Quase metro e meio de altura, corpo franzino, olhar meigo e abatido, o Joãozinho entra pálido no consultório à frente da sua mãe. Os seus olhos expectantes surgem por debaixo do inseparável boné azul e branco do Futebol Clube do Porto, que lhe aquece a cabecinha redonda e lhe cobre a carequinha que revela o seu diagnóstico. Perscruta para além da secretária e do computador e encontra do doutro lado um olhar risonho, já bem conhecido. Sobe com dificuldade para a cadeira e cumprimenta a senhora doutora. Mal completou 10 anos e já mostra responsabilidade. Já sabe todas as rotinas de cor e salteado. Vem se consultar, permitir, auscultar, apalpar, picar, confortar. A criança permanece atenta a todos os acontecimentos e visivelmente fixada no momento em que a senhora doutora revela à mãe os resultados das análises. Ao captarmos os pequenos sinais que as crianças nos dão ficamos impressionados ao ver a capacidade que possuem, tanto de coragem como de sofrimento. Será de novo necessário que troque a carteira da escola por uma cama de hospital. Terá de voltar à enfermaria, a um mundo já familiar, para mais sessões de exames, tratamentos e transfusões É ainda pequeno de tamanho mas enorme no seu heroísmo, de uma resistência e luta diária contra a doença. Mas o pequeno campeão, na sua restrita e dura experiência de vida, sorri e encolhe os ombros. Conhece o que é passado mas renova a cada dia a esperança no que é futuro.
Nos bastidores da vida real, os sonhos pessoais não são revelados e a luta diária de cada um deles não permanece ignorada. O momento que relatei saiu da minha cabeça mas pode muito bem ser a actualidade de muitas destas crianças que brincam ao lado da doença.
Hoje ocorre o Dia Mundial do Doente que, segundo o seu instituidor, o Papa João Paulo II, surgiu pela necessidade de assegurar a melhor assistência possível aos doentes. Toca-nos a todos sensibilizar de um modo afectivo, a compreensão, o carinho e o apoio de quantos se debatem com problemas de saúde. Toca-nos ajudar os nossos pequenos campeões e contribuir para um lugar pró Joãozinho.
Nos bastidores da vida real, os sonhos pessoais não são revelados e a luta diária de cada um deles não permanece ignorada. O momento que relatei saiu da minha cabeça mas pode muito bem ser a actualidade de muitas destas crianças que brincam ao lado da doença.
Hoje ocorre o Dia Mundial do Doente que, segundo o seu instituidor, o Papa João Paulo II, surgiu pela necessidade de assegurar a melhor assistência possível aos doentes. Toca-nos a todos sensibilizar de um modo afectivo, a compreensão, o carinho e o apoio de quantos se debatem com problemas de saúde. Toca-nos ajudar os nossos pequenos campeões e contribuir para um lugar pró Joãozinho.
7 comentários:
Não conheço ou conheci Joõeszinhos assim! Felizmente para mim, que não gosto de ver ninguém doente, crianças ainda menos!
Mas conheci um Zé, que ultrapassou uma leucemia, mesmo que por vontade da mãe, médica, tivesse perdido todos os contactos com a escola, os irmãos, a família e os amigos. Mas também não sou eu que aponto o dedo a essa mãe, que no desespero fez o que lhe parecia melhor. Tanto quanto sei, o miúdo, hoje com cerca de 12 anos, é um inadaptado...
Há muitas histórias dessas, verídicas ou imaginárias, que são um autêntico filme de terror para quem passa por elas!
Profundamente Brilhante.
Parabéns.
Abraço.
Muito bom. Muito real. Muito tocante. Porque, infelizmente, são muitas as crianças e os adultos que se veêm a braços com esta doença.
Um beijo enorme. Especial. Neste dia ;-/
Excelente post!
Um abraço
Infelizmente essa é uma história bem real e tens toda a razão, porque o comportamento das crianças deixa muitos adultos boquiabertos.
Dificil de entender para quem não passa por elas, a luta é dos Pais, dos irmãos, familiares mas, acima de tudo é deles com aquela peculariedade que; criança ultrapassa tudo melhor! Já estive no voluntariado com crianças, mas por pouco tempo, num hospital, é que! Dóia pra caramba, doía ver os pais no seu desepero, no dia a dia ali, nas horas todas do dia, abdicam de ser marido e mulher, abicam de tudo o que podem, enquanto a vida do filho permanecer...Dificil sim, de lutar e de sobreviver sem um arranhão na alma...
Abraço, é tudo verdade o que escreves..laura
Histórias no abstracto e no concreto, acerca deste mesmo tema, conheci já eu muitas. Infelizmente.
Arrepio-me ao ler o post, que me remete para cenas vividas em hospitais, uma delas também em casa, depois. Quando o fim estava próximo...
Biejinhos.
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