sexta-feira, outubro 30

filosofias destas, eu gosto!

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Uma professora dá início à sua aula de filosofia e, sem dizer uma palavra, coloca na mesa num frasco de vidro vazio. Depois pega numa caixa de sapatos, por sinal bem pesada, e de dentro retira alguns seixos grandes que coloca dentro do frasco. A seguir, pergunta aos alunos se o frasco estaria cheio, ao que eles respondem afirmativamente. Então, a professora retira da caixa mais seixos, mas, desta vez, bem mais pequenos e que preenchem espaços vazios entre os seixos maiores. A professora volta a perguntar-lhes se o frasco estaria cheio e, de novo, eles respondem que sim. Então, a professora pega numa caixinha com areia e esvazia-a para dentro do frasco. Agita-o bem para que a areia encha todos os espaços vazios e, uma vez mais, renova-lhes a questão. Nesta ocasião os estudantes estão mais agitados respondem com maior convicção, que sim, agora é que está cheio! No entanto, e para espanto deles, a professora retira da sua carteira uma garrafa de água e despeja-a com cuidado no frasco. É claro que a água imediatamente preenche todos os espaços vazios até transbordar. Nesta altura, os alunos riem-se da situação mas o silêncio volta rápido à sala quando reparam na expressão séria da professora. - Meninos, prestem bem atenção! Este frasco representa a vida. Nele, os seixos maiores são as coisas mais importantes, como a família, a saúde, os amigos. Mesmo sem o resto das coisas a nossa vida continuaria cheia. As pedras mais pequenas representam outras coisas também importantes, como o trabalho, a casa, o lazer. A areia é tudo o resto que a vida contém, as pequenas coisas da vida. Digam-me, se primeiro deitasse-mos a areia no frasco haveria espaço para as pedras? Não, pois não? O mesmo acontece com a vida. Se gastássemos todo o nosso tempo e energia nas coisas pequenas, nunca teríamos lugar para as coisas realmente importantes. E o importante é estabelecer prioridades. No meio da sala, um dos alunos levanta a mão e pergunta-lhe então o que representa a água. A professora sorri com satisfação e diz-lhe. Pois aqui a água representa a felicidade, e a felicidade é o que junta todas estas coisas. Faz delas as coisas boas da vida.

Tal e qual como eu faria se a esperiência fosse numa taça de gelado!

Bom fim-de-semana.

na adolescência...

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... nem tudo na vida é como queremos
mas, se realmente quisermos, podemos tirar proveito de tudo ao longo da vida.



Parabéns Andreia.


Feliz Aniversário.

quinta-feira, outubro 29

o trovão e o vento

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Ao romper da manhã, toda a planície se tornou cor de ouro. Cânticos tribais ecoaram ferozes pelo ar. Era a manhã do terceiro dia de viajem. Mangas Coloradas e os seus guerreiros Apaches cavalgavam agora em silêncio, pelos trilhos secos do vale. Deixaram há muito a sua aldeia adormecida, entregue a dois velhos, algumas mulheres e poucas crianças. O despertar calmo do vale de Santa Cruz, o brilho prateado do Rio Grande que atravessava o vale, servia de bebedouro aos animais, arrefecendo o clamor do combate que os brados dos Apaches inflamavam os seus corações de vingança.

No silêncio do desfiladeiro, tudo parecia escutá-los, até as próprias montanhas. Perfilados e de orgulho ferido, rumavam em direcção aos ranchos dos invasores. - Lembro-me de minha mulher, a doce Alope, e dos meus filhos, mortos pelos caras-pálidas, disse o chefe Geronimo, com uma contracção dolorosa no rosto duro, curtido pelo sol. - Por isso, o meu coração não tem paz. Mas esta guerra é sem esperança para nós. Mais mulheres e crianças Apaches morrerão se não fizermos a paz com os caras-pálidas. Um dos mais jovens guerreiros levantou orgulhosamente a cabeça e vociferou. - Geronimo fala como um velho. Só os velhos perdem a vontade de lutar! Com um gesto pesado Geronimo apontou à sua frente. - Vê, Jumano! Esta é a terra árida, desolada, onde os Apaches, agora, têm de viver. Somos apenas 19 guerreiros, 19 homens válidos. O povo Apache tornou-se uma sombra de si mesmo. Continuamos a lutar e a morrer… mas o tempo das nossas vitórias acabou! Agora chegou o tempo de parlamentar! Um clarão feroz faiscou nos olhos escuros de Jumano. - Geronimo quer fazer um tratado com os nossos inimigos!? Sabendo que as promessas dos brancos são como palavras escritas na areia, que o vento depressa varre e apaga. Quem se lembrará delas? Eu não me renderei nem morrerei pela fome. O sangue dos meus antepassados corre-me nas veias, clamando vingança.

A manhã ia quase a meio, o sol fustigava os picos da Sierra Madre. Uma águia planava nessa luz dourada, soltando gritos agudos que os ecos repetiam, como um apelo, de quebrada em quebrada. Geronimo aproximou-se do companheiro e, num tom seco, clamou. - Ainda sou o teu chefe. Se me desobedeceres morrerás às mãos desses brancos. Estás preparado para morrer, Jumano? Os músculos do jovem guerreiro desenharam-se sob a pele de cobre, como cordas tensas, e um esgar de selvagem ferocidade contorceu-lhe as feições. Hesh-Ké! gritou em voz gutural, o feroz grito de guerra dos Apaches. Com um salto ágil, Jumano montou a cavalo, reuniu alguns dos seus companheiros e partiu para o território das caçadas eternas, onde nenhum Apache teria de se subjugar ao domínio do homem branco. Enfrentou os soldados da cavalaria, ficou cercado e resistiu enquanto teve balas. Os seus companheiros foram abatidos um a um. Sozinho, sem o cavalo, que jazia a seu lado, Jumano preferiu a morte à rendição. Uma rajada de balas ceifou-o e caiu sem um gemido, os olhos voltados para o céu, para os cumes azuis da Sierra. Antes de fechá-los para sempre, lembrou-se das palavras de Geronimo: “O tempo de combater acabou para todos os Apaches”.

Eu gostava de ver os filmes do faroeste, filmes de orgulhosos índios, os Apaches, os Sioux, e Comanches, mas que eram sempre retratados como os maus da fita. Eram constantemente vencidos pelos soldados de casacas-azuis. Mais tarde surgiram alguns filmes que exploraram o lado bom dos índios, mas o mal já estava feito. Nas histórias do Oeste, que lia em livros de banda desenhada, sempre estive do lado deles. Via-os com outros olhos, que nem todos eram tão maus e apenas defendiam a sua terra, tradições e sobrevivência com unhas, dentes, arco e flechas.



terça-feira, outubro 27

conversas de cabeceira

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A meio de uma noite, depois de quase 40 anos de casamento, um casal está na cama quando o homem sente que a sua esposa o começa a acariciar como já não o fazia há muito tempo.

Ele acordou sentindo a mão dela a passar pelo pescoço e descendo pelas costas até as nádegas, preferindo então permanecer quieto. Ela volta a passar-lhe a mão pelo pescoço, depois pelos ombros, desce pelo peito e pára na barriga. Nisto, levanta-se ligeiramente e inclina-se um pouco mais sobre ele. Suavemente, coloca a sua mão na parte interna das coxas do marido. Vai da perna esquerda até o pé, sobe pela parte interna da coxa e pára bem em cima da virilha. Faz a mesma coisa na perna direita e, de repente, vira-lhe as costas e nem fala uma palavra.

O marido, já "entusiasmado", diz-lhe carinhosamente:

- Querida, então porque paraste?

- Vê lá se dormes. Já encontrei os óculos para ler!


segunda-feira, outubro 26

tomada de posse - a bula

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- Conserve este folheto. Pode ter necessidade de o reler.
- Caso ainda tenha dúvidas, fale com a sua consciência ou com o Magalhães.
- Este governo foi receitado para si. Não deve dá-lo à oposição, o governo pode ser-lhes prejudicial mesmo que apresentem os mesmos diplomas.
- Se algum dos efeitos secundários se agravar ou se detectar faltas de confiança política, informe o seu Magalhães.

Neste folheto:

1. O que é o governo e para que é utilizado
2. Antes de tomar posse do governo
3. Como tomar posse do governo
4. Efeitos secundários possíveis
5. Composição e forma do governo

1. O que é o governo e para que é utilizado

O governo é um conjunto de órgãos responsáveis pela realização da administração pública, através de poderes delegados pelo povo. Não se esqueça disso e utilize-o bem.

2. Não tome posse do governo:

- Se tem alergia ao parlamento ou a qualquer outro componente da democracia, ou caso pense que pode ser alérgico, consulte o seu Magalhães.
- Se sofrer de asfixia democrática ou outra associada à governação.
- Se pretende continuar a tomar as mesmas medidas do anterior governo.
- O governo é contra-indicado a funcionários públicos, especialmente professores.

Se alguma destas situações se aplica a si consulte o seu Magalhães antes de tomar posse.

3. Como tomar posse do governo

Tome o governo sempre de acordo com as indicações do seu programa eleitoral. Fale com o Magalhães se tiver dúvidas. Deve tomar medidas pelo menos uma vez por dia e sempre à hora do telejornal. Recomenda-se administrar os ministros com um pouco de paciência. Tome especial cuidado se não tiver maioria absoluta e baixe a dose de arrogância governativa. Se acidentalmente tomou posse a péssimos ministros contacte imediatamente o seu Magalhães. Pode necessitar de remodelar o governo. Caso se esqueceu de tomar uma dose, aumente o diálogo com a oposição mas veja lá, não exagere!

4. Efeitos secundários possíveis

Como os demais governos, o governo pode causar efeitos secundários, no entanto estes não afectam todas as pessoas. Tome especiais cuidados com as moções de censura, manifestações de cariz popular e já sabe, se algum dos efeitos secundários se agravar informe o seu Magalhães.

5 - Composição do governo

O governo está disponível em embalagens de 16 ministros. A substância activa é o Sócrates. Tem outros componentes como: o TGV, o freeport, o aeroporto internacional de Lisboa, a avaliação dos professores, o deficit económico, a crise, o desemprego, a gripe A…

A forma governativa dos ministros deste governo é social-democrata revestida por uma película rosa e com a aparência de um normal supositório de acção prolongada e progressiva.

sexta-feira, outubro 23

aqui,

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...neste mundo virtual, já me aconteceram coisas do género: Perceber à distância, no momento, o que o outro sente; Adivinhar um assunto semelhante e partilhar o mesmo problema; Rir e desabafar, discordar e sugerir; Sofrer e apoiar, concordar e oferecer; Ficar preocupado, trocar uma palavra, aceitar o outro tal como ele é; Estar mais próximo à distância do que outros que estão ao nosso lado.

Aqui, nesta rede social, o blogue é primordialmente o nosso meio de comunicação. Cada novo “post” é como encontrar um amigo e com ele colocar a conversa em dia. Quando se fica algum tempo sem postar é como se esse amigo partisse e fosse viajar. E quando um vizinho deste blogobairro reaparece ao fim de algum tempo, é como se reencontrasse um amigo de longa data e do qual já temos algumas saudades. Ao usar estas comparações com a amizade pretendo apenas entender este novo tipo de relacionamento. Não sou ingénuo ao ponto de pensar que esta troca de comentários e parcerias em páginas na internet é suficiente para cultivar duradouras amizades (algumas até já o são!). O que não dá é para ignorar que existe entre todos, os blogovizinhos, uma relação mútua de admiração e proximidade (tirando um ou outro que vem cá anonimamente distribuir umas chinesices). E vocês, o que me dizem a isto?

Não, esta não é uma pergunta de algibeira!

Bom fim-de-semana à vizinhança.

terça-feira, outubro 20

bom dia

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Sete da manhã, ou seis na “vida real”, já que o horário de Verão ainda está em vigor, pelo menos até o fim do mês. Começo o dia a funcionar no piloto automático, tentando acordar o cérebro para a realidade. Pisar a cerâmica fria da banheira requer alguma coragem, mas tomar um banho de disposição e ficar por momentos no vapor quente e relaxante dá até para esquecer esses pequenos sustos. Numa rápida e confiante olhadela ao espelho fico com a sensação de que terei um belíssimo dia pela frente. Enquanto desço no elevador, confiro ainda a listinha mental de todas as coisas que irei precisar durante a jornada diária. Já diz a sabedoria do povo que “Deus ajuda a quem cedo madruga”! Até pode ser que sim, pode ser que o dia me traga boas surpresas, porque não!? Tomo o caminho habitual e vou com o tempo. O tempo que muda a cor às árvores. O tempo que passa e arrasta as nuvens na minha direcção. O tempo que faz o céu mudar de cor. Raios, que cabeça a minha... E não é que voltei a esquecer-me do guarda-chuva!


segunda-feira, outubro 19

ao sabor da corrente

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Esta semana vou dar cor às palavras que vadiam pela minha mente, com imagens por mim retidas e que simplesmente as quero partilhar.


(Jardim do Parque da Prelada)

O final de tarde convidava-me para sair, com a minha máquina fotográfica, e sentir o pulsar da cidade. Sentir uma paz e tranquilidade assim de improviso! E como eu gosto de pedalar (é um prazer, sabiam?), não há nada melhor do que sair de casa e apreciar o tempo, esquecendo tudo o resto, até a hora de ponta, ao rumo dos Jardins de Outono.


(Jardim da Praça da Galiza)

Há quem diga que é cinzenta! Talvez, se assim a quiserem ver.... Mas, como podem? Será que já a percorreram quando a luz outonal realça os cinzentos do granito, branqueia o sujo das paredes, vermelha os enegrecidos telhados e amarela as verdes folhas caídas das árvores? É... como magia! É como dar cor às palavras.


(Jardins do Palácio de Cristal e vista sobre o Douro)

E podia dar cor às palavras chegando aqui a pé, pois podia, mas prefiro pedalar e chegar mais longe, quase voar, pelo prazer e pela sensação de paz e liberdade que me dá. Permitam-me então desenhar palavras, improvisar imagens e, com elas, voar!


(Jardim do Carregal)

Porém, infelizmente há quem não tente nos ignorar, e buzina-nos ao ouvido apenas porque vivem apressados e nos querem passar. Todos nós funcionamos por entre outros, guiados pelo egoísmo e satisfação das vontades imediatas. Resmungam, não abrandam e perdem pequenos momentos de paz e de felicidade. Perdem sabores.


(Jardim da Cordoaria)

E ter prazer é saborear. É sentir forte o vento de Outono que é morno, ao natural e sem aditivos. É saborear com os sentidos. Saborear com a visão, com o olfacto, com a audição, com o gosto e com o tacto. Degustar os cinco sentidos, com as sensações e emoções. Saborear com o olhar da cumplicidade ou simplesmente olhar! Olhar a cidade e as pessoas com um sorriso.


(Jardim de Massarelos)

Saborear com a língua mil e uma palavras que gostaria de falar, algumas delas doces, outras amargas, de sabor salgado, adocicado. Saborear com as mãos, acariciar, moldar as imperfeições, tocar ao de leve, num gesto meigo, a paisagem com a ponta dos dedos.


(Jardim do Passeio Alegre)

É saborear com o nariz, o cheiro da terra. O cheiro da brisa que o mar oferece. O cheiro de um café fresco. O cheiro da pele que vadia pela minha mente, simplesmente porque penso nela, e saborear assim é deixar-me com água na boca.


(Jardim da Praia do Molhe)

Saborear com os ouvidos, as melodias de que mais gosto, o som das palavras, da água que corre e da música que toca. O som dos silêncios e dos barulhos maravilhosos que dançam por entre as árvores.


(Parque da Cidade)

Saborear com todos os sentidos esta luz de Outono que lentamente se despede, e só porque o Sol tinha sono!



sexta-feira, outubro 16

assinatura

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Por estes dias em que estive ausente do gabinete numa proveitosa forma(ta)cão - para a semana ainda terei outra dose – dei-me conta que a minha caligrafia já teve melhores dias. Em papel branco, rascunhei assuntos que não podiam esperar espaço na memória, num bloco de notas anotei apontamentos com interesse, em papelinhos amarelos registei algumas ideias que surgiam rápidas. Com as necessidades, que são justificáveis, e as modernas possibilidades que surgiram para novos hábitos de escrita, já não desenho as letras com graça e descansei à sombra do processador de texto. Sempre gostei de escrever. Com caneta ou lápis, cheia de imperfeições, rabiscos e correcções, mesmo assim sinto que é mais perfeita e sempre tem o meu cunho pessoal. É a minha assinatura.

Com o advento da informática, o hábito da escrita manuscrita vai-se perdendo de alguma forma. Recordo com saudade os tempos de escola primária em que escrever ditados, redacções e composições, era o pão nosso de cada dia. A escrita surgia como arte, surgia fluida, a imaginação florescia e comandava os dedos num belo bailado entre a tinta e a folha de papel. Depois aguardava com impaciência a correcção dos textos e a “estatística” final, contabilizada em erros gramaticais, de pontuação e de palmatória. Agora, abre-se um programa informático e deixamos que a escolha da fonte e do tamanho da letra transmita a força e o espírito da nossa mensagem a quem a leia. Tudo é mais efémero, mais rápido e fácil, onde um quadradinho do “post” se ajusta na perfeição àquilo que se quer contar, que se quer dizer.

O homem das cavernas deixou gravados pedaços de história e, dessa forma, conquistou o poder da comunicação. Hoje em dia basta passar uma borracha, um corrector, “delete”, e pronto, é com
o se nunca tivesse sido escrito. De qualquer forma o importante é escrever, registar, mostrar o que se quer dizer, seja num “best-seller” ou até mesmo numa porta de casa de banho. Deve-se ler! Ler, mesmo se chegar ao ridículo de eu não entender a minha própria caligrafia!



bloggers contra a pobreza

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Manifestamos que:

1. A pobreza e a exclusão social não são uma fatalidade, mas antes o resultado de um mundo injusto e desigual e não se resolvem apenas com sobras ou gestos de generosidade esporádica. As causas da pobreza e da exclusão social só podem ser eliminadas modificando os factores económicos, sociais e culturais que geram e perpetuam as condições favoráveis a elas. A pobreza é um atentado aos Direitos Humanos, que deve ser erradicada em todos os países;

2. A campanha Pobreza Zero luta contra as causas estruturais determinantes da pobreza e da exclusão social, e desafia as instituições e os processos que perpetuam a pobreza e a desigualdade no mundo. Trabalhamos pela defesa dos direitos humanos, pela equidade de género e pela justiça social;

3. O mundo em que vivemos é um mundo de abundância e nunca como hoje foi tão possível erradicar a pobreza – nunca houve tantos recursos financeiros e tecnológicos disponíveis que permitam erradicar para sempre a pobreza extrema do nosso planeta. Deve também reconhecer-se que a pobreza em Portugal, tal como a nível mundial, não é devida à falta de recursos. O problema reside no facto de a pobreza continuar a ser vista como uma questão periférica, pretensamente resolúvel por políticas e medidas periféricas e residuais;

4. Na nossa acção queremos pressionar os governos para que erradiquem a pobreza, diminuam drasticamente as desigualdades e alcancem os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio.

Pedimos:

* Prestação pública de contas, governação justa e o respeito pelos direitos humanos;
* Justiça no comércio global;
* Aumento substancial na quantidade e na qualidade de ajuda (0,7% do RNB até 2015) e no financiamento para o desenvolvimento;
* O cancelamento de dívidas dos países mais pobres e de rendimento médio;
* A tomada de medidas politicas que visem a mitigação das alterações climáticas, de forma a que os países poluidores paguem os danos causados no meio ambiente;
* O apoio internacional à concretização de medidas de adaptação às alterações climáticas, nos países e comunidades mais vulneráveis, com recursos adicionais aos da ajuda pública ao desenvolvimento;
* O fim dos bloqueios culturais e comportamentais que a pobreza persistente gera nos pobres, comprometendo a sua capacidade de vencer a situação e de utilizar os meios postos ao seu dispor;
* Integrar, nas diferentes políticas públicas, objectivos, estratégias e instrumentos que visem a remoção das causas estruturais da pobreza e da exclusão;
* Promover a mudança de mentalidade dos não-pobres, superando preconceitos acerca da pobreza e suas causas e estimulando comportamentos mais solidários;
* Que a equidade de género seja reconhecida como elemento central na erradicação da pobreza.

Por isso agimos, mobilizando a sociedade civil, para que, unida nesta luta, pressione o governo português e as instituições poderosas para que:

» Incluam nas suas agendas o objectivo da erradicação da pobreza no mais curto período de tempo;

» Adoptem níveis salariais, pensões e prestações sociais mínimas que não fiquem aquém do limiar da pobreza e aumentem a eficácia e eficiência das transferências sociais e demais políticas sociais;

» Reduzam drasticamente as emissões de gases de efeito de estufa e proporcionem recursos adicionais (para além dos 0,7% do RNB) para o apoio a países em desenvolvimento;

» Acabem com os conflitos armados, ocupações, guerras e as violações sistemáticas dos direitos humanos que as acompanham, e trabalhem com vista à desmilitarização de modo a assegurar a paz e a segurança humana;

» Todos os governos prestem contas aos seus povos e tenham transparência no uso dos recursos públicos, desenvolvam estratégias anti-corrupção pró-activas e consistentes com as convenções internacionais;

» Protejam jurídica, física, social e economicamente os direitos das crianças, incluindo as crianças afectadas por conflitos e/ou catástrofes e carentes de acesso a serviços públicos de qualidade;

» Garantam o direito à informação e à liberdade de expressão, incluindo a liberdade de imprensa e de livre associação;

» Assegurem a participação da sociedade civil nos processos de orçamentação;

» Assegurem serviços públicos universais e de qualidade para todos (saúde, educação – incluindo a alfabetização de adultos – água e outros);

» Promovam regras de comércio internacional e políticas nacionais de comércio que assegurem modos de vida sustentáveis, os direitos das mulheres, crianças e povos indígenas, conduzindo à erradicação da pobreza;

» Garantam um aumento substancial na qualidade e na quantidade de recursos necessários para a erradicação da pobreza, a promoção da justiça social, a realização dos ODM, a equidade de género e a garantia dos direitos das crianças e dos jovens;

» Revertam a fuga de capitais dos países pobres para os países ricos, identifiquem e repatriem os activos roubados, por meio de acções contra paraísos fiscais, instituições financeiras, multinacionais e outros actores que facilitem esse processo.

Pretendemos mobilizar o máximo de pessoas possível, de modo a mostrar o poder da sociedade civil unida na luta por uma causa global e solidária. É preciso pôr um fim à pobreza. Juntos somos capazes de acabar com a pobreza!

Junta-te a nós!



quinta-feira, outubro 15

amiga do ambiente

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Em alguns países é um hábito comum utilizar a bicicleta. Nós por cá ainda não estamos acostumados a praticar esse hábito saudável mas, felizmente, já vejo por aí muitos ciclistas de fim-de-semana que trocam o passeio de automóvel pelas duas rodas ecológicas. A falta de tempo, o cansaço físico, a falta de zonas tranquilas para pedalar são algumas das desculpas e mais do que válidas, mas que faz um bem danado, lá isso faz! Para além de ser uma prática saudável, tanto para nós como para o meio ambiente, andar de bicicleta torna-se num grande prazer. Além de emagrecer a barriga e a carteira, ao sairmos para a rua montados numa bicla, em pequenos percursos ou até mesmo para ir e voltar do trabalho, estaremos a fazer algo por nós e pelo meio ambiente. A bicicleta é amiga, a bicicleta é verde, a bicicleta é vida.

Seguindo a sugestiva proposta do Carlos, agendei este poste (parece que o agendei mal e assim tive que cá vir num instante e publicá-lo... nabo!), pretendendo assim aderir também à iniciativa do blog action day e lembrar que todos somos ambiente.



segunda-feira, outubro 12

como vão caros blogovizinhos?

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As coisas por aqui no gabinete vão indo bem, obrigado. Enquanto a inspiração não me permite melhor assunto e a batalha eleitoral que se desenrola na televisão me aborrece, venho para aqui pensar. Ou melhor, tentar pensar no que dizer, pois entre pedidos do petiz para o ajudar no Excel e o recordar constante de que tenho de arrumar a louça do jantar, não há pensamento que perdure.

Confesso que a princípio eu não imaginava que fosse assim. É uma necessidade intermitente, quase um senso do dever. Não chega a paranóia, mas… às vezes ouço vozes! Ssshhh... O blogue é uma criatura sensível. E é natural que se sinta assim. É parecido com um tamagochi. Se não for alimentado o bichinho morre. Por ele, por nós, sacrificamos um pouco do nosso tempo, um pouco de nós. Então, cuidamos dele, revelamos detalhes, escrevemos pateticamente textos chatos, monocórdicos, querendo atenção. E depois temos os blogues de vizinhos que adoramos invejar. Somos bem recebidos, mensuramos popularidade, os postes vão ficando maiores e os comentários... O último poste recebeu dezasseis e desses três eram meus. Ahhh… e outros quatro eram chineses, ou japoneses, que vinham pr'aqui com mensagens pré-formatadas, com certeza convidando-me para uma voltinha no mundo do spam. Spamlermas! “Felicitei-os” e apaguei-os.

É assim, muitos assuntos geram uma incrível falta de assunto. Eu não vos dizia! E todo este assunto só para deixar aqui registado que nos próximos três ou quatro dias, e por motivos de força maior, não haverão novos postes no gabinete. Estarei em forma(ta)ção. Agora, vou mas é arrumar a louça que isto não é vida!

Inté e boa semana.

ps: Tenho uma nova filarmónica na aparelhagem. Já (ou)viram?


Ida Corr Vs Fedde Le Grand - Let Me Think About It


sexta-feira, outubro 9

eu não sei quem te perdeu

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Antes de me sentar para escrever este texto, pude assistir na RTP1 ao debate entre os candidatos à presidência da Câmara do Porto. O actual presidente e os seus mandatos absolutos foram o centro das atenções. Figura arrogante, de postura cínica, Rui Rio meteu os pés pelas mãos e as mãos pelos pés. Desaguou num role de promessas antigas, argumentos gastos e faltas de respeito, sem uma visão tradicional e renovadora do que sempre foi a cidade invicta que conheci e aprendi a amar.

Por muito que me custe, e vá lá saber-se porquê, Rui Rio continua a manter o apoio de grande parte do eleitorado portuense. Em 2001 encontrou a câmara numa situação financeira dramática e a cidade completamente esventrada depois da Capital da Cultura. Pôs a casa em ordem e pouco mais fez, para além de afrontar a maior instituição da cidade, o Futebol Clube do Porto, e assistir à debandada de muitos habitantes para os municípios vizinhos. Deixo aqui uma excelente descrição, que li no Diário de Notícias, do que é o Porto actualmente:

“O Porto não pode entrar numa competição com os municípios vizinhos, tem é de promover uma articulação de estratégias e recuperar a ideia de que o Porto tinha a excelência. Antes era como um ovo estrelado, que tinha uma gema riquíssima que difundia para a envolvente, enquanto hoje parece um ‘donut’. As pessoas foram escorraçadas e a dinâmica cultural foi tratada com o epíteto de “estes são os subsidio-dependentes”.

Pode ser que me engane, mas parece-me que Elisa Ferreira já perdeu a corrida à presidência da Câmara Municipal do Porto. Elisa Ferreira foi sempre uma referência da cidade, sobretudo nos tempos em que pertenceu ao Governo, mas está há cinco anos em Bruxelas, já poucos se lembrarão dela, e isso levou a que se verificasse um corte afectivo na ligação que mantinha com a cidade. Ainda por cima, no momento em que concorre à Câmara do Porto, não abdica de se manter nas listas para o Parlamento Europeu (não sei se me escapou qualquer coisa durante o acalorado debate!). Para mim, Elisa Ferreira daria uma boa autarca. Do “lote” de candidatos não dislumbro melhor. Mostrou ser eficiente quando esteve no Ministério do Ambiente, onde teve de lidar com questões sensíveis e com um certo garnisé, seu Secretário de Estado, que já então procurava dar nas vistas. E é também por culpa desse garnisé que Elisa Ferreira não vai ganhar.

Gostaria de viver num Porto grande, que fosse de Gaia a Matosinhos, da Maia a Gondomar. Um Porto que fosse novamente o motor de desenvolvimento económico, social e cultural do Norte. Farol da região. Uma cidade alegre, viva e ambiciosa. É necessário mais. Se calhar até estou a pedir demais! Não sei, mas o defeito não é meu, de certeza!


Pedro Abrunhosa - Eu não sei quem te perdeu

Bom fim-de-semana e direito cívico, ó faxabôre!

quinta-feira, outubro 8

desafogadas

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Nem sei porque o Homem insiste em olhar para o céu, partir pelo desconhecido em direcção às estrelas, quando na verdade lhe bastava mergulhar nesse misteriosa dimensão, espaço sideral de objectos perdidos e mundos paralelos que é a mala de senhora!

A “bagagem de mão” é mais ou menos como a constelação de Cassiopeia. Vendo-a na imensidão espacial nem se dá muito por ela. Mas lá dentro tem um universo infinito em expansão, fazendo até o Carl Sagan reencarnar de tanta curiosidade.

O homem pode sair de casa para o trabalho, ir ter com uns amigos, até embarcar num avião e viajar para o Japão, que está pronto: porta-chaves, carteira, telemóvel. Confere. A mulher não! A mulher tem uma malinha, de mão ou a tiracolo: carteira, de documentos, carteira de notas, porta-moedas, porta-cartões de crédito, de débito, de loja, de visita, fotos 3/4 dos filhos, do marido, um telemóvel, outro telemóvel, lixa das unhas, pinça, pente grande, escova do cabelo, talões de cheque, batom (vários fins), rimmel, lápis (várias cores), espelho, amostras de perfume, aspirina, comprimidos para qualquer emergência, toalhetes, fio dental, chicletes, centenas de talões de compras que jura guardar para depois conferir mas, no dia seguinte, sempre aparecem mais, tipo geração espontânea, creme hidratante, e fico-me por este, mola de cabelo, óculos de sol, por ventura outros óculos, lenços de papel, pen-drive, agenda, bloco de notas, canetas, três saquinhos de adoçante, dois de açúcar (que felizmente ainda não romperam), lista de compras para o supermercado, talão do vestido que ficou na lavandaria, agulha, dedal, linha, alfinete (artigos opcionais que podem dar muito jeito), chaveiro com as chaves de casa, do escritório e da casa da mãe, controle remoto da garagem, chave do carro. Será que me faltou alguma coisa?





quarta-feira, outubro 7

apenas uma opinião

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Durante a nossa vida, quantos conselhos já demos e que na prática não seríamos capazes de os realizar? Eu respondo, bastantes. E, quantas vezes, criticamos alguém por atitudes que também nós cometemos? Ui, perdi-lhes a conta. Pois é, vivemos muito na base do "faz o que eu digo, não faças o que eu faço"! Somos especialistas a indicar o melhor caminho aos outros mas, muitas das vezes, incapazes em acertar o nosso próprio rumo.

Se gosto de dar concelhos? Gosto, mas sobretudo quando estou certo da minha convicção e não só para dar apenas uma palavra amiga. E também eu preciso de alguns conselhos. Se depois os seguirei ou não é uma decisão própria. Um bom conselho não se desperdiça mas também não se toma como garantido. Há que viver a nossa vida com certezas e não a pensar no que poderia ter acontecido.

Aconselho-vos a ler estas máximas hindus:

Aquele que não sabe e não sabe que não sabe, é um tolo - evita-o!
Aquele que não sabe e sabe que não sabe, é um estudioso - ensina-o!
Aquele que sabe e não sabe que sabe, é um sonâmbulo - desperta-o!
Aquele que sabe e sabe que sabe, é um sábio - segue-o!


terça-feira, outubro 6

chuta a bola Dé

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De alguma maneira, as crianças preenchem algumas fases da nossa vida. E não são só os filhos. Uma criança é uma festa da criação, uma boa nova de felicidade, tem a capacidade de nos educar e alterar o nosso quotidiano. Elas surpreendem, crescem, aprendem, completam, e fica impossível não sentirmos orgulho, perdermos a pose e nos deixar completamente babados.

Hoje não poderia deixar de cantar aqui os parabéns ao Dé, o meu lindo sobrinho David que comemora dois anos. Menino de olhos doces e caracóis dourados, muito esperto e comilão, vai crescendo e experimentando novos sabores, e ingerindo os que lhe são oferecidos, rumo à descoberta do seu mundo, repleto de novidades e brincadeiras, a correr de um lado para o outro para chutar a sua inseparável bola, tornando este nosso mundo mais encantado com sua presença.

- Chuta a bola Dé.

- Goloooo do "Pôto"!

sexta-feira, outubro 2

no gabinete

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... puxo a cadeira e sento-me. Procuro-a e passo-lhe os dedos. Pego nela entre o indicador e o polegar, deixando que o dedo médio, firme, a ampare. Feito esse encaixe perfeito que a minha mão lhe oferece, balanço-a suavemente, sem muita força, numa superfície plana e dura. O pulso direito domina a acção, tem maior destreza mesmo sem muita técnica necessária, apenas aquela magia cerebral. Transparente, azul, fina e delicada, seguro-a na diagonal e guio-a num místico efeito de dança. Num contratempo pensativo hesito, demoradamente, enrolando-a no meu cabelo. Distraído, beijo-lhe a extremidade fria como âmbar. Desço-a depois num súbito impulso e volto à acção, num rápido e coreografado bailado a dois. Nisto, interrompo por instantes a evolução criativa e gentilmente pouso-a, deixando-a rolar quente ao meu lado. Deixo-a a descansar e, num até já, saio. Volto entretanto e procuro-a, mas não a encontro! Saltou-me a tampa.

Mas quem é que foi o espertinho que me levou a BIC?


Bom Intervalo Cambada, neste fim-de-semana que para muitos é prolongado.




quinta-feira, outubro 1

carta para um filho

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Há tempos, recebi de um amigo, via e-mail, um texto em português brasileiro que me deixou emocionado e a pensar na vida, em tudo o que ela nos reserva.
Guardei-o numa pasta criada para o efeito, para arquivar os textos mais marcantes, como se fosse uma herança de vida. Decidi ir abri-lo, adaptá-lo ao nosso português e publicá-lo neste dia que é para os idosos um dia igual a tantos outros.



No dia que este teu velho já não for o mesmo, tem paciência e compreende-me.
Quando eu entornar comida sobre mim e me esquecer de como atar os atacadores, tem paciência comigo e lembra-te das horas que passei ensinando-te a fazer as mesmas coisas.
Quando conversares comigo e eu repetir as mesmas histórias, que já sabes de cor, não me interrompas e escuta-me. Quando eras pequeno, para que dormisses, tive que te contar milhares de vezes a mesma história até que fechasses os olhinhos.
Quando estivermos juntos e, sem querer, fizer as minhas necessidades, não te envergonhes. Compreende que não tenho culpa disso, pois já não as posso controlar. Pensa, quantas vezes, pacientemente, troquei as tuas roupas e teimei contigo para que tomasses banho e estivesses sempre limpinho e bem cheiroso.
Quando me vires inútil e ignorante na frente das novas tecnologias, que já não poderei entender, peço-te que me ajudes o tempo que for necessário para eu as aprender. Lembra-te que fui eu quem te ensinou tantas coisas, como, comer, vestir e enfrentar a vida, como tão bem o fazes hoje.
Se em algum momento, quando conversarmos, eu me esquecer do que falávamos, tem paciência e ajuda-me a lembrar. Talvez a única coisa importante para mim naquele momento seja o facto de te ver perto de mim, dando-me atenção.
E quando as minhas pernas falharem por estarem tão cansadas e eu já não conseguir mais me equilibrar, nem aguentar o peso do corpo, com ternura, dá-me a tua mão para me apoiar, como eu o fiz quando começaste a caminhar com as tuas perninhas tão frágeis.
Se algum dia me ouvires dizer que não quero viver mais, não te aborreças comigo. Haverá de chegar o dia em que entenderás que isto não tem a ver com teu carinho ou com o quanto te amo.
Compreende que é difícil ver a vida abandonando aos poucos o meu corpo e que é duro admitir que já não tenho mais o vigor para correr ao teu lado como fazia antes.
E, até quando eu me for, construirei para ti outra rota noutro tempo, mas estarei sempre contigo e zelando por ti.
Da mesma maneira que te acompanhei no início da tua jornada, peço-te que me acompanhes para terminar a minha. Trata-me com amor e paciência e eu te devolverei sorrisos e gratidão, com o imenso amor que sempre tive por ti.
Atenciosamente,

O teu velho

(de Autor Desconhecido)

Hoje é o Dia Internacional do Idoso