domingo, outubro 31

máquina do tempo

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É costume dizer-se que depois da tempestade vem a bonança. Pois é, quem já não ouviu isso. Vivemos em constante mudança, em permanente evolução, tempos alucinantes em que tudo acontece de forma rápida e vertiginosa, sem espaço para compreender e aproveitar verdadeiramente aquilo que se passa à nossa volta. O tempo não nos dá tempo, torna-nos escravos de rotinas, do que queremos e não queremos. Que tempo fará amanhã? Hoje vou recuar no tempo! Vou matar o tempo! Mas que tempos estes, modernos, de círculos viciosos e virtuosos, que teimosamente resolvemos controlar, mudar sem recomeçar! Ponteiros invisíveis que a vida não nos deixa acertar.



sexta-feira, outubro 29

no jogo dos ses

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Dizem os manuais de navegação que, perante a iminência do desastre, um único homem, o comandante, deve tomar o leme da embarcação. Bem ou mal, cabe ao comandante decidir a rota, obedecer ao seu instinto, salvaguardar a tripulação. Em contrapartida, diz o mais elementar bom senso que, se os tripulantes expressarem abertamente a sua opinião, o barco tornar-se-á, sem dúvida, mais democrático. E terá todas as condições também de se transformar num naufrágio muito democrático.

Cri(ses) à parte, vamos aproveitar o fim-de-semana e o feriado que se avizinham de forma lúdica e divertida se faxabôre, até porque tem uma hora mais!


quarta-feira, outubro 27

e com o FMI à espreita...

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... do concílio orçamental não saiu mais do que fumo negro. São más, muito más as notícias para o País real, esPECtante por decisões e não por dramatizações. É urgente assumirem-se co-responsabilidades políticas, atacar o problema sem ganâncias de assalto ao poder. Passado e perdido este tempo todo, em vez de um debate claro e esclarecedor sobre a justificação e o alcance das medidas incluídas no Orçamento proposto, voltaremos a assistir à recorrente troca de galhardetes e outros mimos entre as bancadas parlamentares sem que isso acrescente o que quer que seja. Os partidários do governo e os seus críticos esgrimirão argumentos e contra-argumentos como se uma acirrada discussão de vizinhas desavindas se tratasse. Assim sendo é preferível governar em duodécimos do que ceder a chantagens políticas emergentes de irresponsabilidades. Aguardemos então que o FMI nos abocanhe se é este o caminho que desejam, mas não venham depois com as habituais desculpas esfarrapadas ou “diferenças de filosofia”. A montanha pariu mais um rato.



terça-feira, outubro 26

boas ideias

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Nos meus percursos pedonais é raro o dia em que não sou presenteado com papéis. Ele são jornais, panfletos publicitários, e outros de literatura duvidosa, comunicados sindicais, propaganda política e pequenos textos com histórias pessoais de miséria apelando à bondade alheia. Não falta por aí gente que me queira oferecer entretenimento para os olhos. Posicionam-se normalmente em locais estratégicos e de grande circulação e chega a ser caricato ver os atropelos e cotoveladas que dão uns aos outros por causa de um simples calendário. Sigo sempre à minha vida mas quando me oferecem eu tenho este pequeno defeito de aceitar quase tudo. Ontem tive de “descer” à Baixa e no regresso a casa fui apanhar o metro à Trindade. Logo à entrada da estação uma simpática e gira miúda me estende estes dois pequenos livros. São uma oferta da Porto Editora. Ah sim! Muito obrigada. Achei uma boa ideia. Estes livrinhos são apenas dois exemplares resumidos de obras literárias e incentivam à leitura durante a viagem, mas num veículo a abarrotar de gente e de telemóvel na orelha pouca atenção lhes pude dar. Outra boa ideia que entretanto recordei a propósito foi a que no ano passado a Câmara Municipal da Póvoa de Varzim e a Metro do Porto propuseram num projecto de incentivo e sensibilização à leitura em viagem. A campanha “Viagens Literárias no Metro” colocou livros à disposição dos utentes da Linha Vermelha (B), e tinha o dom de encurtar uma viagem de 50 minutos a cinco, porque "ao disponibilizar livros a bordo da linha que liga a Póvoa ao Porto, os utentes poderiam realizar mais viagens dentro de uma viagem através da leitura", diziam. Outra boa ideia teve Rui Azeredo, autor do blogue Porta-Livros, que recentemente descobri e que aproveito para vos oferecer. Tenham a bondade de aceitar, é só clicar: http://portalivros.wordpress.com/


segunda-feira, outubro 25

das coisas boas da vida

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Como qualquer um dos outros cinco sentidos, que quase toda a gente tem, ou se tem sentido de humor ou então, não se tem. A espécie humana possui esta capacidade notável de rir de si própria e daquilo que a rodeia mas, às vezes, é espantoso e chega a ser decepcionante a falta de sentido de humor que por aí prolifera. Está cientificamente provado que um sorriso, uma boa gargalhada, aumenta a longevidade, alivia tensões e torna-nos, nem que seja por instantes, pessoas mais felizes. É a sorrir que a gente se entende. Mas não é assim que o nosso mundo caminha. Ou temos uns idiotas que confundem humor com maldade e má educação, ou temos uns palermas que nunca conseguirão entender que o verdadeiro sentido de humor se cultiva com um pouco de inteligência, dedicação, compreensão e uma pitada de bom senso. E, por enquanto, só espero preservar o que tenho e que ainda não paga imposto. Boa semana.


sexta-feira, outubro 22

numa nova modalidade de peregrinação!?

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Na tarde da última Quarta-Feira um homem invadiu de carro, e pela segunda vez, o Santuário de Fátima. Entrou no recinto pelo único local possível, o mesmo que foi utilizado pelo Papa no seu papamóvel quando visitou o santuário. No seu Honda Civic enfeitado com faixas nas portas, capôt e no vidro traseiro, passeou pelo recinto, acelerou e sacou uns piões, até que ao fim de meia hora decidiu abandonar o espaço pelo mesmo local por onde tinha entrado. A GNR acabou por deter o homem já fora do recinto, que terá justificado o seu acto aos militares “porque queria falar com Jesus”. Encontra-se agora internado num hospital para avaliação psiquiátrica. Entretanto num comunicado recebido aqui No Gabinete, sabe-se que o presidente de uma agremiação desportiva saiu em defesa do iluminado sujeito. Alegando em defesa do invasor, o presidente assegurou que muito provavelmente o GPS do veículo “teve apenas um descontrolo emocional” ao pretender seguir as coordenadas de “Catedral” e “Jesus”. Na missiva, refere também que faz imensa questão de recebe-lo e o juntar à sua corrente de homenagens, prontificando-se desde logo a indicar ao crente o caminho da Luz. Ainda sobre este acto de pura fé tuning, à sua chegada da recente peregrinação a Lion, Jesus apenas disse que “este é um assunto do forno interno do clube”!

Um bom-fim-de-semana, ó faxabôre!


quinta-feira, outubro 21

a passadeira mata, atravessá-la pode prejudicar a sua saúde!

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Pelo simples facto de ter nascido munido de duas pernas e ao fim de alguns meses de vida ter aprendido a andar, circulando na via pública eu sou considerado um peão. Depois de atingida a maioridade, de ter suportado durante 25 aulas o mau humor do trânsito e do instrutor, e ter sido aprovado em 10 minutos num exaustivo exame de condução, passei a ser mais um automobilista. Estes dois factores incluem-me na classe dos humanos que, mediante a situação em que se encontram, se tornam numa espécie de Dr. Jekyll and Mr. Hyde das ruas e estradas nacionais. Ao que parece estamos englobados num país civilizado, em que algumas ruas têm passadeiras que servem para indicar aos automobilistas e aos peões onde uns devem parar para que outros as possam atravessar. Em Portugal as passadeiras têm, para uma parte de nós os peões, um carácter místico a roçar o sobrenatural. Torna-nos invencíveis. Na perspectiva do peão, desde o momento que coloca o pezinho sobre o tracejado branco sujo e gasto, nada o impede de empreender a hercúlea tarefa de atravessar a rua. A maioria nem se dá ao trabalho de parar, rodar a cabeça e olhar. A perspectiva assertiva de ficar para ali parado, a olhar de um lado para o outro à espera que algum condutor tenha a amabilidade de abrandar e parar, mói-lhes a paciência. E eles correm, correm o risco de encastrar os dentes num qualquer capôt metalizado. Não adianta explicar aos peões que a passadeira não dá garantias de sobrevivência e que tem de haver um compromisso tácito entre eles e os automobilistas. Afinal de contas, a maioria dos peões portugueses também são condutores e sabem o que a casa gasta quando estão atrás do volante. A estrada é deles e os carrancudos peões que se cuidem. Conduzem perfeitamente alheados ao que os rodeia porque, ora estão a olhar para o retrovisor, ora acendem um cigarro, ora sintonizam o rádio e programam o GPS, ora têm que atender o telemóvel, e isso são muitas tarefas para um condutor só. Preocuparem-se com regras de prioridade, limites de velocidade, os ciclistas (tinhas que nos meter ao barulho pá!?), passadeiras ou circular com o mais básico do civismo, são meros detalhes para um alienado condutor ter de controlar tudo com os seus olhinhos, dois bracinhos e dois pezinhos. Saiam da frente ou passo-vos a ferro, grunhem ostensivamente enclausurados nos seus estilosos e potentes popós.

Descontraído a caminho do metro, parei no passeio junto à passadeira do costume. Àquela hora a rua tem pouco movimento, o que quer dizer que é convidativa aos aceleras, sempre atrasados para o que quer que seja. E disso eu já sabia. É uma rua com boa visibilidade, a passadeira encontra-se assinalada mas está mal visível na parte mais estreita da rua, junto a uma velha casa que a estrangula. Do lado direito não vêm carros, do lado esquerdo vislumbro um veículo ao longe com os faróis ligados. Dá mais que tempo para passar, penso. Desço o passeio e empreendo a travessia voltando a olhar para a direita. Mal dou dois passos, viro a cabeça e aquele carro passa mesmo à frente do meu nariz, a toda a velocidade e fora de mão. A deslocação de ar que provocou à sua brutal passagem levanta-me os cabelos e, instintivamente, eu dou um salto para trás, pondo as mãos na cabeça e tentando perceber se ainda estava vivo. Petrificado com o susto, miro para a traseira da viatura que não me deu passagem, e percebi então que os artistas já aprenderam um novo esquema. Num displicente acenar de braço, desculpam-se com o ar mais descontraído do mundo, género a referir, deixe lá, não o vi, ou então aguenta pá, era só o que faltava, travar para o deixar passar!. Por um triz não fui mais um número a acrescentar ao rol de vítimas por atropelamento no Porto. Por um pequeno triz teria de concordar com os fumadores que dizem, sabe-se lá se não morro primeiro debaixo de um carro!


quarta-feira, outubro 20

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De partida, e não indo directo ao assunto, não sei se faço sentido ou venha a ter razão. Só quero ter liberdade, soltar a exclamação, enfeitar-me de pérola, doçura ou imaginação. Quase nunca sou protagonista nem sentimentalista. Machista? Ui... também não! Não sou fraco, não me dou sem nó. Às vezes dão voltas e mais voltas e lá acabam por me encontrar. Imaginem a situação! Minimalista? Talvez, se encontrar a "ção". Encerro aqui a história? Queriam, mas nem morto. Se conto ou não conto, pouco importa para a questão. Vejam como vai a minha emoção. Até já estou em ebulição. Sabem o que acontece quando me tentam picar? Fico em cruz, procuro equilíbrio ou interrogação. Pronto, há muito que passei do meu meio e me aproximo agora do final, mas não quero revelar o epílogo da minha história. Misterioso, corto aqui o enredo e saio de fininho… só que alguém comenta: Oh pá, tu és cá um ponto! É um ponto de vista!


segunda-feira, outubro 18

estado da nação

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Sexta-feira passada o Ministro entregou uma pen e o país ficou a conhecer as propostas do Governo contidas no Orçamento de Estado para 2011. A partir de agora a Assembleia da República vai ter de apreciar este rico prato que nos está encomendado. Em função da actual maioria relativa do PS na Assembleia da República, a batata quente estará do lado do PSD. Em primeiro lugar o Governo vai condicionar o parlamento para a desesperante situação financeira do país e apelar à responsabilidade política da oposição para aprovar o seu suposto milagroso, rigoroso, credível e exequível orçamento. Que em nome da justiça fiscal e do défice orçamental, é restringindo as deduções fiscais, espoliando as pequenas economias familiares e esvaziando os bolsos dos contribuintes, que o país se salvará! Pelo outro lado, toda a oposição vai criticar o Governo e gritar ao vento que o Orçamento é ignóbil, injusto e indigno. Que o país não suporta maiores cargas fiscais, mais aumentos de impostos, e que o reduzido investimento público irá continuar a fustigar o crescimento económico e a garantia de caminharmos para uma recessão. Os argumentos são os de sempre, usados e abusados consoante as vontades e as tácticas do treinador. Como ao intervalo de um jogo as equipas mudam de campo, assim mudam os dois maiores partidos de políticas, só a bola que pontapeiam é a mesma. É assim que nós ficamos no meio deste espalhafato todo, chutados para fora!

Utilizando aquela curiosa imagem do galo que, segundo um email enviado por uma amiga, representa o contribuinte português em 2013, diz o seguinte: “Não interessa o quanto o fisco te tenha depenado, o mais importante é andar sempre de cabeça erguida!!!”. Ora eu contraponho que, mesmo sendo todo depenado, o mais importante é conseguir manter o pescoço!


sábado, outubro 16

gabinetêvê [13]

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MOMENTOS

Este filme de excelente qualidade, que me foi dado a conhecer via e-mail pela Sandra, é produzido por Nuno Rocha, um promissor realizador de sucessos. Filmado em Abril nas ruas do Porto, é uma pequena história de sete minutos com um grande apelo emocional, que nos faz reflectir e perceber que a vida não deve ser desperdiçada. Fica aqui em exibição, aproveitem também para ver.





Bom fim-de-semana.


sexta-feira, outubro 15

por via da dúvida

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- Então! Agora há portagens?

- Há... mas são verdes!


quinta-feira, outubro 14

esperança

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Durante longos 69 dias encurralados nas entranhas da terra, 17 dos quais sem se saber se estariam vivos, 33 mineiros refugiaram-se a mais de 600 metros de profundidade procurando a sua sobrevivência. Racionalizaram os poucos mantimentos que mantinham na esperança e crença de que sairiam dali vivos. Desde que foram descobertos, todo o mundo seguiu a sua saga e esperou em conjunto a possibilidade de resgate. Ontem viram finalmente a luz da superfície e as caras de felicidade de quem ansiou, chorou e rezou por eles. Graças à coragem e abnegação dos 6 socorristas que desceram e permanecem até ao fim naquele refúgio subterrâneo, à colaboração das entidades que emprestaram a tecnologia necessária para um resgate que ficará para a História, foi possível a estes 33 heróis renascerem das profundidades na sua Fénix e fazerem crer que quem acredita e espera sempre alcança. Missão cumprida Chile.


quarta-feira, outubro 13

exercício de imaginação

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Encerrado o expediente dos chamados dias úteis, desligo o computador e saio na tarde luminosa deste sol outonal, a tempo de aproveitar o tempo. Poderão dizer que sou um sortudo. Pois sou, e ainda que me seja difícil narrar com fidelidade toda a gama de sensações, cheiros, cores, sons, temperaturas, paisagens, descobertas, reflexões e alguns sustos pela azelhice dos automobilistas, tenho um chão imenso à minha frente para as rodas tocarem.


Sempre gostei de ter a minha solidão. Uma pequena necessidade de me encontrar só por uns momentos, só meus. E na bicicleta encontro as forças que necessito para pensar, reflectir com destino, o mesmo de sempre. O caminho poderá ser longo, a estrada tortuosa, mas esta minha via verde incentiva-me a seguir, a prosseguir no pedal e a chegar lá, apreciar um olhar, absorver as alegrias que recebo nos seus sorrisos. Olá Mãe, olá Pai.

E o Sol contempla-me agora com os seus braços de fogo, com o cheiro morno de mar, e nem o vento perturba essa paz e toda a perfeição da natureza. O tempo parece caminhar lentamente e o astro despede-se com o seu lindo espectáculo, enxergando-me o caminho de volta. As pessoas deviam aprender a apreciar estas maravilhas. Reclamam sempre das suas vidas, têm medo da solidão e procuram qualquer coisa que lhes dê sentido aos dias. Não percebem a arte que é viver, simplesmente viver, sem precisar procurar tesouros perdidos nem… hããã, o qu'é isto!
Desculpem, fui acordado pelo telemóvel!
...

Estou...


segunda-feira, outubro 11

triste época

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Opinião preconcebida, formada e realizada geralmente em forma de uma atitude discriminatória perante pessoas, culturas e tradições. É a pior forma de autoritarismo social de uma sociedade doente. Causado por pura ignorância, porque o outro é diferente, pensa diferente, comporta-se diferente. É uma generalização superficial da razão e o ponto de partida para um juízo errado e gerador de conflitos agressivos, marginalização, isolamento e medo. A sociedade é impaciente, as pessoas não pensam pela sua própria cabeça e não tentam compreender o outro. E com o desconhecimento pejorativo, surge uma das faces mais tristes das relações humanas: o preconceito. De uma forma ou de outra já todos fomos vítimas de uma atitude preconceituosa. Para além de todo e qualquer tipo de fobias que possam haver em relação às pessoas, eu pensava que a pior seria quando alguém, por motivos de saúde, se via de repente vítima de tais atitudes preconceituosas perante outro que considerava ser seu amigo. Mas quando eu vi esta notícia não pude deixar de sentir vergonha por viver numa sociedade que se diz moderna e para quem a simples identidade de uma pessoa não merece sequer um pingo de respeito. "Triste época! É mais fácil desintegrar um átomo que um preconceito", disse Albert Einstein. Mas afinal, vinda de onde vem esta partialité nem se estranha assim tanto!
(para ver a notícia clicar nas letras azuis)


sexta-feira, outubro 8

de molho!

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O alerta era amarelo e agora já é laranja. Qualquer que seja a cor que a Protecção Civil queira dar a este mau tempo, pelo menos já estou no bem-bom. Deixei o guarda-chuva a pingar, larguei os sapatos à porta, todos ensopados naquela poça da fotografia, e estendi as calças a secar. Roupão e chinelos nos pés! Ora venha de lá esse chá aromático e não esquecer as torradinhas, ó faxabôre. Vão-me saber muito bem, como estes próximos dois dias inteirinhos a chonar. Bem, lá se foram os planos das pedaladas, mas também não se pode ter tudo, né?

Bom fim de coiso...


quinta-feira, outubro 7

histórias de vida

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Para ele era um trabalho. Todos os dias vinha a pé desde o bairro social até à baixa da cidade. Ficava das sete da manhã à noite, ali na mesma avenida, serpenteando entre carros estacionados e sinais de proibição. Cumpria o seu horário, suportava pacientemente a cara feia dos dias, recebia muitas negas e algumas moedas, dadas com má vontade. Era ao ar livre que as conseguia, de jornal enrolado na mão e acenos espalhafatosos a desenrascar os condutores que passavam por si. E não lhe faltavam clientes, nem concorrência. Muitos saiam do carro de olhos fixos no chão, não querendo ser importunados por nenhum marginal ou drogado. Ignoravam a realidade daquele homem. No final do dia ele juntava o apurado. Dezanove euros e alguns cêntimos que dava à mulher sob o olhar curioso dos seus seis filhos. Um pequeno tesouro se amontoava ali, e tudo era para eles. Roupa e comida na mesa. Um dia lhes dirá como arrumou as suas vidas.



terça-feira, outubro 5

parabéns sôdona República

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Quase todo o Portugal celebrou nesta data o centenário da velha senhora. A aniversariante nunca teve uma vida facilitada. Para além de nascer de parto difícil, passou por conturbados momentos na sua infância e puberdade. Na seguinte fase da sua existência, o intitulado "Estado Novo" fez-lhe a vida dura ao longo de negros anos. Abril clareou-lhe os dias de liberdade e esperança. Enterrou na sua história a dita dura e, ao lado do Povo e da Democracia, a velha senhora tem sobrevivido em sã convivência. Para quem tem cem anos até que está bem conservada. E agora, mais que nunca, compete-nos a nós mantê-la de boa saúde e fazê-la seguir os seus preceitos, não permitir que o Governo faça marcha a ré na sua função, pública.


segunda-feira, outubro 4

efeitos secundários de uma manhã de segunda-feira

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Aqui na instituição, de dois em dois anos, temos a Consulta de Saúde Ocupacional, uma espécie de Inspecção Periódica Obrigatória que nos revira dos pés à cabeça. Analisam-se fluidos corporais, medem-se tensões acumuladas, auscultam-se os bofes e o motor. Há dias fui à revisão dos 16.000 para hoje, manhã bem cedo, voltar lá e me informarem se estaria aprovado, ou seja, saber os resultados. Após uns minutos de suspence e depois da médica não tirar os olhos do processo e ler todos os relatórios, sou acordado do meu entorpecimento matinal: Ó homem, você vende saúde! Por momentos até fiquei a pensar que seria uma boa notícia mas, depois de ver a cara da médica, percebi que neste país isso de vender saúde nunca iria ser um negócio rentável!

(foto: science-diet)


sábado, outubro 2

tu também?

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Oh pá... se eu gostava de ir, mas infelizmente não estarei lá. E aos fãs que terão o privilégio de assistir ao concerto dos U2, hoje ou amanhã em Coimbra, epá, divirtam-se muito, comigo ou sem... migo!




sexta-feira, outubro 1

reposte 6 [a cidade por outros caminhos]

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A noite estava excelente. O jantar que esteve previsto deu lugar a um par de horas de convívio no Peter´s, com o copo de Gin a acompanhar. Acabamos por chegar mais tarde do que eu previa, mas foi bom, muito bom. Adoramos rever o jove e simpático casal, Rafeiro e Gata, de visita ao Porto e de passeio por um dos lugares mais emblemáticos da metrópole tripeira, que me confessaram gostarem muito. Viajar é viver. Um bom regresso e até a um próximo encontro.

Republico o post do lugar mais emblemático, a Ribeira:

pimp your myspace

(fotos da Internet)

... é perante este cenário que procuro descansar por alguns instantes as minhas pernas dos pedais. Detenho-me hipnotizado e admiro-o, sobranceiro, lá na outra margem de um encanto genuíno. O meu Porto, velho e rude, típico e tradicional, com tanto ainda para descobrir. É lá, na Praça da Ribeira, do Cubo, o ponto de partida para esta viajem, de palavras, através dos tempos entre o antigo e o contemporâneo, no contemplamento de um olhar, tendo o Douro como companhia. Da zona ribeirinha se avista a Ponte de Luís I, a Serra do Pilar, o Cais de Gaia, os barcos Rabelos. Olhando em redor, revive-se o passado nas famosas arcadas do Muro dos Bacalhoeiros, o que resta da Muralha Fernandina construída no século XIV e a velha praça, guardiã dos sentimentos das gentes da Invicta. Até ao Postigo do Carvão, nas suas ruas estreitas e das mais antigas da cidade, ladeadas de seculares habitações, algumas recuperadas, a maioria deterioradas, aqui e ali, há tascas de comes e bebes e casas de comércio que oferecem a simpatia da gente tripeira. A casa da Filha da Mãe Preta, a Canastra da Ribeira, Peza Arroz e o D. Tonho servem à mesa os mais intensos e tradicionais sabores da região. Uma escultura de baixo relevo relembra o trágico acidente da Ponte das Barcas ocorrido há 200 anos e uma das figuras mais marcantes da história portuense, o Duque da Ribeira, a cidade não esquece e presta a sua homenagem num busto de bronze. "Duque, símbolo e sentido, testemunha e protagonista da vida da Ribeira". Restam dois obeliscos da antiga Ponte D. Maria II, vulgarmente conhecida como Ponte Pênsil, ali mesmo ao lado da Ponte Luís I, sua substituta. Da autoria de Teófilo Seyrig, sócio de Eiffel, esta travessia de aço, dupla e elegante, recentemente adaptada para a utilização do metro, é o elemento principal e harmonioso que caracteriza a deslumbrante paisagem entre as duas cidades. Na Praça da Ribeira e no Cais de Gaia estão atracados barcos turísticos, réplicas modernizadas dos típicos barcos Rabelos, que possibilitam pequenos cruzeiros onde se pode usufruir de uma vista privilegiada das duas margens e uma experiência memorável ao sabor de um gratificante cálice de Vinho do Porto.