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El Diablo, aka Didi Senft, o excêntrico alemão famoso pelas suas aparições diabólicas na Volta à França e pelas suas criações extravagantes movidas a pedais, preparou uma bicicleta especialmente para o casório da realeza britânica. A última produção de Didi Senft é um riquexó, metade bicicleta, metade a metade traseira de um Trabant, o mítico automóvel da antiga Alemanha Oriental. Na ausência física dos noivos, Didi decidiu incluir na bagagem o bónus da descendência real.
Senft é conhecido como "El Diablo" por entusiastas do ciclismo devido à fantasia de diabo vermelho que ele veste nas principais competições de ciclismo na Europa. Não falha uma grande escalada na Volta à França. Ele brande o seu característico tridente branco para enfernizar e anunciar a sua presença aos competidores. Senft constrói bicicletas muitas vezes escandalosas para importantes eventos desportivos e culturais. Esta sua criação foi apresentada há dias no The Royal Rickshaw, em Storkow, perto de Berlim, onde ele tem o seu próprio museu com cerca de 120 bicicletas curiosas, incluindo a maior e mais alta do mundo, segundo o criador.
Mós (antes designada por São Pedro de Mós) é uma freguesia do concelho de Vila Nova de Foz Côa, com 12,74 km² de área e 241 habitantes (2001). Densidade: 18,9 hab/km².
Até 1853, pertenceu ao antigo concelho de Freixo de Numão. Pertence ao distrito da Guarda e província de Trás-os-Montes e Alto Douro. Situa-se a cerca de 5 quilómetros da margem esquerda do Rio Douro, a 9 km da sede do concelho e a 90 km da Guarda. As povoações mais próximas são Murça, Santo Amaro, Seixas e Freixo de Numão. É composta pelos lugares de Valmampaz, Freixo-Mós e Fontaínhas. Esta povoação está localizada num vale, voltada a Sul a meia encosta nas bases dos Montes de Santa Bárbara, Portela e Pombeira.
Com sono, de partida para o mundo das lembranças, não resisto a deixar no gabinete algumas fotografias tiradas do paraíso, donde se miram as estrelas.
É muito suave a brisa que me balouça em carreiro agitado, pelas margens do Douro, errante no traçado de aço que alberga comboios e ilusões. Mais uma vez sigo viajem, na companhia do rio, com o passado e com o presente, com a paisagem circundante, de casas e seus residentes, para um reencontro com a emoção. Ao desfolhar umas folhas velhas imprimidas, desvendo, ainda em silêncio, as palavras de um mosense para quem o tempo, as gentes e todas as outras coisas são evocações a malhar a idade. Cerro os olhos e permito que o pensamento regrida para um qualquer ocaso perdido, em Setembro há muito passado.
Do cimo do monte, o manto retalhado dos campos e o traçado do xisto confere uma magia de diorama à paisagem transmontana. Aqui se percebe, melhor que em qualquer outro lado, a beleza perfeita do delineamento entre o céu e as montanhas. Do verde ao azul, utilizei colorações para retratar este instante, mas a minha paleta de cores talvez não pareça na sua totalidade. O desenho está, contudo, incompleto. Falta, e faltará sempre, lembrar os que descansam, os antepassados, que o incontornável destino e a influência poderosa do tempo não permitiu a vida perdurar.
De costas para o Douro avisto a árvore, outrora mais idosa e frondosa, com a rosácea aberta a espiar arregalada, espantando-se de tudo e sem saber porquê. O Terreiro, largo e sombrio, mostra-se indiferente aos arrufos do sino da igreja, melindrado com o tic-tac do tempo. Daqui, a povoação parece longe, e ela, afinal, está acolá, bem perto, do outro lado da memória. Lá ao fundo, se prestar bem atenção, ouve-se o som dos cascos nas pedras gastas e delicadas, a caminho do fontanário, e no tanque, um grupo de velhas coscuvilham, tagarelando sobre tudo e sobre todos, enquanto esfregam o sabão nos lençóis. E é o som do vento que cria o silêncio, por entre a solidão tranquilizante de um final de tarde quente de Verão, que daqui, junto a Santa Bárbara, senti as Mós, cada vez mais distante, cada vez mais a leste do meu coração e incontornavelmente perto de mim.
E do eloquente topo do outeiro, junto à capela, sempre que o vento sopra irado, as Mós parece uma velha caravela, cuja soberba vela se recorta na ravina ondulação, figura estilizada do xistoso vale. A chuva, consistente, salpica-me a face como se estivesse na proa elevada da valorosa embarcação, e o vento forte colora-me as maçãs do rosto, enquanto a agigantada imensidão se acerca decididamente da vista. As ameaçadoras nuvens cinzentas, carregadas de água vinda do céu, cujo pranto se antevê no rumor, rasa por entre o casario num mar de vida. A aldeia, onde os tectos encardidos se acotovelam na confusão, aglomeram-se densos e compactos, como que formando um corpo só, pronta a saltar borda fora ao primeiro ribombar do trovão.
E enquanto aperto o último botão do meu casaco, deixo cair o inspirador sonho navegador e aligeiro o meu passo rumo ao Terreiro, que a nossa alma nem sempre é feita do desassossego do mar e do ar, também é doce como a vagarosa correnteza do rio que é feito de ouro.
Para pintar esta jóia de memória, da nossa Mós do Douro, Cristina Quartas foi generosa na intensidade das palavras, pequenas pinceladas de um puro amor pela terra e pelas gentes mosenses. Estendeu as cores do vale de uma forma sensível e emotiva. Cores que pincelam em tons rosados o azul do firmamento transmontano, com predomínio no sentimento e na paixão da terra de nossos queridos avós e pais. Do mesmo modo, Professor Mário Anacleto utilizou toda uma paleta poética, com um toque simples e harmonioso, tão belo que as minhas pobres palavras não conseguem transmitir esse sentimento profundo, o brilho dos meus olhos sempre que retorno e revejo a nossa pequena aldeia encimada pelos montes.
O nosso planeta, a Terra em que habitamos e da qual vivemos, está em profunda crise e é premente adoptar procedimentos que a protejam dos nossos disparates e garantam o futuro do mundo em que sobrevivemos. Estamos de facto no limiar de um nova época, de um tempo de grandes dificuldades, e ultrapassá-la dependerá muito da iniciativa de cada um, em comunidade, na sua vizinhança, na sua cidade, no seu país. Não adianta um país responsabilizar o outro pois todos moramos no mesmo condomínio. Os índices de poluição já são mais que alarmantes para serem tratados pelas autoridades como calamidade pública. É uma enorme dificuldade mas a temática ecológica deve ser usada em qualquer espaço, ainda mais este ano, sobre os desafios da preservação do nosso meio ambiente. Não temos outro, só este mundo e é maravilhoso viver nele. Preservemo-lo então.
(poste agendado)
Hasta lá vista.