Elogiada desde sempre pela sua beleza arquitectónica exterior, sendo a sua fachada em Arte Nova um dos emblemas arquitectónicos da cidade invicta, é no seu interior que quem lá entra não evita dispersar por instantes a sua atenção dos livros e encantar-se com o estilo ímpar da Lello. Esta pérola do Porto recebe repetidamente as mais diversas distinções mundiais. Ainda este mês, um guia australiano, o "Planet's Best in Travel 2011" editado pela Lonely Planet, considerou-a como a terceira mais bela livraria do mundo, sendo mesmo descrita como "uma pérola de arte nova".
A história da livraria remonta a 1869, ano em que é fundada na Rua dos Clérigos a Livraria Internacional de Ernesto Chardron. Após o imprevisto falecimento de Chardron, aos 45 anos de idade, a casa editora foi vendida à firma Lugan & Genelioux Sucessores. Em 1894 Mathieux Lugan vendia a Livraria Chardron a José Pinto de Sousa Lello que possuía então uma livraria na Rua do Almada. Associado ao irmão, António Lello, mantêm a Livraria Chardron, com a razão social de José Pinto de Sousa Lello & Irmão, até 1919, ano em que o nome da sociedade muda para Lello & Irmão Lda. Tendo sido desenhado de raiz para ser uma livraria, o actual edifício foi inaugurado em 1906, com a presença no dia de abertura de, entre outros, Guerra Junqueiro, José Leite de Vasconcelos e Afonso Costa.

Em 1994, as obras de restauro a cargo do arquitecto português Vasco Morais Soares permitiram que continuasse a manter o seu esplendor.
De visita obrigatória, à Rua das Carmelitas, nº144, afluem cada vez mais curiosos. Quando lá entram, os visitantes são envolvidos por um ambiente acolhedor, numa viagem instigadora onde se respira história e madeira. Uma ampla sala, onde os livros pontificam numa decoração impressiva, dá acesso a uma belíssima escada ornamental. Perfilam-se algumas mesas onde se expões alguns dos livros, bancos revestidos a couro e estantes a toda a altura da galeria perfazem o espaço próprio de uma livraria moderna, mas que guarda a memória e o ambiente místico de uma livraria antiga, cheia de história nas paredes e nas lombadas dos seus livros. Nos pilares destacam-se os bustos de distintos homens de letras: Eça de Queirós, Camilo Castelo Branco, Antero de Quental, Guerra Junqueiro, entre outros. O tecto, lavrado e rendilhado, resguarda no centro uma luminosidade translúcida que provém do amplo vitral. Quem lá entra, fica de tal forma maravilhado que olvida olhar para os livros e deslumbra-se com a divinal estrutura fazendo disparar, incontroláveis, os flashes, para no final da visita soltarem inevitáveis exclamações: "Vês como valeu a pena entrar!"
livraria-lello in Portugal