Com a quadra natalícia chegava o circo. O Natal significava cor, música, animais, palhaços, alegria, crianças, pais e Coliseu! Ano após ano, o palhaço pobre, inocente, solidário, mal vestido, transmitia uma melancolia esborratada na sua cara pintada e uma triste sensatez na bondade dos seus olhos. O espectáculo obrigava a que o palhaço nos fizesse rir, e as crianças riam. Riam das diabruras, traquinices, e das palhaçadas que fazia ao palhaço rico. Era actor alto, baixo, gordo, magro. Era palhaço careca, de peruca colorida, chapéu e nariz proporcionais aos sapatos. Eram homens engraçados que sabiam como ninguém tirar um sorriso espontâneo de cada criança. Todos se divertiam, até os adultos! Com o passar dos anos, eles, os verdadeiros palhaços, foram perdendo o seu lugar. A cada década alcançada, menos espaço eles tinham, e com eles também os pequenos circos foram desaparecendo, quase em extinção. O palhaço era a expressão da alegria, o palhaço era a expressão da vida no que ela tem de estimulante, sensível, humana. Os palhaços que antes divertiam toda uma família são agora parte do passado. Agora há outra classe de palhaços. Os palhaços contemporâneos. Actualmente somos nós os palhaços. Colocamos o nariz quando não queremos, tiramos quando não devemos. A cada momento que passa. Mas se a alegria estiver presente cultivemos o riso e a palhaçada. Acho que é mais ou menos por aí, com certas coisas da vida. E quem foi que disse que as coisas simples não são engraçadas?
Renovação de passaporte
Há 11 horas
7 comentários:
Sendo optimista e apostando que rir é o melhor, às vezes tenho dúvidas e penso que o riso já não é suficiente.
Mas a que não desistir...
Ainda mais grave é saber que são os palhaços ricos que gozam connosco.
Abraço!
Prefiro esses palhaços pobres e antigos, que nos faziam rir! Mas não havendo outro remédio, é rir ao espelho, com a esperança que sejamos os últimos a rir destas palhaçadas que nos impuseram... ;)
Acho que não temos grande esperança no ditado de “Quem ri por último ri melhor…”
Sou palhaço sem querer viva o circo.
Abraços.
É curioso que mesmo em criança nunca gostei de circo. Menos ainda de palhaços. Só gostava dos trapezistas.
Agora ainda gosto menos. Sobretudo se a palhaça sou eu!
Espectacular esta versão de Send in the Clowns e muito a propósito.
Excelente, tudo!
Beijinhos Irmão Luis:)))))
Acabaram os palhaços, sim, mas só os pobres. Talvez fruto dos tempos, há cada vez mais palhaços ricos. Mas eses não me fazem rir...
Parabéns...abraços
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