sexta-feira, novembro 28

papel, massa, graveto, pilim, tusto, cacau, guito, carcanhol... aéreos!

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Força do trabalho, meio usado na compra de bens e serviços. A vida depende sempre do dinheiro. Se andasse por aí a perguntar se o dinheiro traz felicidade, alguns diriam que sim, mas aposto que a larga maioria diria que não, claro que não! Como quase tudo na vida isso é muito relativo. Depende sempre da perspectiva que cada um tem, da forma de estar na vida e do que espera dela. Se a felicidade poderá estar em coisas abstractas como no amor e na amizade, na saúde e na família, naquilo que o dinheiro não deverá comprar, temos necessidades materiais que contribuem para a felicidade, bens que só o nosso velho amigo e sumido dinheirinho pode comprar, se o encontrarmos na carteira ou no extracto bancário, claro está! Eu procuro ter a minha felicidade centrada em algo abstracto, e muitos dirão o mesmo, mas dependeremos sempre do vil metal, tanto para subsistirmos como para garantirmos algum conforto e prazer, serve para alcançar algo que nos propiciará alguma felicidade ou a possibilidade em fazer outros felizes. A minha felicidade é também ver que posso oferecer alguma felicidade aos outros e o dinheiro, fruto do meu trabalho, ajuda-me, às vezes! Está a chegar o fim do ano. Saudemos então aquele que veio ao mundo só para nos salvar, o subsídio de Natal... Salve, salve... aleluia, salve!

Poupem-no e sejam felizes!



Jason Mraz - I'm Yours



quinta-feira, novembro 27

e assim é...

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Levou o seu tempo, mais do que o previa, mas finalmente consegui publicar o poste diário. Primeiro porque tenho andado enfiado em resmas de papelada, impedido de pensar em nada mais do que no rotineiro trabalho, e depois porque não pude aplicar a minha máxima laboral “deixa para amanhã o que podes fazer amanhã”! O dia está lindo, com um céu azul e muito frio... frio, muito frio! Esta manhã acordou com um frio de rachar que me arrepiou os pêlos do nariz mal saí à rua. Cheguei tão regelado ao gabinete que nem sentia os dedos bater nas teclas e o café teve um efeito efémero. O dia continua ensolarado lá fora, está muito bonito sim senhor, e é tão bom sentir estes raios de calor a entrar pela janela. Vou para junto da janela aquecer a vontade e o humor, de vez em quando sabe bem trocar o ambiente de trabalho.

Esta semana parece-me interminável! Alguém sabe onde posso encontrar um feriado?!




Imagem daqui


quarta-feira, novembro 26

registada e com aviso de recepção

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terça-feira, novembro 25

o poste que está reservado para quando não há poste!

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Nós, os seres humanos, homens e mulheres, somos mesmo uns animais muito estranhos! Podemos ser muito diferentes uns dos outros, ser brancos, mulatos, pretos ou amarelos, altos ou baixos, gordos ou magros, olhos diferentes, com cabelos escuros ou claros e mesmo cobertos de pêlos e de sardas. Vestimos das mais variadas formas, comunicamos das mais diversas e curiosas maneiras, mas será que não há nenhum outro animal que possa “concorrer” com o Homem? Que outro animal ou criatura é capaz de mentir, de amar, de trair, de odiar, de amar e depois odiar, de beijar, de ter muitos outros comportamentos estranhos? Os humanos são muito diferentes, e sem dúvida, também muito estranhos. Tal como alguns animais, temos hábitos mais ou menos estranhos: arrotamos, coçamos, bocejamos, peidamos, dormimos, sonhamos, roncamos, rimos, brincamos, jogamos, ficamos velhos, carecas, gordos, sentimos, suamos e cheiramos mal. Lutamos por ganância, por ódio ou pura vingança. Lutamos por um par, dizendo que vai durar para toda vida e não dura nada. Os animais lutam pela sobrevivência e também pela necessidade de um par, mesmo que não seja a vida inteira.

"O Homem não é o único animal que pensa, no entanto é o único que pensa que não é animal."


segunda-feira, novembro 24

efeitos colaterais

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Chegado ao tão desejado fim-de-semana, e depois de uma semana profissionalmente bem "animada" e preenchida, esperava eu aproveitar ao máximo estes dois dias de descanso. O Sábado estava como que abençoado por um luminoso e quentinho sol. Aproveitamos a manhã ao máximo num encantador passeio pela baixa portuense e, imbuído pelo fernezim habitual desta época, acabei por gastar uns euritos numas compras natalícias antecipadas. Para a noite estava combinado um jantar com velhos amigos. O convívio foi bem condimentado e humorado, teve os seus momentos e peripécias cada vez mais divididos entre as nossas boas recordações e as diabruras da crescida pequenada. Embora já não seja adepto do habitual cigarrito após o repasto e o café, acompanhei os fumadores e fui com eles na conversa para a tal zona, arejada e gélida, que lhes é destinada. Coitados, pensei eu, isto assim já não dá é prazer nenhum! Se não fosse a companhia e a boa disposição, não estaria eu para aqui a rapar um briol destes, dizia entre dentes! Já na cama, uns suores estranhos, acompanhados de uma cada vez mais forte ardência na garganta, não me deixaram o sono tranquilo, e de manhã chegou a factura! Não, não estou a falar da factura do jantar, que até teve a sua caricata e insólita piada, mas essa já é outra história. Dizia eu que chegou a minha factura, discriminada em dores de garganta, corpo dorido, uma imensa preguiça acompanhada do inevitável pingo de muco nasal. Parece que estou pr'aqui a chocar uma gripe, admitia eu enquanto olhava pela janela e confirmava o belo e solarengo dia que estava lá fora. De caneca a escaldar, pantufas e de lenço em riste, a manhã foi dedicada a um delicioso dolce fare niente, enroladinho no edredon, enquanto reproduzia uma irritável sinfonia de espirros. Que bela maneira de passar o Domingo, não? Nem pensar! Se querem saber não fiquei em casa. Posso não ter dado o meu intencionado passeio de bicicleta mas fui dar uma voltinha a pé pela praia, e que bem que soube! Agora só espero não piorar os efeitos colaterais daquela noite e logo mais poder estar presente e assistir ao lançamento do ano.


Boa semana.


sexta-feira, novembro 21

desafio

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A nossa aniversariante deixou-me a rica prenda de colocar uma fotografia minha, já todos a conhecem mas tá bem, lá vai, e escolher um cantor ou banda ao qual terei de dar respostas com títulos das suas músicas: Escolhi os Xutos porque são para mim a melhor banda portuguesa de sempre:



1) És homem ou mulher? O Homem do leme

2) Descreve-te:
Andarilhos

3) O que as pessoas acham de ti?
Não sou o único

4) Como descreves o teu último relacionamento:
Queimando tempo

5) Descreve o estado actual da tua relação:
Para sempre

6) Onde querias estar agora?
A minha casinha

7) O que pensas a respeito do amor?
Circo de feras

8) Como é a tua vida? Pequeno pormenor

9) O que pedirias se pudesses ter só um desejo?
Desejo

10) Escreve uma frase sábia:
O que foi não volta a ser


Como se sabe eu não repasso desafios mas deixo pelo menos o de cantarmos os parabéns à nossa querida Ka.

Vá lá, todos juntos:


quinta-feira, novembro 20

conto

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No meio de tantas letras havia um sujeito muito composto, perdidamente apaixonado por uma vírgula vaidosa que quase nunca se aproximava dele. Ele desejava-a tanto, tanto, que passava o texto todo a irradiar o seu charme. Musculava até a primeira letra para atrair a vistosa mas o pronome possessivo não ia na conversa e dava ordens aos verbos para a colocar no meio da frase. A cada parágrafo que se passava ele ficava ainda mais encantado com as curvas da vírgula. Ficava ali quietinho, discretamente inexistente, na esperança vã de ela passar por perto. A sua sílaba mais tónica não se conteve e revelou tudo aos adjectivos. Logo a eles, esses invejosos! Reuniram-se com os substantivos, com os advérbios de modo e os verbos. Não queriam que o sujeito tivesse direito à companhia da vírgula. Chamaram de todos os nomes ao sujeito e à vírgula colocaram-lhe o ponto em sobreposição. Os ciúmes, ai o ciúmes, corroía-lhes o sentido de tão obsessivos, que juntos reclamaram com o autor. Só que, infelizmente para eles, o conto tem momentos de amor e felicidade. O autor desta vez escreve um romance! A vírgula, mesmo no meio da frase, já há muito tinha percebido os sinais do sujeito e cada vez mais tinha interesse por ele. Já não suportava os ciúmes dos seus amigos, mas uma grande amizade é para sempre, e como tal queria manter o contexto com os adjectivos, com os verbos e as restantes palavras. Adorava brincar com eles e, com eles, queria continuar a ser feliz, os seus amigos é que teriam de se sujeitar à sua vontade, ao seu romance, e ponto final.


quarta-feira, novembro 19

divertido, colorido e bem condimentado

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"Um casal de meia idade, e com dificuldades na sua vida sexual, resolve consultar um especialista. Este depois de ouvir os cônjuges, pede ao marido para sair, pois pretende fazer algumas perguntas à sua esposa.
- A senhora tem orgasmos? - pergunta-lhe o médico.
- Orgasmos!!! Só um momento, xotôr...
Abre a porta do consultório e pergunta ao marido que se encontrava na sala de espera:
- Ó Manel, eu tenho orgasmos?
- Não, tens a ADSE - responde o marido!"

-/-

"Onde é que tu estavas? - pergunta a mãe à Luisinha.
- No quarto, a brincar aos médicos com o Joãozinho. Ele era o médico e eu era a doente.
A mãe dá um grito e um salto da cadeira:
- Aos médicos!?!?!?!
- Médicos da Segurança Social, mãe... ele nem me atendeu!"

-/-

Por José Gomes Quadrado

"quase todos os dias "visito" o seu "blog", porque é divertido, colorido e bem condimentado, mormente quando delicadas mãos femininas lhe acrescentam uma pitadinha de pimenta. Em jeito de desafio, dedico às intervenientes directas a seguinte anedota:

"Um homem (ainda no activo) entrou numa farmácia para comprar preservativos. Tímido como era, esperava numa extremidade do balcão que o farmacêutico o atendesse. Mas surgiu uma jovem empregada que lhe perguntou:
- O senhor o que deseja?
Depois de engolir em seco, o tímido levou a mão ao peitilho da sua própria camisa e perguntou:
- Vendem cá destas camisas?
- Que disparate! Claro que não!
- Então, venda-me meia dúzia das outras."

Depois de servido, o homem saiu apressado, enquanto a jovem com duas colegas, atrás dos armários, riam a bandeiras despregadas à custa desta timidez masculina. E foi uma delas que me contou esta cena, não me admiraria se ela ou outra a tivesse contado a alguém visitante deste "blog".

(Recebido por e-mail)


terça-feira, novembro 18

identidade

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(outra foto de minha autoria)

Das coisas mais importantes que possuímos e que nos é dada à nascença, ou mesmo antes disso, o que nos define para toda a vida e nos dá a nossa identidade, é o nome. Próprio, amado, ignorado, odiado, porque não foi escolhido por nós, é o nome que define a nossa personalidade, que nos faz ser pessoas. Identifique-se? Fulano de tal! A identidade é um nome igual a tantos outros, o nosso maior bem, a palavra com que nos chamam e que não é propriedade privada. Pseudónimo, artístico, "nick", ai tão giro, profissional ou alcunha, o nome tem um dono. Eu tenho quatro, dois próprios e outros dois de família. Dessa forma foi inventado, baptizado, apelidado. Um dia esquecido.

Eu gosto do meu nome, Dos dois próprios escolhi um e não sou muito de apelidos. Se há algo que me atormenta é quando, regularmente, me esqueço do nome de pessoas com quem me relaciono, tanto a nível profissional como social. Ainda ontem um conhecido cruzou-se comigo na rua e, para além de mal o ter reconhecido à primeira vista, não é que não havia maneira de me lembrar do nome dele! Tive que me desdobrar em conversas, desconversas e amabilidades para que não desse conta do meu lapso de memória. Acho que deveriamos ter reservada uma memória específica no nosso cérebro só para guardar nomes, no entanto a minha já está quase esgotada. Também pudera, quem foi o(a) iluminado(a) que deu o nome de Antímio a um filho! Outra coisa que me faz tremer as orelhas é quando me chamam de “pssssst”, “oh pá” ou “jovem”! Obrigadinho pelo elogio, oh pá!



segunda-feira, novembro 17

viajem

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Adoro sair pela cidade a pedalar, de preferência por um caminho diferente. Bem cedo, bem equipado e bem disposto, só ou com a companhia habitual, pedalar pela cidade ao Domingo de manhã é muito bom, é uma experiência renovadora. Há calma, há perfume no ar, há o silêncio específico do lugar. Na rua convive-se com a cidade, com a natureza, com o movimento dos outros que andam a pé ou de bicicleta, com os olhares das pessoas que sentadas aproveitam os raios de sol do Outono. E como estava maravilhosa esta manhã! Lá voltou a vontade de retomar o meu caminho de mais uma vez descer até ao mar, até ao rio, até ao percurso habitual. Da viagem do presente na marginal do Douro ao registo fotográfico do passado nas fotografias do meu irmão.


(Cais de Gaia)


(Cais da Afurada)


(Ribeira)

(Freixo)


(Ribeira)


(Deste nunca me esqueço)


sexta-feira, novembro 14

na bicicleta [4]

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Ao jeito dos TêPêCês da minha amiga ka, hoje faço uma proposta, um pequeno desafio a quem me visita, enquanto saio por aí dando umas longas pedaladas no fim-de-semana, e sem vestígios de gotas de chuva na cabeça, espero! Então que tal deixarem um comentário sobre este excerto de filme. Qual o filme, sobre os actores, sobre a música, digam o que quiserem. Entretanto irei fazendo as minhas visitas.



Bom fim-de-semana.

Com o titulo original de Butch Cassidy and the Sundance Kid, realizado em 1969, é um dos mais populares e típicos westerns de toda a história do cinema. Combina aventura, romance e comédia para contar a história verídica de um dos mais adoráveis fora-da-lei do Oeste. Quando se tratava de arquitectar planos para ganhar fortuna fácil ninguém era mais rápido do que Butch Cassidy (Paul Newman), e o seu companheiro inseparável Sundance (Robert Redford) até fazia magia com uma arma nas mãos. Estes dois ladrões de bancos e de comboios fartam-se de fugir ao xerife e partem para a Bolívia com a namorada de Sundance (Katherine Ross). Nem o facto de não entenderem nada de espanhol foi problema para os dois mais simpáticos fora da lei que já cavalgaram pelo Oeste.

Paul Newman e Robert Redford, que passou a ser conhecido pelo grande público com este filme, eram uma das duplas mais afiadas do cinema, tanto que repetiriam a experiência em Golpe de Mestre. A banda sonora do filme é outro dos seus destaques e a cena do passeio de bicicleta ao som de "Raindrops keep fallin on my head" de B. J. Thomas, vencedora do Óscar, tornou-se clássica. A fotografia, também vencedora do Oscar, é outro trabalho primoroso.

quinta-feira, novembro 13

sentir

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Procuro a tua mão. Seguro-a à minha, tão real quanto o ar fresco nas nossas faces e o salgado das ondas que vem molhar os nossos pés. Por breves instantes me distraio para senti-las, para guardá-lo na minha mão, o nosso amor que como elas é vigoroso, vai e volta, forte. Algumas, distantes, pareciam enormes, imensas e quando chegavam à praia, vinham mansas e fracas, só molhavam ao de leve os nossos pés. Outras parecem calmas e inofensivas ao longe, mas chegam turvas e revoltas, quase nos derrubavam, nos levam com elas. Mas as ondas são ondas, vêm e vão, pertencem ao mar.
Sinto a tua mão na minha, firmes teus cabelos esvoaçantes da maresia na minha boca, teus passos junto aos meus compassados por aquelas ondas. A tua mão solta-se da minha e te afastas. Deixa-me envolto em vagas de dúvidas. Serias tu como as ondas, de volta ao teu mar? Te aproximas de novo, trazendo um sorriso no rosto. Ofereces a concha que para mim foste apanhar na areia, pequena resistente na erosão, forte e perdida no sabor das ondas, que como muitas outras, não volta ao mar. Te agradeço com um beijo sorridente.

quarta-feira, novembro 12

será?

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Com este governo a comprar bancos falidos,
o aumento anunciado do salário mínimo para os 450€,
o preço do petróleo e as taxas de juro em queda,
o desejo mundial de mudança com a eleição de Obama,
e com as promessas para as legislativas de 2009,
será que voltaram a ligar a luzinha da esperança?


terça-feira, novembro 11

zé velhote

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Na esquina da praça ele permanece mais a sua carreta fumarenta, a motorizada. Aguenta horas a fio em pé, ao frio, a vender castanhas. Assim é, pelo menos há mais de cinquenta anos. Pode até ser este o último São Martinho de fuligem colada ao rosto. Passeantes de ocasião, pessoas amigas, de sempre, fregueses que dele gostam e ternamente o chamam de Zé Velhote, brincam com ele e compram as castanhas que ele tão bem sabe assar. São cada vez menos os clientes mas as minhas castanhas são sempre quentinhas e boas, não tem uma podre, garante enquanto enrola uma página amarela. Uma dúzia não é? Se tivesse em trocos é que era bom! Até esquece as dores nos ossos das artroses cada vez que guarda os euros, e sorri percebendo as minhas mãos que aquecem do cartucho das suas castanhas. Os anos não lhe roubaram o humor mas o fumo do assador enegrece-lhe a face. Ele sabe como agradar e em cada cartucho põe uma ou outra a mais. A preocupação com a venda faz com que se levante de madrugada, para ir aos fornecedores, para escolher e retalhar as castanhas. O velho corpo há muito que se ressente da dureza do trabalho. Estava a ver que hoje a motorizada não pegava! Danada ainda me fazia perder o dia! É do frio e está velha como eu. A diaba custa a pegar e já não estou com forças para ela. Sabe, sempre ajuda à minha reforma mesquinha! Sempre é melhor que nada, e assim dá para a conta da farmácia. É vida de pobre, solta, resignado. Não tem pregões porque não gosta de chamar ninguém. Os fregueses ainda vêm, sabem quem eu sou. Muitos conhecem-me bem. Até os turistas gostam de provar as minhas castanhas, murmura enquanto desenferruja algum vocabulário castelhano. Este deve ser o último! Já apanhei muito frio e muita chuva, carreguei muitos carregos. Sinto que já não posso! Vou guardar estas aqui, levo-as para mim e para a minha pinga. Bom São Martinho...




À praça, como um íman, me atrai
Essa agulha dos Clérigos barroca.
Deslizo num eléctrico que vai
Deitando chispas verdes pela boca.

Um D. Pedro a cavalo todo ruivo
Da irradiação fantástica do Douro.
O comboio no túnel solta um uivo
Que S. Bento diz ser de bom agouro.

O fuminho cheiroso da castanha
Faz-me perder de vista, de repente.
E comê-las do bolso não me acanha.

Ó fraterna cidade, dá-me a face
Tão velha, sem idade, adolescente,
E que em qualquer pessoa eu te abrace!

José Ames


Eddie Vedder - Guaranteed


sábado, novembro 8

na sorna

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Hoje acordei devagar, sem despertar, sem correr. Andamos sempre preocupados com alguma coisa, mesmo que não queiramos há sempre algo que corre na nossa mente, dá voltas e voltas, e nos deixa ansiosos e inquietos. Despenteado, remelas nos olhos e ensonado, procuro nada para distrair os olhos. Não quero ler, não tenho vontade nenhuma em blogar. É perguiça? Sei lá, simplesmente não me apetece pensar. Quero ficar aqui, quieto, debaixo do edredon e espreitar o céu nublado pela janela da sala, esperar que o tempo pare, sem perder tempo e energia com algo produtivo. Gostaria de estar nas penas daquele pássaro que lá fora voa livre. Queria ser uma das crianças que ouço ao longe a brincar ao faz-de-conta. Quero ficar aqui a ver estes animais que vivem uma vida tranquila, a vida deles enquanto dura. Não sou capaz de controlar o mundo, nem quero que ele me controle. O que tem de acontecer, acontecerá. Por enquanto vou ficar assim, na sorna, a relaxar.

Bom fim-de-semana.





É já segunda-feira e escrevo este post-sciptum no desejo intencionado de permanecer a sornar, mesmo estando a trabalhar. Faxabôre de não contar a ninguém, ok?
Uma excelente semana. Passem bem.


sexta-feira, novembro 7

dahhh...

Partilhar Um velho colega e amigo telefona aqui para o gabinete e é atendido pela minha nova colega de trabalho.
- Estou sim?
- Eu queria falar com o Paulo!
- O Paulo está na casa de banho! Quer deixar recado?
Percebendo a inexperiência da moça, e para a ajudar, ele resolve dar alguns conselhos;

- Olhe, não leve a mal, mas não fica bem dizer que ele está na casa de banho...
- O que é que eu digo então? - pergunta ela, ingénua.
- Diga simplesmente que ele não está, ou então que foi a uma reunião!
Dois dias depois ele volta a ligar e ela volta a atendê-lo.
- Estou sim?
- O Paulo está? - pergunta de imediato.
- Não ele não está, foi a uma reunião!
- E sabe se vai demorar?
- Olhe, da forma como ele saiu daqui, tão rápido e tão contorcido... acho que o assunto ainda vai demorar algum tempo!



quinta-feira, novembro 6

tás a ver

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Ultimamente só se tem falado do pc portátil com nome de família, e assim, aos poucos, vai ficando no esquecimento o tal do acordo ortográfico. Atento à necessidade imperial de aproximação da nossa pobre língua portuguesa à língua brasileira, eis um programa da inteira responsabilidade de um autor que desconheço, para os próximos cinco anos, para se resolver o problema da falta de autoconfiança que o povo brasileiro tem na sua capacidade gramatical e ortográfica. Em vez de melhorar o ensino, vamos facilitar as coisas, afinal escrever português é mesmo muito complicado. Para não assustar os poucos que sabem escrever, nem deixar mais confusos os que ainda tentam acertar, tudo se fará de uma forma gradual:

No primeiro ano, o “Ç” vai substituir o “S” e o “C” sibilantes, e o “Z” o “S” suave. Peçoas que açeçam a internet com freqüênçia vão adorar, prinçipalmente os adoleçentes. O “C” duro e o “QU” em que o “U” não é pronunçiado çerão trokados pelo “K”, já ke o çom é ekivalente. Iço deve akabar kom a konfuzão, e os teklados de komputador terão uma tekla a menos, olha çó ke koiza prátika e ekonômika.

Haverá um aumento do entuziasmo por parte do públiko no çegundo ano, kuando o problemátiko “H” mudo e todos os acentos, inkluzive o til, seraum eliminados. O “CH” çera çimplifikado para “X” e o “LH” pra “LI” ke da no mesmo e e mais façil. Iço fara kom ke palavras como “onra” fikem 20% mais kurtas e akabara kom o problema de çaber komo çe eskreve xuxu, xa e xatiçe. Da mesma forma, o “G” ço çera uzado kuando o çom for komo em “gordo”, e çem o “U” porke naum çera preçizo, ja ke kuando o çom for igual ao de “G” em “tigela”, uza-çe o “J” pra façilitar ainda mais a vida da jente.

No terçeiro ano, a açeitaçaum publika da nova ortografia devera atinjir o estajio em ke mudanças mais komplikadas serão poçiveis. O governo vai enkorajar a remoçaum de letras dobradas que alem de desneçeçarias çempre foraum um problema terivel para as peçoas, que akabam fikando kom teror de soletrar. Alem diço, todos konkordaum ke os çinais de pontuaçaum komo virgulas dois pontos aspas e traveçaum tambem çaum difíçeis de uzar e preçizam kair e olia falando çerio já vaum tarde.
No kuarto ano todas as peçoas já çeraum reçeptivas a koizas komo a eliminaçaum do plural nos adjetivo e nos substantivo e a unificaçaum do U nas palavra toda ke termina kom L como fuziu xakau ou kriminau ja ke afinau a jente fala tudo iguau e açim fika mais faciu. Os karioka talvez naum gostem de akabar com os plurau porke eles gosta de içkrever xxx nos finau das palavra mas vaum akabar entendendo. Os paulista vaum adorar. Os goiano vaum kerer aproveitar pra akabar com o D nos jerundio mas ai tambem ja e eskuliambaçaum.

No kinto ano akaba a ipokrizia de çe kolokar R no finau dakelas palavra no infinitivo ja ke ningem fala mesmo e tambem U ou I no meio das palavra ke ninguem pronuncia komo por exemplo roba toca e enjenhero e de uzar O ou E em palavra ke todo mundo pronunçia como U ou I, i ai im vez di çi iskreve pur ezemplu kem ker falar kom ele vamu iskreve kem ke fala kum eli ki e muito milio çertu? os çinau di interogaçaum i di içklamaçaum kontinuam pra jente çabe kuanu algem ta fazendu uma pergunta ou ta içclamandu ou gritandu kom a jenti e o pontu pra jenti çabe kuandu a fraze akabo.

Naum vai te maiç problema ningem vai te mais eça barera pra çua açençaum çoçiau e çegurança pçikolojika todu mundu vai içkreve çempri çertu i çi intende muitu melio i di forma mais façiu e finaumenti todu mundu no Braziu vai çabe iskreve direitu ate us jornalista us publiçitario uz blogeru uz adivogado uz içkrito i ate uz pulitiko i u prezidenti olia ço ki maravilia.




quarta-feira, novembro 5

números gordos

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Porque razão apenas gostamos de comemorar alguns acontecimentos, alguma efeméride, de um facto assinalável, uma data, só quando se chega ao centésimo, ao milésimo, e assim por diante? A importância e a relevância que é dada à coisa, acto ou facto, só se verifica em certas alturas! Porque não comemorar também a vigésima terceira vez de qualquer coisa quando se chega lá? Por norma são sempre assinalados os números gordos, os pares, redondos! Coitados dos números impares que não têm direito a comemorações, só mesmo se associados a superstições, o 7 da sorte e o 13 do azar! Deixa-me intrigado quando alguém assinala que se atingiu a contagem dos 5000, não sei do quê, e não se releva o feito de já se ter alcançado o número 4999, tão importante como outro qualquer? E se por acaso a contagem ficar por ali, terminar a unzinho do tal número redondo, a comemoração fica assim no esquecimento, por assinalar? De facto é estranha a necessidade que se tem em dar tanta importância a determinadas coisas só pode ser alcançada através da contagem, as bodas de ouro pelos 50 anos de casamento, ou o disco de platina pelos 20 mil cêdês vendidos, e vaiar o treinador pelos 3 jogos seguidos sem o meu clube de futebol ganhar…


Viva o poste nº 237, e para já não há mais celebrações aqui no gabinete!



“A informação que temos não é a que desejamos. A informação que desejamos não é a que precisamos. A informação que precisamos não está disponível.”

John Peers


terça-feira, novembro 4

finalmente

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Não poderei estar indiferente às eleições presidenciais americanas. Num país que se diz "democrático", onde apenas existem dois partidos políticos, claramente conservador, população extremamente consumista e na maioria ignorante, decide hoje qual dos candidatos irá ocupar a sala oval da Casa Branca. Quer queiramos quer não, serão eles a escolher quem influenciará a política mundial. Eu vou “votar” Barack Obama, ou melhor gostaria de votar. O que está em causa é muito mais do que uma simples eleição de um presidente num país qualquer, é muito mais do que isso, e como tal deveríamos, nós a população mundial, ter também uma palavra a dizer. Penso que a vitória de Obama traria uma postura mais democrática, mais séria nas relações exteriores e nos conflitos mundiais, principalmente na diminuição da preponderância militar americana nos conflitos actuais e fazer da diplomacia a arma primordial na procura de soluções. A eleição do primeiro presidente negro poderia também trazer mais equilíbrios culturais e sociais à população norte-americana, uma maior integração, conhecimento e respeito entre classes, entre a população dominante e as minorias negra, hispânica e muçulmana, sem muita representação política. Também nutro alguma simpatia por John McCain, possuidor de uma larga experiência de vida, tanto militar como política. As suas propostas para a solução da grave crise económica americana são importantes e demarca-se claramente das políticas da administração anterior. Obama ou McCain? Não importa quem seja o eleito, o que realmente é de enaltecer é que se ponha termo ao desastre verificado nestes últimos 8 anos. A partir de hoje, seja qual for o escolhido, uma coisa é certa, Bush passará à história como o pior presidente que a América alguma vez teve e de uma vez por todas o mundo vê-se livre dele. É hoje, finalmente!




segunda-feira, novembro 3

juntos

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Depois da minha colecção de carrinhos da Matchbox, se havia brinquedo que me deixava encantado, com que dava largas à minha imaginação, e com eles perdia horas e horas a brincar, eram os legos. O que eu adorava brincar com legos! Ficava lá, distraído no tempo mas concentrado a separar as pecinhas espalhadas no quarto por cores, formatos e tamanhos, calculava as peças necessárias para as minhas construções, encaixava-as uma a uma até se juntarem todas. Como naquela altura os legos não estavam acessíveis a qualquer um, a minha colecção era ainda muito pequena e pouco variada. Lembro que ia para casa de um amigo brincar com os que ele tinha, e eram tantos! Passava lá horas, tardes, a construir palácios, peça a peça até ao resultado final, até que alguém me lembrava que tinha de regressar a casa. Saia de lá sempre com o desejo de recomeçar a encaixar, a desmontar, de voltar para o meu curso de engenheira de plástico. Quanto mais brincava com os legos, maior era o meu desejo de poder aumentar a minha colecção. Sonhava que o meu pai chegaria a casa com uma caixa cheia deles, todinhos para mim, mas quando acordava a realidade não era essa! Enquanto estivesse rodeado de legos, brancos, amarelos ou azuis, rodinhas e portas, de três e seis encaixes, telhados vermelhos e bonecos sorridentes, eu estava no meu mundo, do faz de conta, e tudo o resto me passava ao lado. Tudo o que queria era construir as máquinas mais estranhas, indestrutíveis aos berlindes e às quedas forçadas, construir as casas mais bonitas, pontes e carros, eu sei lá, uma imensidão de coisas que só terminava quando a hora era tardia pois a imaginação levava a tudo. Ainda sou capaz de pegar nesses pedacinhos de plástico e molda-los ao meu jeito. Não tenho já o mesmo interesse nem os mesmos sonhos de criança mas continuo a ter muita imaginação. Pai, que estás a fazer com os meus legos? Olha lá, e se os arrumasses todos como eu te mando? Assim eu não teria de os procurar e remexer no saco do aspirador de cada vez que os aspiro em baixo da tua cama!

Que importa, esses pequenos cubos coloridos de plástico são mágicos, assim espalhados pelo chão, e que nos transportam aos dois, de cócoras no meio do quarto, no nosso desejo de continuar a sonhar e brincar, juntos.


sábado, novembro 1

a voz que veio do futuro

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Peter Murphy é um dos grandes senhores da música independente e quando se fala no seu nome é impensável separá-lo do percurso percorrido com os míticos Bauhaus, ainda uma das maiores referências no meio alternativo. Continua a encantar com a sua potente e característica voz e, talvez mais do que nunca, prova a cada espectáculo estar na sua melhor forma.

Depois do espectáculo, esgotado, em Novembro do ano passado, no Pavilhão Municipal de Gaia, e do concerto no Festival Marés Vivas, também em Gaia, em Julho, Peter Murphy regressa a Portugal este fim-de-semana e vai interpretar músicas que marcaram muito as preferências musicais na minha adolescência, os anos oitenta.

Terminada a etapa dos Bauhaus, em 1983, formou conjuntamente com Mick Karn dos Japan os Dalis Car. Passados três anos após o fim dos Bauhaus, Peter Murphy estreia-se em discos a solo, e em 1990 surge o álbum mais conhecido da sua carreira, "Deep".




O single "Cuts you up" foi um dos êxitos desse ano, tendo-se mantido sete semanas no top, acompanhado de uma grande exposição a nível de rádio e televisão.

Em 2002, é editado "Dust", álbum que recolhe influências da música oriental, o que se deve, em grande parte, ao facto de Peter Murphy viver há muitos anos na Turquia. Em 2005, publica "Unshattered", o seu último disco até agora. O álbum tem canções pop, mas sem abandonar por completo o registo alternativo e as habituais aproximações à world music.

Fonte JN