Tudo pronto para a viagem: os cachecóis, as camisolas, os bonés, as bandeiras, as cornetas, os presuntos e os garrafões. A alma a transbordar pela boca de tanta ansiedade. Chegou finalmente o dia tão esperado e em poucas horas terá início a inédita final. O adversário é forte e a sua massa adepta também, mas nem isso os atemoriza no sonho de conquistar a taça e coroar assim uma brilhante campanha realizada pelos bravos jogadores.
Num autocarro fretado, repleto de entusiasmo e enfeitado com faixas coloridas, fazem-se à estrada nos quase quinhentos quilómetros que os separa de um velho sonho, assistir a uma final inédita para o seu clube do coração. A alegria durante a viagem é contagiante. Por onde o autocarro passa as pessoas se manifestam com sorrisos, aplausos e incentivos, e dentro dele a euforia transforma-os em crianças, que dançam e cantam ao som dos cânticos popularuchos e do hino.
Chegados às imediações do estádio, avistam de longe uma multidão colorida, de braços erguidos, bandeiras desfraldadas, barraquinhas fumegantes, velhos e novos, todos unidos na alegria e na ansiedade, estampadas em cada rosto. As horas que antecedem o apito inicial são passadas num saudável convívio entre os adeptos das duas equipes, na disputa de um jogo de malha, nas cartas, num desafio de sonoros roncos de alguns sonolentos guerreiros abatidos pelo bom vinho da região.
Os portões do velho estádio abrem-se. As equipas chegam. Um tumulto se forma em crescendo, cada adepto quer tirar uma fotografia, conquistar os lugares da frente e ser premiado com um autógrafo ou apenas um aceno longínquo dos craques. Por todos os lados agitam-se freneticamente pequenas bandeiras, há barulho de fogos de artifício, os hinos são cantados pelas vozes roucas, entre sons de batuques, cornetas, assobios e gritos. A disputa entre as claques se instala, vaiam-se uma à outra e termina por momentos a feliz convivência entre adeptos, mas nada que abale o entusiasmo e a alegria da festa.
De repente, as equipes perfiladas saem dos balneários e entram em campo. O estádio levanta-se num só movimento e sente-se no ar o povo que rejubila, grita e aplaude os jogadores. A banda toca e, em uníssono, rostos afogueados de euforia e de adrenalina pura sentem o arrepio do hino nacional cantado com um profundo sentimento.
O jogo começa. O empenho dos jogadores é acirrado. Jogam com garra tanto ao ataque como na defesa. A cada jogada de perigo nas grandes áreas, acelera-se o ritmo cardíaco dos treinadores de bancada. As faltas à entrada da área provocam suores frios de tremedeira. A bola no poste da baliza do adversário é um grito que sai profundo e arranha as gargantas já secas pela emoção. De repente, o primeiro golo. A outra claque salta um movimento só. Tambores repicam, soam apitos, gritos, todos pulam e abraçam-se na mais contagiante alegria, colorindo o estádio. O jogo continua e novo golo na mesma baliza. 'Foi apenas um momento de distracção dos jogadores da defesa'!
Termina o primeiro tempo. Hora de comentar as jogadas, fazer suposições, reclamar da arbitragem. Mesmo com dois golos contra, como a lembrar que haverá o segundo tempo e o resultado poderá ser outro, o David também acreditou que a vitória sobre o Golias seria possível. Sob o sol escaldante e o colorido das bandeiras que se agitam, todos cantam e dançam, para não deixar arrefecer o clima festivo. Uma simples ida à casa de banho para aliviar a bexiga é um martírio. Mas onde estão os 10 estádios novos do Euro?
Recomeça o jogo. Como irá a equipa reagir? E se acabarem as forças? Por quantos vão perder? O jogo continua tenso. Procura-se não demonstrar a preocupação com a diferença do marcador, mas as mãos tremem, transpiram e as unhas desaparecem vertiginosamente. Os olhos acompanham a bola como se pudessem direccioná-la para dentro da baliza. A outra claque empurra a equipe com gritos, cânticos e palavrões em honra à equipe de arbitragem. O fim do jogo aproxima-se e o desalento de alguns já os empurra para a viagem de regresso.
Minutos depois ouve-se um grito de golo. Quase no finzinho da partida a esperança renasce. Saboreia-se o efeito das redes a vibrar. Os desistentes adeptos que antecipavam a saída voltam para trás, e manifestam-se agora com a mesma euforia, a mesma vibração como se estivessem em vantagem. Os corações batem ainda mais apressados, uma sensação horrível de não poder fazer nada aos minutos que se escoam.
O final do jogo sela em definitivo a derrota. Desilusão, desapontamento, decepção? Algum, mas o abraço recebido da rapariga do lado, que poucos minutos antes eram apenas dois desconhecidos, o conforta e juntos unem as lágrimas e os gritos de incentivo entalados nas suas gargantas. Incrédulos, assistem à comemoração dos adversários, que erguem a taça, enquanto por dentro, tristes, guardam no peito a dor de saberem que a equipe dos seus corações estará mais longe de reviver tão belo momento.
Num autocarro fretado, repleto de entusiasmo e enfeitado com faixas coloridas, fazem-se à estrada nos quase quinhentos quilómetros que os separa de um velho sonho, assistir a uma final inédita para o seu clube do coração. A alegria durante a viagem é contagiante. Por onde o autocarro passa as pessoas se manifestam com sorrisos, aplausos e incentivos, e dentro dele a euforia transforma-os em crianças, que dançam e cantam ao som dos cânticos popularuchos e do hino.
Chegados às imediações do estádio, avistam de longe uma multidão colorida, de braços erguidos, bandeiras desfraldadas, barraquinhas fumegantes, velhos e novos, todos unidos na alegria e na ansiedade, estampadas em cada rosto. As horas que antecedem o apito inicial são passadas num saudável convívio entre os adeptos das duas equipes, na disputa de um jogo de malha, nas cartas, num desafio de sonoros roncos de alguns sonolentos guerreiros abatidos pelo bom vinho da região.
Os portões do velho estádio abrem-se. As equipas chegam. Um tumulto se forma em crescendo, cada adepto quer tirar uma fotografia, conquistar os lugares da frente e ser premiado com um autógrafo ou apenas um aceno longínquo dos craques. Por todos os lados agitam-se freneticamente pequenas bandeiras, há barulho de fogos de artifício, os hinos são cantados pelas vozes roucas, entre sons de batuques, cornetas, assobios e gritos. A disputa entre as claques se instala, vaiam-se uma à outra e termina por momentos a feliz convivência entre adeptos, mas nada que abale o entusiasmo e a alegria da festa.
De repente, as equipes perfiladas saem dos balneários e entram em campo. O estádio levanta-se num só movimento e sente-se no ar o povo que rejubila, grita e aplaude os jogadores. A banda toca e, em uníssono, rostos afogueados de euforia e de adrenalina pura sentem o arrepio do hino nacional cantado com um profundo sentimento.
O jogo começa. O empenho dos jogadores é acirrado. Jogam com garra tanto ao ataque como na defesa. A cada jogada de perigo nas grandes áreas, acelera-se o ritmo cardíaco dos treinadores de bancada. As faltas à entrada da área provocam suores frios de tremedeira. A bola no poste da baliza do adversário é um grito que sai profundo e arranha as gargantas já secas pela emoção. De repente, o primeiro golo. A outra claque salta um movimento só. Tambores repicam, soam apitos, gritos, todos pulam e abraçam-se na mais contagiante alegria, colorindo o estádio. O jogo continua e novo golo na mesma baliza. 'Foi apenas um momento de distracção dos jogadores da defesa'!
Termina o primeiro tempo. Hora de comentar as jogadas, fazer suposições, reclamar da arbitragem. Mesmo com dois golos contra, como a lembrar que haverá o segundo tempo e o resultado poderá ser outro, o David também acreditou que a vitória sobre o Golias seria possível. Sob o sol escaldante e o colorido das bandeiras que se agitam, todos cantam e dançam, para não deixar arrefecer o clima festivo. Uma simples ida à casa de banho para aliviar a bexiga é um martírio. Mas onde estão os 10 estádios novos do Euro?
Recomeça o jogo. Como irá a equipa reagir? E se acabarem as forças? Por quantos vão perder? O jogo continua tenso. Procura-se não demonstrar a preocupação com a diferença do marcador, mas as mãos tremem, transpiram e as unhas desaparecem vertiginosamente. Os olhos acompanham a bola como se pudessem direccioná-la para dentro da baliza. A outra claque empurra a equipe com gritos, cânticos e palavrões em honra à equipe de arbitragem. O fim do jogo aproxima-se e o desalento de alguns já os empurra para a viagem de regresso.
Minutos depois ouve-se um grito de golo. Quase no finzinho da partida a esperança renasce. Saboreia-se o efeito das redes a vibrar. Os desistentes adeptos que antecipavam a saída voltam para trás, e manifestam-se agora com a mesma euforia, a mesma vibração como se estivessem em vantagem. Os corações batem ainda mais apressados, uma sensação horrível de não poder fazer nada aos minutos que se escoam.
O final do jogo sela em definitivo a derrota. Desilusão, desapontamento, decepção? Algum, mas o abraço recebido da rapariga do lado, que poucos minutos antes eram apenas dois desconhecidos, o conforta e juntos unem as lágrimas e os gritos de incentivo entalados nas suas gargantas. Incrédulos, assistem à comemoração dos adversários, que erguem a taça, enquanto por dentro, tristes, guardam no peito a dor de saberem que a equipe dos seus corações estará mais longe de reviver tão belo momento.
Eu não estive lá, e como sabem sou dragão de coração, mas mesmo assim sinto a genuinade da gente flaviense.
7 comentários:
Olá, a verdade é que eu e futebol não somos muito amigos e como tal só bem no final do teu texto é que compreendi a relação entre os pasteis de chaves e o post em si. Depois lembrei-me que no domingo andava tudo a falar de um resultado qualquer que tinha ficado 2-1…
Enfim se há noticia que me passa ao lado é futebol… não se pode saber de tudo eheh. Um abraço.
Pois olha que eu até ontem, nem sabia que havia jogo da taça.
Mas valeu a pena para a delícia deste post e para a delícia que são estes pastéis, que todos os que os provam ficam fãs!!
Adorei o post, mas esses pastéis de Chaves deram-me cá uma fomeca!
Eu confesso-me mais adepta dos pasteis de feijão, mas gostei muito de te ler.
Ah, e parabéns pela Taça! ;)
Já foste comentador desportivo? Concorre pá, vá lá, és um Ás na matéria..
Aquele apertadinho abraço e a mim num estádio? num autocarro com adeptos? never, era o que faltava, de eum lado ou de outro, há sempre quem não sabe agir na vida e assim...Beijinho da laura
Ah, o meu primeiro jogo de futebol a que assisti na bancada foi aos seis anos, em Chaves... ainda ouvia e lembro que; vivó tchaves vivó tchaves...uiiii que giro e que adrenalimna..beijinhos.
Não vi o jogo, mas como bem disseste, era um pouco David contra Golias, com final anunciado... :)
Parabéns ao teu clube! E também à equipa flaviense que lutou até ao fim...
Beijocas!
Eu cá gosto muito dos pastési de Chaves.
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