Algures, algumas vezes, já todos “tropeçamos” neles. Cruzamo-nos com seres humanos, pessoas que vivem na rua, que estendem a mão e nos pedem algo mais do que apenas uma moeda. Viramos-lhes a cara, fazemos de conta que não estão ali, mostramos desconforto e até sentimos nojo. Indiferentes, prosseguimos o nosso caminho, recusando ver a realidade que nos fere a alma e a consciência. É deprimente e chocante ver estas pessoas que bateram no fundo da sua condição social e às vezes humana, espezinhados pela vida, pela miséria, pela sociedade e pela injustiça. Por trás daquelas expressões vagas estão homens e mulheres, que já sem condições nem meios, tentam ainda manter um resto de dignidade e nos dão uma lição de coragem, de força e humildade, a todos nós que prosseguimos preocupados com as nossas pequenas aflições.
Ajudar reveste muitos gestos, muitas maneiras, muitas mãos, muito trabalho, muitas associações e todas valem a pena. Muito mais importante que a moeda, a comida e a roupa que possam receber, eles querem alguma atenção, querem quem fale com eles e que os ouça. Muitos provavelmente trocariam a esmola por um pouco de carinho. A solidão é brutal. Devemos o apreço e um profundo agradecimento aos que se preocupam, a todos aqueles que ajudam e se interessam, não só no Natal como no resto do ano, porque eles estão lá, sempre...
foto: Kirsten Bole
7 comentários:
Principalmente no resto do ano, Paulo.
É verdade, Paulo! Fico sem palavras... custa tão pouco e nós nada fazemos...
Aproveito para vos desejar um Feliz Natal com muita saúde e muito Amor!
:) Beijinho
Apesar de ser verdade, também há os que não querem ser ajudados (pelo menos da maneira como eu gostaria de os ajudar); já levei com reacções completamente inesperadas para mim e até que puseram em risco a minha integridade física.
Optei por ajudar instituições.
Por acaso não foi essa a sensação que tive, depois de ver uma belíssima reportagem televisiva, salvo erro na SIC.
Os sem-abrigo não pensam pela tua cabeça ou a minha, têm alguma vergonha pela perda da dignidade a que a droga ou o álcool os levou, pelas famílias e amizades que deixaram para trás, mas em chegando lá ao fundo têm uma ilusão de liberdade plena, nada os pode afectar mais...
E durante todo o ano aparecem almas caridosas que os alimentam diariamente, dormir em caixas de cartão não é problema de maior, desilusões não têm! E são solidários uns com os outros, dividem refeições, encontram abrigos temporários para permanecer durante uns tempos.
Serão todos? Talvez não! Mas pelos exemplos focados, alguns não pretendem inspirar comiseração, apenas continuar assim "livres" de todas as obrigações...
Beijocas!
...imagem emocionante.
Desejo-te um excelente Natal repleto de coisas boas!!
Beijocas
A vifa préga-nos muitas partidas, e quando mais precisamos de um amigo, deve ser triste perceber que o unico amigo que temos é um animal, que não sabe distinguir a pobreza da riqueza, da vergonha e da sobranceria...simplesmente ama quem o ama.
Bom Natal a todos, principalmente áqueles que todos nós esquecemos e ignoramos.
Ainda bem que existem os animais.
Juntáste no post 3 coisas que muito me tocam:
os sem-abrigo, os animais abandonados e um texto brilhante que nos remete para a obrigação de não ver tudo isto só no Natal.
Beijinhos
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