quarta-feira, abril 25

quem roubou o cravo de Abril?

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Para os milhares de portugueses, que por esta data estão a sofrer diariamente, os efeitos das fortes medidas de austeridade que lhes são impostas, por um governo que parece não saber para onde nos leva, insensíveis, com cortes atrás de cortes, no direitos sociais, enfim, sem um rumo e uma perspectiva de futuro, apenas o que lhes interessa são os números e os gráficos do Ministério das Finanças, como se a politica se resumisse a uma mera questão de números – como se fosse um gabinete de contabilidade, e não um governo, com interesse nas pessoas e nas suas reais condições de vida.
 
Trinta e oito anos depois, o que resta da revolução que Abril trouxe, naquela Primavera de 74? Onde estão os homens e as mulheres que sonharam com um país melhor, e mais livre? E o que pensará  esta nova geração – dizem que a mais bem formada de todos os tempos? O que lhes dá este país? – Números grandes em dúvida, 35% de desemprego, segundo os últimos dados do INE, mas para reforçar os números existem sempre declarações de membros do governo, para que emigrem, façam-se á vida, deixem a vossa “zona de conforto”, dizem bem, desconforto, não? E deixem de ser piegas… porque para além de não poderem construir um presente estável – mercado laboral precário, este governo não vos vai dar um futuro promissor – destruição do estado social, não pagamento das reformas, no futuro. Por isso a mensagem, por aqui fica, desenrasquem-se! É assim que este estado neoliberal que nos governa, trata as pessoas, primeiro rouba-lhes o presente, para a seguir lhes destruir o futuro.
 
E hoje, o que celebramos? Apenas um feriado em vias de extinção, ou uma data amputada dos seus fundamentais valores? Mas o que resta é muito pouco, entre a ilusão de uma liberdade, uma democracia anémica, sem participação activa dos seus cidadãos, com um povo submisso ao seu dono – o capital selvagem que domina o mundo.
 
E por isso aqui fica o apelo, para que devolvam o cravo de Abril, nem que para isso seja necessário formar uma “Troika” de valores, liberdades e garantias.
 
JOSE LEANDRO LOPES SEMEDO   
Mário Mendes e José Leandro in À Flor da Pele - "Alto Alentejo" - 25/4/2012

3 comentários:

Filoxera disse...

É preciso estar alerta, é preciso agir para não se desbaratar tudo o que Abril trouxe...
Beijos.

Teté disse...

Haja o que houver, 25 de abril, sempre! Embora os atuais governantes façam o que podem para destruir os sonhos de outrora e implementar uma ditadura económica, sem liberdades e garantias para o povo...

O cravo está meio murcho, há que acreditar que as suas sementes caiam em terra fértil e germinem e façam florescer novos e muitos cravos vermelhos... ;)

Rafeiro Perfumado disse...

E muita sorte tens tu se no cravo não vier "Made in China". ABraço!