Um judoca nunca é bom ou mau. Não contabiliza os combates que ganha ou perde. O melhor do judo foi a primeira coisa que aprendeste, logo após teres vestido aquela fatiota branca e engraçada. Tu aprendeste a cair. Não começaste logo a agarrar o judogi, ou a medir forças para derrubar o teu oponente. Como aprendiz de judo, primeiro escutaste, observaste a um canto para não atrapalhares os outros no jeito correcto de cair. E foi um cai, levanta, cai, levanta, cai, levanta… E quando já sabias cair, o mestre fez um teste. Numa fila de judocas mais experientes foste derrubado por cada um deles. Um a um te cumprimentaram, te derrubaram. Esperaram que te levantasses. Cumprimentaram-te outra vez, derrubaram-te outra vez. Foi uma seca! Pois foi. Tiveste de ser valente e paciente. Se alguns desistiram no inicio foi porque perceberam que teriam de cair muitas vezes. Mas, tu foste um aprendiz corajoso e entendeste o sentido mágico e prático do judo. Aquele que está à tua frente é teu amigo. Ele não está ali para te magoar, nem para te puxar o tapete. Ele está lá para te ensinar a cair direito. E, a melhor parte, ele espera que te levantes e te prepares para repetir a técnica. Não há raiva, não há maldade. Não há nervosismo, não há dor, não há nada. Os olhos dos judocas costumam estar assim. Numa tranquilidade total… Não queiras ter pressa, não queiras aprender truques e manhas para te tornares um vencedor. A vitória está dentro de ti, mesmo antes de começares a luta, superando os maiores medos, desafiando-te a ti próprio. A aprendizagem é um ciclo de descobertas. Cada etapa, cada ciclo da vida é uma repetição mais ou menos regular de cair e levantar. Aprendeste a lutar desde cedo. Aprender a vencer demorou bastante. E é justamente por ser desejada que a vitória é arrebatadora. É por ser conseguida que se torna emocionante.
Juu Dou, "caminho suave" ou "caminho da suavidade", na língua japonesa, é um desporto praticado como arte marcial, fundado por Jigoro Kano em 1882. Os principais propósitos do judo são fortalecer o físico, a mente e o espírito de uma forma integrada, para além de desenvolver técnicas de defesa pessoal. Com milhares de praticantes em todo o mundo, o judo tem tido um aumento significativo, não se restringindo a homens com vigor físico mas estendendo os seus ensinamentos às mulheres, crianças e idosos. A sua técnica utiliza basicamente a força e peso do oponente contra ele, e a vitória representa apenas um fortalecimento espiritual.
A tarde de sábado foi entretida no pavilhão da Faculdade de Desporto. Um pai também serve para estas coisas, para o levar e aguardar que termine cada sessão de treino. Para o acompanhar em mais um torneio. Para o apoiar, incentivar e ver vencer.
A tarde de sábado foi entretida no pavilhão da Faculdade de Desporto. Um pai também serve para estas coisas, para o levar e aguardar que termine cada sessão de treino. Para o acompanhar em mais um torneio. Para o apoiar, incentivar e ver vencer.
5 comentários:
Só a parte de não interessar se ganhas ou não é que me faz uma certa espécie...
Uma espécie de vitória moral é que não é Rafeiro, porque o que realmente importa é aprender, é saber ganhar e saber perder.
Não entendo nada de judo, mas lembro-me de um amigo meu judoca que disse isso mesmo: a primeira fase é para aprender a cair!
O meu filho também andou um ano lectivo no judo, mas no ano seguinte a escola particular acabou com a modalidade. Tive pena! O saber não ocupa lugar... ;)
Mais do que um desporto, ou uma arte, o judo é ua escola de formação.
Eu tive idêntica experiência não com o judo mas com o Karaté, disciplina que ajudou o meu filho mais novo a deixar de ser "disléxico" nos movimentos e lhe deu uma disciplina interior que ainda hoje prevalece.
Chegou a cinto castanho e não foi mais adinate porque outros valores mais altos se levantaram. :)
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