Quem atravessava o jardim, erguia os olhos para o arvoredo tentando vislumbrar os autores de tanta azáfama. Agradável e colorida, aquela tarde de um Domingo de Outono estava mesmo apetitosa para um calmo e familiar passeio por caminhos traçados entre a relva e as flores.
- Ó mãe, ele está ali!
- Quem meu filho?
- O cavalinho!
Correram para ele. O fotógrafo teimava em exercer ali a sua arte, o seu único meio de subsistência. Ocupava um cruzamento de caminhos ao lado de bancos e repuxos de água, perto de um quiosque tradicional coberto de revistas e jornais diários. Num quadro, seguro a um tripé, e na caixa da velha máquina ele expunha os trabalhos realizados e não reclamados para atrair o publico.
- Ó senhor, posso subir pró cavalinho, posso, perguntava o mais novo, fitando-o.
-Olhem só, que meninos tão espertos, querem um retrato? Recebe o olhar desconfiado do mais velho e um encolher de ombros como resposta. - Eu não quero tirar retratos, ripostava timidamente. Queremos subir para o cavalinho!
- Pois com certeza, os meninos mandam, venham cá!
Um à frente do outro, o fotógrafo colocava-os na garupa do cavalinho de madeira, preso à sua tarefa de modelo fotográfico. Estático, não se mexia mas eles não pensavam nisso. Num faz-de-conta intenso, já cavalgavam desenfreados como os cowboys e os índios.
- Querem tirar uma fotografia? Perguntava-lhes o pai. Acenaram as cabeças consentindo e interromperam a corrida ficando quietos em pose. Antigamente o mundo mágico da fotografia de jardim era basicamente uma simples caixa negra sobre um tripé com um furo por onde entrava a luz e do outro lado um pano escuro onde o fotógrafo se escondia por momentos. "Olh'ó passarinho" gritava do fado de lá enquanto apertava um botão! Poucos ainda se recordarão do tempo e quanto custava fazer uma fotografia rápida, “á la minute”, da necessária imobilidade da câmara e na qualidade da fotografia.
- Desculpe, mas esse líquido onde mergulha o papel não lhe faz mal aos dedos? Perguntava a mãe dos meninos. Ele sorria e respondia que já estava acostumado, é mesmo assim! Molhou o negativo no ácido que ajuda a transferir a imagem para o papel. No final pendurou o pequeno papel seguro por uma mola numa corda e pediu para que aguardassem uns minutos, para secar. Ele já perdeu a conta aos rostos e sorrisos que captou com a sua objectiva, à quantidade de vezes que montou e desmontou aquele cenário perfeito ao sonho e fantasia de tantos meninos. Quase todos gostam de ser fotografados sentados no cavalinho de madeira. Transportou a preto e branco para o papel simples momentos do quotidiano, da sociedade, do passado, que hoje são recordações na carteira e no álbum de muita gente. Não é incrível pensar como o mundo da fotografia e das máquinas fotográficas evoluiu? Como é agora tão fácil pegar num pedaço de papel retirado do álbum de família, coloca-lo num scanner e transforma-lo num ficheiro jotapegue que permite transportar um belo momento de outros tempos para este mundo virtual!
Tenho que agradecer aos modelos, o meu mano, a mim e ao cavalinho, que já não me lembro do nome, a amabilidade e paciência que tiveram com a sua pose para a realização deste poste!
- Ó mãe, ele está ali!
- Quem meu filho?
- O cavalinho!
Correram para ele. O fotógrafo teimava em exercer ali a sua arte, o seu único meio de subsistência. Ocupava um cruzamento de caminhos ao lado de bancos e repuxos de água, perto de um quiosque tradicional coberto de revistas e jornais diários. Num quadro, seguro a um tripé, e na caixa da velha máquina ele expunha os trabalhos realizados e não reclamados para atrair o publico.
- Ó senhor, posso subir pró cavalinho, posso, perguntava o mais novo, fitando-o.
-Olhem só, que meninos tão espertos, querem um retrato? Recebe o olhar desconfiado do mais velho e um encolher de ombros como resposta. - Eu não quero tirar retratos, ripostava timidamente. Queremos subir para o cavalinho!
- Pois com certeza, os meninos mandam, venham cá!
Um à frente do outro, o fotógrafo colocava-os na garupa do cavalinho de madeira, preso à sua tarefa de modelo fotográfico. Estático, não se mexia mas eles não pensavam nisso. Num faz-de-conta intenso, já cavalgavam desenfreados como os cowboys e os índios.
- Querem tirar uma fotografia? Perguntava-lhes o pai. Acenaram as cabeças consentindo e interromperam a corrida ficando quietos em pose. Antigamente o mundo mágico da fotografia de jardim era basicamente uma simples caixa negra sobre um tripé com um furo por onde entrava a luz e do outro lado um pano escuro onde o fotógrafo se escondia por momentos. "Olh'ó passarinho" gritava do fado de lá enquanto apertava um botão! Poucos ainda se recordarão do tempo e quanto custava fazer uma fotografia rápida, “á la minute”, da necessária imobilidade da câmara e na qualidade da fotografia.
- Desculpe, mas esse líquido onde mergulha o papel não lhe faz mal aos dedos? Perguntava a mãe dos meninos. Ele sorria e respondia que já estava acostumado, é mesmo assim! Molhou o negativo no ácido que ajuda a transferir a imagem para o papel. No final pendurou o pequeno papel seguro por uma mola numa corda e pediu para que aguardassem uns minutos, para secar. Ele já perdeu a conta aos rostos e sorrisos que captou com a sua objectiva, à quantidade de vezes que montou e desmontou aquele cenário perfeito ao sonho e fantasia de tantos meninos. Quase todos gostam de ser fotografados sentados no cavalinho de madeira. Transportou a preto e branco para o papel simples momentos do quotidiano, da sociedade, do passado, que hoje são recordações na carteira e no álbum de muita gente. Não é incrível pensar como o mundo da fotografia e das máquinas fotográficas evoluiu? Como é agora tão fácil pegar num pedaço de papel retirado do álbum de família, coloca-lo num scanner e transforma-lo num ficheiro jotapegue que permite transportar um belo momento de outros tempos para este mundo virtual!
Tenho que agradecer aos modelos, o meu mano, a mim e ao cavalinho, que já não me lembro do nome, a amabilidade e paciência que tiveram com a sua pose para a realização deste poste!
PS: Voltarei depois de uns dias de descanso. Boa semana.
21 comentários:
A tecnologia sempre permitiu ao homem uma forma fácil de imortalizar pedaços de uma vida. São sentimentos impressos numa imagem.
Um abraço
O passarinho foi com o pai-natal e o palhaço num comboio aocirco!
Benditos Scanners!
Ainda há um olhó-passarinho em Viana do Castelo, lá em cima em Santa Lúzia.
Memórias de outros tempos, este teu post. E que queridos ficaram vocês os dois.
Boas férias então. Divirtam-se.
Esses cenários deixaram tantas saudades... Somos uns saudosistas. (risos)
Abraço.
Recordar é viver.Sem dúvida.
Um abraço, Paulo
Coisas que deixam saudades...
Bom descanso.
Bjs
Todas as fotografias têm uma pequena história, e quanto mais velha fica mais encanto tem...e sendo a tu a contá-la tem realmente um sabor especial.
Eu acho que fiquei melhor nesta foto (tirando o cavalinho claro...)
Aproveita este fds,ainda não desisti da ideia de ter mais um sobrinho....eh..eh.
Pois são Dante, grato pelo comentário.
Abraço
Oh Gi, tadinho do coelhinho!
Digitalizem.
É mesmo Patti! Vou conferir no próximo fds.
No Bom Jesus de Braga havia um.
Beijinhos
Se deixaram Francisco! Assim é uma forma de vivermos sempre jovens.
Abraço
Um abraço Pedro.
Obrigado Sunshine.
Bejios
Pensas que não sei, Tó! O que tu querias era levar o cavalinho para casa!
Quanto ao fds espero aproveita-lo muito bem!
Amassos
A minha irmã tem uma foto do género, mas a chorar baba e ranho. Ainda hoje gozo com ela sobre isso...
Abraço!
Os três da foto pressentiam que ainda um dia iriam ser falados... ;)
Bjs
Rafeiro, porventura a tua irmã perferia ter subido para o lombo de um rafeirito!
Abraço
Paula, pois é, está estampado na cara deles!
Beijo
O cavalinho era arraçado de girfa, não era?
;)
BEijinhos e bom descanso
Ainda bem que as fotos existem para podermos ver o passado e o presente.
Recordar é viver.
Beijinhos
Não tenho nenhuma fotografia sentada num cavalo de madeira, mas recordo o retratista que as tirava no Jardim da Estrela, com todo aquele arsenal de cenários...tempos idos!
bjs
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