Era assim todos os domingos à tarde. Sempre que o sol convidava eu os levava a passear, aos meus dois meninos, por estradas sinuosas, para lugares distantes, desconhecidos e cheios de histórias para lhes contar. Andava e rodava, fazia curvas e subia montanhas sem medo, abrandava e acelerava, até onde podia, sempre com o motor quente de tanta alegria, até que cansado estacionava e ficava a vê-los a brincar debaixo das árvores. Outros meninos já corriam pelo parque, pareciam bastante ocupados com os jogos tradicionais, às caçadinhas, às escondidinhas, à bola e ao faz-de-conta. As meninas sentadas numa larga e colorida manta permaneciam sossegadas, construindo sonhos e planos com as suas bonecas. À sombra, eu ficava parado a observa-los com os meus redondos faróis, fazendo companhia nas brincadeiras dos irmãos e dos seus carrinhos de plástico. Em poucos minutos o chão de terra ganhava desenhos de estradas que levavam para todos os lugares que a imaginação os permitisse, só não voavam porque afinal um carro não voa, ou voa? Eles eram engenheiros de miniaturas, construtores de estradinhas com os seus carrinhos viajantes de mil e um lugares.
Um dos meninos é chamado para que ajude a tirar as cestas de dentro de mim. Contrariado por ter que parar os seus jogos, lá cedeu reclamando baixinho “porquê eu, sempre eu?”. Os pássaros andavam curiosos comigo, um deles chegou mesmo a pousar na minha branca e reluzente capota: “Ouve lá, e se fosses brincar com os teus amigos? Não vês que me lavaram esta manhã!?”. Melhor seria eu também ter alguma coisa para me distrair. Não é que seja vaidoso, e nada convencido, mas tenho a certeza que aquela carrinha toda giraça que acabou de chegar me deu um pisca-pisca. Seria até bem divertido poder conversar com ela, trocarmos umas buzinadelas ou talvez uns sinais de luzes! Mas se ela for como as meninas que não gostam de brincar com carrinhos. Vendo bem ela nem é para a minha cilindrada! Ouço um chamamento familiar e os meus meninos depressa param com as brincadeiras e juntam-se aos amiguinhos sobre uma grande manta para o tão desejado lanche, para se fartarem de guloseimas e coisas boas que a mamã deles preparou com tanto carinho. Não, não vou ficar para aqui a babar-me porque sei que no regresso me vão encher o depósito. Por isso vou aproveitar este sol que está quentinho e tirar uma boa sesta.
Upa… já estou a trabalhar e mal tive tempo de escovar o pára- brisas. E já estão todos cá dentro! Os meus meninos ainda inquietos, falam e contam todas as aventuras que viveram naquela tarde. De primeira engatada, faço-me de novo à estrada. Cansados e inquietos todos falam e cantam, não tarda nada já estarão a dormir e a sonhar, enquanto eu com a calma da minha pequena potência os levo de volta a casa, de volta à minha garagem.
Um dos meninos é chamado para que ajude a tirar as cestas de dentro de mim. Contrariado por ter que parar os seus jogos, lá cedeu reclamando baixinho “porquê eu, sempre eu?”. Os pássaros andavam curiosos comigo, um deles chegou mesmo a pousar na minha branca e reluzente capota: “Ouve lá, e se fosses brincar com os teus amigos? Não vês que me lavaram esta manhã!?”. Melhor seria eu também ter alguma coisa para me distrair. Não é que seja vaidoso, e nada convencido, mas tenho a certeza que aquela carrinha toda giraça que acabou de chegar me deu um pisca-pisca. Seria até bem divertido poder conversar com ela, trocarmos umas buzinadelas ou talvez uns sinais de luzes! Mas se ela for como as meninas que não gostam de brincar com carrinhos. Vendo bem ela nem é para a minha cilindrada! Ouço um chamamento familiar e os meus meninos depressa param com as brincadeiras e juntam-se aos amiguinhos sobre uma grande manta para o tão desejado lanche, para se fartarem de guloseimas e coisas boas que a mamã deles preparou com tanto carinho. Não, não vou ficar para aqui a babar-me porque sei que no regresso me vão encher o depósito. Por isso vou aproveitar este sol que está quentinho e tirar uma boa sesta.
Upa… já estou a trabalhar e mal tive tempo de escovar o pára- brisas. E já estão todos cá dentro! Os meus meninos ainda inquietos, falam e contam todas as aventuras que viveram naquela tarde. De primeira engatada, faço-me de novo à estrada. Cansados e inquietos todos falam e cantam, não tarda nada já estarão a dormir e a sonhar, enquanto eu com a calma da minha pequena potência os levo de volta a casa, de volta à minha garagem.
22 comentários:
Lindo post, lindas recordações de infância e de Bolinhas, lindos manos :-)
Boa semana!!!
Adorei este post,Paulo!
O 'Bolinhas' lá de casa era um Citröen Boca de Sapo, onde cabia a família toda (4 irmãos, pai, mãe, avó, avô e um ou outro primo). Vendo agora modelos destes, fico atónita a pensar como é que era possível sentar lá dentro aquela gente toda, mas o que é certo é que nas idas e vindas da praia da Nazaré, cabíamos todos e a algazarra era tanta, que a meio do caminho tínhamos sempre que parar para tornar a aconchegar o pessoal e aproveitar para apanhar camarinhas na beira do pinhal. Pobre Boca de Sapo, que só sobreviveu (penso eu, agora) por causa da famosa suspensão....
perfeitas estas recoirdações em formas de palavras imagens
beijos e boa semana
Viva os 'carochas'! Grandes máquinas. Um tio meu também tinha um. Aquilo faz uma barulheira infernal mas já não se fazem carros assim.
Um abraço
E um de vocês não aprendeu nada com o Bolinhas ... tem o carrinho capotado!
O único Bolinhas que tive era da "marca" canídeo,mas também me levou a passear muitas vezes.
Eu, a estes carrinhos, chamava ovinho.
Muito cheio de emoções e boas recordações este teu relato.
Todos nos lembramos do primeiro carro, porque naquele tempo ter um era um luxo e os sítios onde ele nos levava em pequenos passeios, eram marcantes e ficaram para sempre registados na nossa memória e nas velhas câmaras fotográficas.
Palavras para quê? Cada vez visito o teu espaço com maior agrado!
Belo post, mais uma vez! E recordar é viver... e sentimo-nos mais felizes ao recordar coisas boas que vivemos!
Aquele abraço
É incrivel, como simples objectos e coisas podem fazer parte da nossa vida, não como um primo afastado, mas quase como um avô, com o qual aprendemos a viver tantos anos, mas que por fim se vai. Este carro sem dúvida faz parte das nossas vidas e da nossa "familia". Marcou a nossa infância e deixou-nos muitas lições de paciência,preseverança, e de robustez....cuidado quando contares a História do Fiat 127, que veio a seguir...esse tem histórias com mais picante...eh...eh.
Abraço Mano
Boa lembrança a tua, amigo Paulo.
Eu é (foi) mais mini!
Também me levou por aí, a muito lugar.
Chegou a completar o 2º ciclo, já que esteve comigo durante 13 anos.
Depois, eu ingrato, troquei-o!
Akele abraço, pah!
Vekiki, Carlos e Carla: a ideia de escrever esse texto nasceu de uma troca de olhares com as velhas recordações do meu baú, tal qual outros que já publiquei. Às vezes tenho dessas coisas.
Beijos e Abraço
Si, acho que as histórias que se têm do primeiro carro dariam vários livros. Este pequeno chegou a subir a Serra da Estrela com 7 pessoas lá dentro, 3 adultos e 4 crianças.
Beijo
Dante, carocha nunca tive mas cheguei a conduzir uma “coisa” semelhante na tropa. Um amigo comprou um e restaurou-o numa relíquia.
Abraço
Gi, por sinal a Carla também teve um canídeo dessa marca. Confesso que chama-lo de ovinho tem mais a ver!
Beijo
Patti, o nosso querido fiatzinho seiscentos dê andava muito bem, feliz e contente, na Primavera e no Outono. De Inverno, entrava-lhe a chuva por umas aberturas que tinha no capôt e constipava o motor que nos levou a comprar uma gabardina. No Verão ele gostava muito de andar só que como fazia mais calor tínhamos de levar um garrafão de água, o pobrezinho de tão delicado e sensível tinha “uns calores”, a água fervia lá dentro, e tinhamos de parar, esperar que arrefecesse e refrescá-lo antes de continuar viagem.
Enfim, muito querido mas muito mimado.
Pois é Pedro, é viajar no tempo e lembrar boas e velhas histórias.
Abraço
Tó, e esse viveu mais anos connosco mas não teve um nome como o Bolinhas! Além de nos levar para onde queríamos ir foi também cúmplice em várias histórias e namoros. As mais picantes são segredo meu, mas uma ou outra poderei contar aqui.
Abraço Mano
Kok, o dono deste velho 600D, nascido em 1969, era mais adepto do bom estilo italiano. Em 75 foi trocado pelo seu irmão mais novo, um 127 laranjado, no entanto manteve-se na família nas mãos de um primo que lhe trocou a cor para preto "racing".
Aquele abraço, pah!
O teu bolinhas era o nosso "boguinhas" e era exactamente igual!!
A certa altura os meus pais compraram um segundo carro pois não cabíamos todos num e adivinha lá qual foi: outro0 boguinhas :)))
Que saudades daqueles carros. Nem imaginas como me identifiquei come ste teu post!
Beijinho
Imagino Ka, os nossos "boguinhas" eram tão míticos! Até já há por aí umas réplicas modernaças mas sem o mesmo espírito aventureiro.
Um dos pequenos promenores que me recordo, e que me faz sempre sorrir, é que o meu pai penduraava um pequeno transistor a pilhas na pega do teto para que pudessemos ouvir música.
Beijinho
Nesta incrivel máquina, couberam 8 pessoas ao mesmo tempo e nunca foi preciso um empurrão! Fazia Porto - Mós em 7 horas só parando para meter água em S. João da Pesqueira!
Obrigado por matares as saudades deste bom exemplar em extinção! Já não há destas "latas"!!
É verdade Alexandre, esta "lata" subiu a Serra da Estrela com 3 adultos (os meus pais mais a empregada) e 4 crianças (eu, o To, o Eduardo e a Nanda) no bujo. Disso lembro-me bem. Sabes, eu gostava mesmo de saber o que foi feito dele depois de andar nas mãos do meu pai e depois do teu. Da última vez que o vi, imagina, estava estacionado na praia da Madalena, mesmo perto de casa, e vestia de preto!
Enviar um comentário