta. Gostaria de lhes levar boas novas, de coroar o final do dia com um “consegui”. Mais um dia nesta desesperante procura de um emprego, um trabalho, um biscate, qualquer coisinha que lhe alterasse o quotidiano e a auto-estima. Da sua ainda curta vida ela pretende apenas recolher algo de útil, fruto da sua prática, que a fizesse mais digna de ser vivida. Nesta busca por um futuro melhor, na constante perseguição do sim, qualquer palavra escutada, qualquer instante testemunhado, a torna numa atenta observadora à primeira oportunidade. Mas, sem nada que lhe prenda a atenção, baixa a cabeça e dá um gole no chá, enquanto lança um último olhar ao seu redor, onde outras almas adejam os seus assuntos em silêncio.

A um canto do salão, numa das mesas vazias encostada à parede, um casal de meia-idade acaba de se sentar. O alinho humilde, a contenção de palavras e de gestos, deixa-se enobrecer pela presença de uma menina, bem pequenina, de laço na cabeça e vestidinho esbatido nas cores, que com eles se senta à mesa. Mal consegue baloiçar as perninhas curtas mas percorre veloz com os olhos, sorridentes de curiosidade, tudo ao seu redor. Generosa fica a observá-los.

O homem, depois de contar as moedas que discretamente retirou do bolso, aborda o empregado, inclinando-se para a frente e apontando para a vitrina do balcão. A senhora, discreta mas impaciente, limita-se a olhar para a pequenota. Suspira enquanto lhe ajeita a fita cor-de-rosa que segura o cabelo. O empregado encaminha o pedido do freguês. Avó... avó..., clama a criança, apontando para o homem que trás um pratinho com uma simples fatia de bolo de chocolate. Contida na sua espera, a menina contempla agora o pratinho e a garrafa de sumo que o empregado deixou à sua frente. Por que não começa a comer?, matuta Generosa. Dá conta que os avós e a neta cumprem um discreto ritual. A avó remexe num pequeno saco de plástico e dele retira qualquer coisa. O avô agita um isqueiro na mão e espera. Quieta, a netinha aguarda também. Mais ninguém os observa além de Generosa e percebe então que naquela mesa se prepara algo mais do que saciar a fome.

São três velinhas, brancas, minúsculas, de tamanhos diferentes que a avó delicadamente espeta na fatia do bolo. E enquanto ela deita sumo para um copo o avô acende as velas. Muito compenetrados e discretos, os adultos balbuciam um cântico em uníssono: "Parabéns a você, parabéns a você...". Como um gesto ensaiado, a menina baixa a cabeça, quase encosta o queixo na madeira, e sopra a chama das velas. Imediatamente sorri e põe-se a bater palmas. A avó retira as velas, torna a guardá-las, a pequena aniversariante agarra finalmente o bolo com as suas mãos inquietas e come. A avó mira-a com ternura e limpa as migalhas e pepitas de chocolate que lhe caiem ao colo. O avô percorre os olhos pela sala e fita Generosa que estática se comove com a celebração. Seus olhos se encontram e ele constrange-se. Baixa ligeiramente a cabeça e ameaça vacilar mas contem-se, abrindo enfim um largo sorriso de satisfação.