Está sem tempo, atrasado, ocupado, ocupadíssimo, atarantado, pensando se conseguirá chegar antes de quem lhe telefona resolva desligar. Corre espavorido, esbaforido, feito num oito, numa borrada expressionista, escorrendo as mãos pelos vãos da escada. Precisa dar conta do recado, suar as estopinhas, suar a camisola, torcer o braço para garantir o seu ganha-pão. O chefe não compreenderia se voltasse ao gabinete sem o problema resolvido, um assunto de jeito. Vive roendo as unhas, procurando desatar um nó cego que uma besta qualquer deixou para descontar os seus achaques. Vejam, está atolado de trabalho, até ao pescoço, de mãos atadas, sem uma desculpa para esfarrapar. A lutar para manter a cabeça no lugar, para não ser barrado na porta. Rezando para a encontrar aberta quando voltar. De manhã à noite, corre. Corre feito barata tonta, sem tempo, sempre atrasado, ocupado, ocupadíssimo...
DELITO há dez anos
Há 8 horas
2 comentários:
Pegar numa imagem que saiu na rifa e escrevinhar. Imaginar, descrever, inventar. Porque não!? Agora vou ali tomar um cafézinho.
Quem nunca teve dias assim, que atire a primeira pedra. Ou calhau! Ou o que quer que tenha à mão... :)
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