Se bem me lembro, passa precisamente hoje um ano da última greve geral que, depois de matutada reflexão, achei por bem não aderir, cumprindo o que na altura a minha consciência reivindicava.
Nunca antes em seis anos de governo o xôr inginheiro ficou realmente incomodado com alguma greve ou mega-manifestação a ponto de mudar as suas políticas. Em resultado das manifestações, greves ou capacidade negocial dos sindicatos, nenhuma reivindicação séria foi atendida. Pois nesse dia passado há um ano eu não fui grevista, e não o fui apenas porque seria mais um a engrossar a contabilidade estatística dos sindicatos. Que me desculpem as pessoas envolvidas nos sindicatos e demais ingénuos que acham que estes ainda resolvem alguma coisa, mas o que precisamos é de acção, atitudes correctas e bem dirigidas, na defesa daquilo que consideramos justo e não ao serviço de organizações sindicais que tentam controlar as massas trabalhadoras ao seu serviço (talvez por isso os sindicatos nunca me seduziram).
As políticas das últimas legislaturas foram um desastre do qual não creio que iremos recuperar tão cedo. Credibilidade é o bem mais escasso no panorama político nacional, coisa que este governo não tem. Os sindicatos também não, mas estes não são os culpados da actual situação. Uma situação que é grave. Outro problema são as Merkels e os Sarkozys. As políticas perversas e austeras que o governo delineou, mãos dadas com a troika, escolheram mais uma vez o seu bode expiatório, o funcionário público. O Estado cobrador de impostos, mais uma vez, nos deixa a todos na mão. Pela forma obstinada e arrogante com que tem atiçado a opinião pública contra uma classe profissional inteira, denegrindo-a, explorando pretensos privilégios, criando intencionalmente desigualdades e desavenças no panorama social onde, ao invés, deveria haver uma união de consensos.
Esta greve, com todos os seus efeitos e defeitos, acaba por ser incontornável. Há nela um efeito de unidade que não pode nem deve ser ignorado, menos ainda num momento como este. Às vezes temos de abalar isto. Devemos demonstrar a indignação que sentimos face ao comportamento da classe política que nos gere. Perante a brutalidade do assalto a resposta tem de estar à altura. Mesmo que não dê em nada alguma mossa deverá fazer. Avancemos não com vista ao imediato mas com um horizonte mais alargado. Vamos vingar o 13º mês, vamos fazer qualquer coisa, vamos engrossar as estatísticas. Está convocada mais uma greve, geral como outras. Nesta altura de miséria volto a colocar-me perante a mesma questão: Servirá para alguma coisa? Não serve, mas esta eu faço.
5 comentários:
Cheguei a estar sindicalizado após o 25 de Abril. Deixei de o estar quando recebi o primeiro Relatório e Contas e o analisei.
Ordenados dos dirigentes, subsídios e ajudas de custas para tudo e mais alguma coisa, regalias de toda a ordem, aluguer de instalações, pagamento aos funcionários do mesmo modo, telefones, etc, etc !
Lá fora há fundos de apoio a greves (apagamento aos grevistas), mas aqui não, mas os sindicalistas continuam a receber o seu, mesmo em dias de grave !
Formação contínua por conta das cotizações sindicais e promoção política a vários níveis.
Entendo os sindicalizados mais como um instrumento dos sindicatos do que como verdadeiros beneficiados !
Sempre considerei os sindicatos muito mais prejudiciais que úteis desde o 25 de Abril e os maiores responsáveis pela nossa falta de produtividade e competitividade relativamente aos outros países europeus !
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Concordo inteiramente com o Rui da Bica.Os sindicatos estão ali para se servirem e não para servir.Burros são os que os seguem.Falo por experiencia própria.
Não sei se ser sindicalizada me teria ajudado, porque nunca fui, mas acredito que o Rui possa ter razão!
Agora greve ao blogue é que não entendi - não é trabalho, é lazer... ;)
Teté, não fiz greve ao blogue, o blogue é que me acompanhou na greve, aliás se nem estive no gabinete.
Aproveitando, convem mecionar que tenho andado um pouco arreigado do convívio nos vossos blogues. Espero retribuir as visitas brevemente.
Obrigado a todos.
Eu cumpri os serviços mínimos lá no CR
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