Namoriscando o proibido, seus olhos pirilampiscavam. À medida que avançava, seu coração tiquetaqueava. Sóquando desaguou na outra margem do tempo ele ousou despersianar os olhos. Nada sobrava de sua anterior gateza. E o escuro, triste, desabou em lágrimas. E os olhos do escuro se amarelaram. E se viram escorrer, enxofrinhas, duas lagriminhas amarelas em fundo preto. Dentro de cada um há o seu escuro. E nesse escuro mora quem lá inventamos. _ ... Somos nós que enchemos o escuro com nossos medos. Metade de seu corpo brilhava, arco-iriscando. Quando a mãe olhava o escuro, a mãe ficava com os olhos pretos. Pareciam cheios de escuro. Como se engravidassem de breu, a abarrotar de pupilas.
De “O gato e o escuro”, Mia Couto.
De “O gato e o escuro”, Mia Couto.
1 comentário:
Mia Couto é um inventor de palavras. Pirilampiscavam é genial... :)))
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