Ao contrário de outras, a casa de banho, ou dabliocê, é provavelmente a divisão mais requisitada de qualquer habitação ou local de trabalho. Sendo um espaço de intimidade, local próprio para se estar em pleno contacto com o corpo nas chamadas actividades lúdicas da higiene íntima e de manutenção fisiológica, é por vezes necessário despender lá algum tempo sempre que se é submetido de uma forte dor de barriga. Assim, e para além da execução do acto, um gajo fica ali sentado no trono a fazer o quê? Permanece sentado, libertando a mente, vagueando os olhos pelo espaço exíguo a contar os azulejos, reparando nas manchas estranhas no bidé ou lendo até pérolas de poesia popular escritas na porta. Pois digo que enquanto se promove uma valente cagada sempre se pode entreter com qualquer coisa e não julgar que é uma perda de tempo. Entre o baixar das calças e puxar o autoclismo, sempre se pode contribuir para o nosso enriquecimento pessoal. Uma pessoa moderna e organizada procura sempre gastar o seu tempo conciliando as suas necessidades culturais com as fisiológicas. Um tipo precavido quando vai à retrete nunca vai de mãos a abanar.
Acertaram, estou a falar de literatura de casa de banho, indispensável à reflexão e ao enriquecimento cultural enquanto se faz obra. Pode até ser bastante variada e, como tal, a questão que se coloca primeiramente é qual o tipo de leitura a recorrer. Para quem perfira ler num sítio silêncioso e sossegado é o local ideal, no entanto, e no meu entender, não é propriamente o local mais adequado à fina obra literária. O simples transporte de um calhamaço para o dabliocê pode dar a ideia que se vai estar ocupado por bastante tempo! Entre um passar de olhos pelas gordas e o folhear acelerado dos dedos numa revistinha cor-de-rosa, que nunca ninguém diz querer ler, poderá ser suficiente para o tempo disponível. Aproveitando a altura do dia, até se pode despachar algum expediente, e assim organizar parte da nossa vida, onde um tipo de prosa bem apropriada para a ocasião é a revisão da correspondência indesejada como as contas da água, da luz ou do condomínio. Outra boa hipótese é o tratamento e reciclagem da papelada de caca, para não dizer outra coisa, com que sistematicamente entopem as caixas de correio. O jornal diário é o ideal para uma leitura rápida, actualizada, e barulhenta, no sentido de dar a entender que o local de trabalho ainda está ocupado. É inclusive uma óptima solução para a falta de papel higiénico. A última e revolucionária descoberta, onde se junta o útil ao agradável, consiste em transportar o computador portátil consigo não perdendo tempo precioso na navegação e actualização blogueira. Sabe-se lá se por ventura alguns de vocês não estarão neste preciso momento com o rabo ao léu, sentados na retrete, de pêcê ao colo ou não, a clicar num link enquanto enviam um fax?
Acertaram, estou a falar de literatura de casa de banho, indispensável à reflexão e ao enriquecimento cultural enquanto se faz obra. Pode até ser bastante variada e, como tal, a questão que se coloca primeiramente é qual o tipo de leitura a recorrer. Para quem perfira ler num sítio silêncioso e sossegado é o local ideal, no entanto, e no meu entender, não é propriamente o local mais adequado à fina obra literária. O simples transporte de um calhamaço para o dabliocê pode dar a ideia que se vai estar ocupado por bastante tempo! Entre um passar de olhos pelas gordas e o folhear acelerado dos dedos numa revistinha cor-de-rosa, que nunca ninguém diz querer ler, poderá ser suficiente para o tempo disponível. Aproveitando a altura do dia, até se pode despachar algum expediente, e assim organizar parte da nossa vida, onde um tipo de prosa bem apropriada para a ocasião é a revisão da correspondência indesejada como as contas da água, da luz ou do condomínio. Outra boa hipótese é o tratamento e reciclagem da papelada de caca, para não dizer outra coisa, com que sistematicamente entopem as caixas de correio. O jornal diário é o ideal para uma leitura rápida, actualizada, e barulhenta, no sentido de dar a entender que o local de trabalho ainda está ocupado. É inclusive uma óptima solução para a falta de papel higiénico. A última e revolucionária descoberta, onde se junta o útil ao agradável, consiste em transportar o computador portátil consigo não perdendo tempo precioso na navegação e actualização blogueira. Sabe-se lá se por ventura alguns de vocês não estarão neste preciso momento com o rabo ao léu, sentados na retrete, de pêcê ao colo ou não, a clicar num link enquanto enviam um fax?
Certamente haverá um momento em que chegará a vontade, aquela necessidade de reflectir profundamente, contar histórias e ler metáforas. O uso efémero de uma literatura de rolo poderá ser aquilo que procuram. Voltem ao início do poste e cliquem nos rolos. Muita literatura variada e "en castellano, por supuesto"!
Bom fim-de-semana, bom Carnaval, e afins, pleno de leituras.
Bom fim-de-semana, bom Carnaval, e afins, pleno de leituras.
12 comentários:
Nunca tive este hábito literário e nem compreendo como é possível.
Mas gostos não se discutem.
Bom fim-de-semana.
Patti, tanto pode ser uma questão de hábito ou de necessidade, depende de cada um e do tempo que demora a acabar o servicinho.
Bom fim-de-semana.
Não sei, colocar as frases "contar azulejos" e "nunca ir com as mãos a abanar" faz lembrar outras coisas que não literatura...
Abraço, bom FDS e, porque não, boas cagadas!
Lá onde eu trabalho a "Maria" vai parar com frequência à casa de banho. E por acaso já cheguei a levar o portátil para a casa de banho, mas sentei-me lá num banco. A minha gata, fosse para onde fosse, ia passear por cima do teclado, por isso não tive mesmo alternativa. Lá ela não entrava :)
Bj,
(i)
Ainda não tinha tido a oportunidade de comentar este post, pela originalidade e gargalhadas que me fez dar. Um hábito muito mais ususal do que se possa pensar, a avaliar pela ideia da literatura nos rolos, ou da existência de peças de decoração apropriadas para colocação de livros e revistas no dobliocê...
Até sobre a dabliocê tu escreves bem. Estou impressionada!! lol
Bom domingo e bom Carnaval para ti!
Jinhos :)
QUe mais irão inventar? Olha se a moda da literatura nos rolos de papel pega nas empresas, não tarda tens conversa de corredor 'epá, João, foi a ti que te calhou a parte em que a Julieta morre? '...
Paulinho, podes encomendar as faixas!!! :(
Abraço (depois passo por aqui para pôr a leitura em dia, que tenho andado ausente dos blogs.)
Mon cher Paulo: Nem sabes como este teu post me ajudou ao alívio!
Este seria o início do meu comentário caso o meu PC me acompanhasse numa intimidade cagatória. Tal não é o caso!
Mas posso dizer-te que no "trono" por ti referido já li jornais, revistas, BD, livros e houve um tempo em que desenhei sobre um cavalete que apliquei no recinto!
E mais não digo evitando assim odores desagradáveis!
Akele abraço, pah1
Simplesmente ADORO estar na casa-de-banho, principalmente a ler ou a ter "ideias"... que, por vezes, refira-se, também são de m****. (risos)
Abraço e Bom Carnaval.
Olá!!
Aproveito para ler a Sábado, não que a leitura seja de m**, pelo contrário, mas é qd tenho um pouca mais de tempo.
Espero que tenhas tido um bom Carnaval, por aqui foi assim assim, pelo menos o tempo manteve-se bom.
Bejinho, bom resto de semana
PS: ahh!! muito obrigada, a saudade mantem-se mas as recordações são mt boas e ajudam.
Por acaso nunca tive esse hábito, mas sei de muita gente que tem!
Abraço
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