terça-feira, dezembro 16

tolerância zero

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O que me leva a contar esta cena toda não é bem a minha fatalidade mas a constatação de uma triste realidade. Sábado passado, já bem perto da meia-noite e quando regressava a casa, cai em mais uma das ratoeiras que abundam nas ruas cá do burgo. Tinha chovido bastante todo o dia e, embora não chovesse naquela altura, descuidei-me e fui um azelha na condução. Num cruzamento em Gaia enfiei duas das rodas do carro num buraco coberto de água, pummm…pummm, $%”@ &#£ $@§!#, que foi isto!? Pelo vibrar súbito da direcção da viatura percebi logo qual seria a minha sentença e entretenimento nos minutos seguintes. Por coincidência a estação de serviço de Coimbrões era logo ali e dirigi-me lentamente para lá. Parei o carro junto ao local da bomba de ar, onde por acaso já lá estava outro veículo com alguém a tentar mudar um pneu e um muito alegre grupinho a assistir e a comentar. Inspeccionei os meus estragos, fui buscar o material necessário e pus as mãos no macaco, antes que voltasse a chover. Pela conversa vernácula, histeria colectiva e um cheirete tremendo a charro de haxixe, ou lá o que era aquela merda, vindo da minha momentânea vizinhança, percebi que poderia ter problemas e mais depressa saquei a roda sobresselente. Podem até pensar o contrário mas trocar a roda a um carro é bem mais fácil do que mudar a câmara de uma bicicleta. Pelos vistos os indivíduos tinham chegado de um jantar qualquer, com aqueles neurónios embebidos em alcool e providos de diálogos num tom ameaçador com juras de vingança a alguém que supostamente lhes teria furado o pneu. Como um mal nunca vem só, desata a cair uma chuvada gelada no meu couro e, eu ali com o carro em três rodas e sem hipóteses de fuga, limitei-me a concluir a tarefa o melhor que pude. Nisto os gajos atiram com tudo o que sobrou para dentro da mala da viatura e arrancam a toda a pressa, pelo que percebi, em direcção a Leça. Encharcado e gelado até aos ossos, estou ainda a pagar a factura dessa noite, acabei por trocar a roda e prosseguir viajem constatando aquela triste realidade. O crime, a inconsciência, o atentado que aqueles tipos poderão cometer perante outros pacatos cidadãos. O perigo que é circular junto a eles numa estrada qualquer. Pelo que pude observar nenhum daqueles sujeitos estaria em condições mínimas de caminhar a direito, quanto mais de fazer um "quatro”. Sobretudo nesta altura do ano todos se preocupam com a segurança rodoviária, e está tudo certo, muito certo, só que não bastam as inspecções aos veículos, os limites de velocidade ou as incansáveis campanhas rodoviárias. O real perigo está na falta de civismo, na ausência de qualquer pudor e na inconsciência premeditada em colocar as mãos num volante e o pé num acelerador, mesmo sabendo que com essa atitude irresponsável colocam muitas vidas em perigo.

Desses eu tremo de medo, de muito medo!...


17 comentários:

Patti disse...

"nisto os gajos atiram com tudo o que sobrou para dentro da mala da viatura e arrancam a toda a pressa..."

Paulo, não percebi bem o que se passou, eles roubaram o quê a quem?

paulofski disse...

Roubar! Isso não sei Patti! Só sei é que assim que voltou a chover, e bem forte, eles "atiraram", é o termo certo, com todo o equipamento que utilizaram na troca do pneu, o pneu furado e mais sei lá o quê, a maconha, para dentro da mala e aceleraram a toda a velocidade. Talvez para a chuva não lhes estragar os penteados?

Patti disse...

Isto anda um perigo. No sábado passado, por volta das 11 da noite na bomba da gasolina, um casal de amigos meus sofreu carjacking, ali mesmo à vista de todos.

Horas de pois aparareceu o carro, com tudo dentro, porque tiveram de o abandonar na estrada devido a obras qeu não faziam fluir o trânsito e eles ficaram com medo.

Disse aos meus amigos a polícia: divulguem o que vos aconteceu, porque é o que se passa todos os dias. Nunca vão a bombas de gasolina depois de anoitecer, nem que sejam 6 da tarde. Nunca!

O governo quer atenuar a frequência do carjecking, mas é falso. É todos os dias e não importa a marca.

Recado do polícia.

Ka disse...

Eu cada vez tenho mais medo, principalmente por muits vezes levar o Luís comigo...

E tens toda a razão quando dizes que o principal problema é a falta de civismo...de facto se as pessoas fossem cívicas a conduzir tenha a sensação que os acidentes reduziram para metade pelo menos.

Beijinho

mjf disse...

Olá!
É um problema cultural e de cidadania ;=(
Talvez os nossos filhos, no futuro...quem sabe, possam viver num mundo mais seguro!!!

Beijocas

paulofski disse...

Patti, para esses indivíduos tudo o que eles vêm à mão é massa. Este país era tão pacato e agora é o que se vê!

paulofski disse...

Ka, com crianças a bordo dever-se-á reforçar a segurança, manter portas fechadas, a criança confortável e segura e mil olhos nos outros, o perigo está sempre à espreita.

Beijo

Feitiozinho disse...

Infelizmente há pessoas que não têm noção do perigo que são para os restantes desgraçados que andam na estrada.

Pessoalmente acho a condução portuguesa muito agressiva (posso até por a mão no peito e dizer que faço parte desse grupo), as pessoas têm menos calma, estão constantemente com pressa... fruto puro e duro do estilo de vida que levamos.

paulofski disse...

Tomara mjf, mas penso que isso é pura utopia. Eu cresci a brincar na rua, a jogar à bola na rua, a caminhar de casa a escola e vice versa desde muito novo. Ora se hoje nem na escola se está seguro!

Beijo

paulofski disse...

Feitiosinho, sobretudo quando se é jovem pensamos que somos os maiores condutores do mundo, que nada nos acontece, e isso não é assim. O estilo de vida não justifica alguns comportamentos. Não se queima a adrenalina numa via pública. Quem quiser sensações fortes vai para uma pista de corridas.

Pior do que isso são os que depois de uns copos e umas ganzas se fazem à estrada. Tudo bem que se espetem na primeira curva desde que não arrastem ninguém com eles.

Gi disse...

Eu tenho imenso medo; principalmente porque Mr. Darcy sei que, se estiver sozinho, só se fica morto!
Tenho imeeeeenso medo.

Ácido Cloridrix HCL disse...

Sem duvida,,, preocupante essa tua reflexão!!! Por isso q eu defendo a instituição de uma nova disciplina nas nossas escolas, chamada de "Ética & Civismo",,, será que melhoraria alguma coisa???? HCL

Sunshine disse...

Uma situação deveras desagradável, em todos os sentidos, pelos problemas que tiveste com o carro e pelo que poderia ter acontecido com individuos desses por perto.

Além de tudo o que lhes falta no que diz respeito a civismo, educação, principios etc... o que mais me irrita é que andam assim na estrada e qd provocam acidentes são quase sempre eles que escapam ilesos e dão cabo da vida de pessoas que seguiam a sua vida normalmente ...

Bjs

Espero que não tenhas apanhado nenhuma gripe (com essa chuva e frio em cima do "couro")

PS: Tb passei uma das tuas árvores de natal para o ambiente de trabalho. Merci pela dica :)

Rafeiro Perfumado disse...

Percebes agora porque é que eu me quero pirar para os Açores? Lá só tenho de me preocupar com possíveis vacas loucas...

Abraço!

DANTE disse...

Realmente , a 'gente parva' multiplica-se como ratos!

Um abraço

Safira disse...

E o pior é que já nem é preciso estarem alcoolizados. Há os naturalmente inconscientes, que te fazem ultrapassagens inacreditáveis.
MEdo, mesmo.
Beijinho

Anónimo disse...

Olá meu caro. Finalmente consigo voltar ao gabinete. Foi-se o dente e demais mazelas e agora há que recuperar.
Sobre esses "manfios" que os governantes insistem em afirmar que quase não existem mas que na verdade estão em vias de expansão, não os podemos ignorar por serem um perigo à solta. Infelizmente só quando "tocar" com alguma regularidade a algum ministro ou familiar é que serão tomadas medidas.
Akele abraço, pah!

ps.: já tens o pneu "restabelecido"?