Para os
milhares de portugueses, que por esta data estão a sofrer diariamente, os
efeitos das fortes medidas de austeridade que lhes são impostas, por um governo
que parece não saber para onde nos leva, insensíveis, com cortes atrás de
cortes, no direitos sociais, enfim, sem um rumo e uma perspectiva de futuro,
apenas o que lhes interessa são os números e os gráficos do Ministério das
Finanças, como se a politica se resumisse a uma mera questão de números – como
se fosse um gabinete de contabilidade, e não um governo, com interesse nas
pessoas e nas suas reais condições de vida.
Trinta e
oito anos depois, o que resta da revolução que Abril trouxe, naquela Primavera
de 74? Onde estão os homens e as mulheres que sonharam com um país melhor, e
mais livre? E o que pensará esta nova
geração – dizem que a mais bem formada de todos os tempos? O que lhes dá este
país? – Números grandes em dúvida, 35% de desemprego, segundo os últimos dados
do INE, mas para reforçar os números existem sempre declarações de membros do
governo, para que emigrem, façam-se á vida, deixem a vossa “zona de conforto”,
dizem bem, desconforto, não? E deixem de ser piegas… porque para além de não
poderem construir um presente estável – mercado laboral precário, este governo
não vos vai dar um futuro promissor – destruição do estado social, não
pagamento das reformas, no futuro. Por isso a mensagem, por aqui fica,
desenrasquem-se! É assim que este estado neoliberal que nos governa, trata as
pessoas, primeiro rouba-lhes o presente, para a seguir lhes destruir o futuro.
E hoje, o
que celebramos? Apenas um feriado em vias de extinção, ou uma data amputada dos
seus fundamentais valores? Mas o que resta é muito pouco, entre a ilusão de uma
liberdade, uma democracia anémica, sem participação activa dos seus cidadãos,
com um povo submisso ao seu dono – o capital selvagem que domina o mundo.
E por isso
aqui fica o apelo, para que devolvam o cravo de Abril, nem que para isso seja
necessário formar uma “Troika” de valores, liberdades e garantias.
JOSE LEANDRO LOPES SEMEDO
Mário Mendes e José Leandro in À Flor da Pele - "Alto Alentejo" - 25/4/2012
3 comentários:
É preciso estar alerta, é preciso agir para não se desbaratar tudo o que Abril trouxe...
Beijos.
Haja o que houver, 25 de abril, sempre! Embora os atuais governantes façam o que podem para destruir os sonhos de outrora e implementar uma ditadura económica, sem liberdades e garantias para o povo...
O cravo está meio murcho, há que acreditar que as suas sementes caiam em terra fértil e germinem e façam florescer novos e muitos cravos vermelhos... ;)
E muita sorte tens tu se no cravo não vier "Made in China". ABraço!
Enviar um comentário