quinta-feira, março 1

reposte [19] quarenta e dois, biqueira larga

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A primeira conquista do ser humano é quando começa a andar. Anda, anda, anda. Tropeça. Anda, anda, anda. Dorme um bocado. Anda mas cai e magoa um joelho. Chora levanta-se e continua a andar. Um puto não pára. Não lhe interessa muito se o caminho o leva a certos perigos. Não percebe que pode ser longo. Não sabe o que é perder o rumo.

Sempre medi distâncias e isso limitou-me nas acções. O caminho mais curto, mesmo o mais íngreme, era posto em prática e a chegada sempre o mais importante. Se calhar deveria ter escolhido o caminho mais longo e mais plano, de preferência sem sequer tirar as pedras do sapato, sem procurar atalhos. Abrir espaço para o pensamento, para a ideia, para a vida sem o incómodo da porra de um calhau entre a sola e o pé, que convém sacudir.

Nem todos os caminhos fáceis são bons e os difíceis são maus. Ok, às vezes são! Claro que nos destinam à sabedoria e a mais umas quantas coisas que agora não me lembro, e outras que até me lembro mas não me apetece agora ir por esse caminho. A escolha é óbvia. Opta-se sempre pelo mais conveniente sem se saber se é o certo. Todos vão dar a qualquer lado e um gajo só sabe quando lá chega. O que é verdadeiramente importante é, pois, caminhar. Só andar às vezes não é nada fácil, mas um gajo vai andando e, um dia, chega e pensa que, se calhar, ainda vai ter que andar muito mais, ao pé coxinho ou com bolha no calcanhar. Isso também depende da escolha do calçado.


A chegada e o caminho, tem correspondência exacta entre o querer saber o querer aprender. Saber alguma coisa é importante, mas o querer aprender, sempre, é o caminho, é a vida! A sabedoria não é a meta. É a caminhada.

2 comentários:

Filoxera disse...

É sentir cada momento como único e retirar de cada queda a conclusão mais didática :-)
Beijos.

Kok disse...

É imperioso caminhar e é preciso saber qual o caminho!
Não fazer só as descidas, sabendo que elas também fazem parte da viagem!

1 abraço!