Antes de me sentar para escrever este texto, pude assistir na RTP1 ao debate entre os candidatos à presidência da Câmara do Porto. O actual presidente e os seus mandatos absolutos foram o centro das atenções. Figura arrogante, de postura cínica, Rui Rio meteu os pés pelas mãos e as mãos pelos pés. Desaguou num role de promessas antigas, argumentos gastos e faltas de respeito, sem uma visão tradicional e renovadora do que sempre foi a cidade invicta que conheci e aprendi a amar.
Por muito que me custe, e vá lá saber-se porquê, Rui Rio continua a manter o apoio de grande parte do eleitorado portuense. Em 2001 encontrou a câmara numa situação financeira dramática e a cidade completamente esventrada depois da Capital da Cultura. Pôs a casa em ordem e pouco mais fez, para além de afrontar a maior instituição da cidade, o Futebol Clube do Porto, e assistir à debandada de muitos habitantes para os municípios vizinhos. Deixo aqui uma excelente descrição, que li no Diário de Notícias, do que é o Porto actualmente:
“O Porto não pode entrar numa competição com os municípios vizinhos, tem é de promover uma articulação de estratégias e recuperar a ideia de que o Porto tinha a excelência. Antes era como um ovo estrelado, que tinha uma gema riquíssima que difundia para a envolvente, enquanto hoje parece um ‘donut’. As pessoas foram escorraçadas e a dinâmica cultural foi tratada com o epíteto de “estes são os subsidio-dependentes”.
Pode ser que me engane, mas parece-me que Elisa Ferreira já perdeu a corrida à presidência da Câmara Municipal do Porto. Elisa Ferreira foi sempre uma referência da cidade, sobretudo nos tempos em que pertenceu ao Governo, mas está há cinco anos em Bruxelas, já poucos se lembrarão dela, e isso levou a que se verificasse um corte afectivo na ligação que mantinha com a cidade. Ainda por cima, no momento em que concorre à Câmara do Porto, não abdica de se manter nas listas para o Parlamento Europeu (não sei se me escapou qualquer coisa durante o acalorado debate!). Para mim, Elisa Ferreira daria uma boa autarca. Do “lote” de candidatos não dislumbro melhor. Mostrou ser eficiente quando esteve no Ministério do Ambiente, onde teve de lidar com questões sensíveis e com um certo garnisé, seu Secretário de Estado, que já então procurava dar nas vistas. E é também por culpa desse garnisé que Elisa Ferreira não vai ganhar.
Gostaria de viver num Porto grande, que fosse de Gaia a Matosinhos, da Maia a Gondomar. Um Porto que fosse novamente o motor de desenvolvimento económico, social e cultural do Norte. Farol da região. Uma cidade alegre, viva e ambiciosa. É necessário mais. Se calhar até estou a pedir demais! Não sei, mas o defeito não é meu, de certeza!
Pedro Abrunhosa - Eu não sei quem te perdeu
Bom fim-de-semana e direito cívico, ó faxabôre!
Por muito que me custe, e vá lá saber-se porquê, Rui Rio continua a manter o apoio de grande parte do eleitorado portuense. Em 2001 encontrou a câmara numa situação financeira dramática e a cidade completamente esventrada depois da Capital da Cultura. Pôs a casa em ordem e pouco mais fez, para além de afrontar a maior instituição da cidade, o Futebol Clube do Porto, e assistir à debandada de muitos habitantes para os municípios vizinhos. Deixo aqui uma excelente descrição, que li no Diário de Notícias, do que é o Porto actualmente:
“O Porto não pode entrar numa competição com os municípios vizinhos, tem é de promover uma articulação de estratégias e recuperar a ideia de que o Porto tinha a excelência. Antes era como um ovo estrelado, que tinha uma gema riquíssima que difundia para a envolvente, enquanto hoje parece um ‘donut’. As pessoas foram escorraçadas e a dinâmica cultural foi tratada com o epíteto de “estes são os subsidio-dependentes”.
Pode ser que me engane, mas parece-me que Elisa Ferreira já perdeu a corrida à presidência da Câmara Municipal do Porto. Elisa Ferreira foi sempre uma referência da cidade, sobretudo nos tempos em que pertenceu ao Governo, mas está há cinco anos em Bruxelas, já poucos se lembrarão dela, e isso levou a que se verificasse um corte afectivo na ligação que mantinha com a cidade. Ainda por cima, no momento em que concorre à Câmara do Porto, não abdica de se manter nas listas para o Parlamento Europeu (não sei se me escapou qualquer coisa durante o acalorado debate!). Para mim, Elisa Ferreira daria uma boa autarca. Do “lote” de candidatos não dislumbro melhor. Mostrou ser eficiente quando esteve no Ministério do Ambiente, onde teve de lidar com questões sensíveis e com um certo garnisé, seu Secretário de Estado, que já então procurava dar nas vistas. E é também por culpa desse garnisé que Elisa Ferreira não vai ganhar.
Gostaria de viver num Porto grande, que fosse de Gaia a Matosinhos, da Maia a Gondomar. Um Porto que fosse novamente o motor de desenvolvimento económico, social e cultural do Norte. Farol da região. Uma cidade alegre, viva e ambiciosa. É necessário mais. Se calhar até estou a pedir demais! Não sei, mas o defeito não é meu, de certeza!
Pedro Abrunhosa - Eu não sei quem te perdeu
Bom fim-de-semana e direito cívico, ó faxabôre!
13 comentários:
Não vi nenhum debate, nem esse, nem outros! Mas se há local onde os políticos me desiludem (ainda mais) é nas autarquias. Parece que andam lá só para alcançar outros cargos mais importantes dentro da política nacional, nas tintas para as cidades a que presidem, pouco ou nada se vê em benefício dos cidadãos.
Vou votar, como sempre, mas ainda não sei bem em quem, que convicções não são nenhumas!
Beijoca e bom fim de semana!
"(...) afrontar a maior instituição da cidade, o Futebol Clube do Porto (...)" deve ser por isso mesmo que muitos o continuam a apoiar.
Ainda gostava de saber porque é que o futebol tem de ser sempre chamado à baila quando se trata de resolver assuntos da vossa cidade. A sério que não compreendo.
E li num blog de um portuense que gosto muito e que visito, que a Elisa Ferreira terá dito neste debate : "Rui Rio tem o apoio de 6 milhões de benfiquistas"
Isto é tão ridículo! Só em Portugal, nos políticos pequeninos como os nossos, é que se ouvem anormalidades destas.
Mas será que não assuntos realmente importantes para se debatem?
Não se vai a nenhum lado desta forma, a nenhum mesmo.
E por todo o país a história se repete, e se não é o futebol são chouriços, televisores, luvas, amigalhaços.
Irra, começo a ficar farta desta canalha toda. Brincam e o povo fica quieto. Somos mesmo uns moles!
Pronto, e a música deste senhor é muito bonita :):):)
Concordo contigo Patti, o futebol não deveria ser chamado à baila para questões da cidade mas, se bem me lembro, este caso ia para além do chuto na bola. Quando já existia um Plano Directório Municipal estudado e aprovado para a toda a zona das Antas foi depois tudo posto em causa, e da forma como foi, só após a eleição do referido senhor em 2001 (ainda por cima nunca falou sobre tal assunto na campanha eleitoral da altura). E se houve intervenção urbanística bem planeada e feita o PDA das Antas é o maior exemplo.
Para mim a política é que é promíscua, e parece que é mal generalizado, há em todos os sectores de actividade. Ups... lembrei-me do Freeport outra vez mas até poderia dar vários exemplos, não poderia?
Essa afirmação de Elisa Ferreira é realmente muito infeliz e não a deveria ter dito. Não a disse neste debate mas numa entrevista que deu ao Jornal i, edição de ontem. Vendo bem não deixa de ter um fundo de verdade! E sou eu, também um portista, que o digo.
Bom fim-de-semana.
Neste país o futebol é das coisas mais promiscuas que existem e se se mete com a política nacional, então o lodaçal é pleno, nauseabundo.
A Elisa Ferreira, como pessoa competente que tentou ser no governo, deveria ter mais esperteza num simples combate à câmara: falar em benfiquismos, portismos, sportinguismos ou lá o que for, é de uma boçalidade e provincianismo a toda a prova.
E pior ainda, só alimenta ódios desnecessários entre clubes e cidades, no povo ignorante.
Uma tristeza!
Desculpa Paulo, mas assim que eu penso do futebol e de fanatismos clubísticos.
E 6 milhões é um exagero!
Ahahahahahha, querias!
Ahahahah
Olha, já espreitei as vossas crónicas sobre os nossos queridos cursos de água. Mais logo terei o prazer de os comentar, por enquanto terei de voltar á vidinha.
Eu por cá estou mais bem servido, com o Seara. Mas não tenho uma opinião assim tão favorável da Elisa, ainda me lembro da "fuga" dela para o Parlamento Europeu, a fazer lembrar um outro cherne.
Abraço!
Ele afronta o FCP e mesmo assim reune apoios. Será tão mau o trabalho dele? Não conheço bem a realidade tripeira...
Abraço
Por esta hora já te posso dizer que se confirma a vitória do Rui Rio!
Gostava também de expressar toda a minha concordância com a Patti! Acho que são coisas que não se deviam misturar, nunca!
:) Beijinho
E mais uma vez ele ganhou de forma clara...
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