Para mim o Sábado é um dia maravilhoso. Desde logo porque não preciso de ligar o despertador e ser abruptamente acordado de um sono tranquilo. Claro que, como o corpo está habituado ao horário do costume, acordo à hora de sempre e fico feito estúpido na cama a olhar para o tecto, até que perco a paciência, salto da cama e espreito a manhã à janela. Depois de uma semana de muito calor, seria de esperar que o sol nascesse radioso mas não, este Sábado acordou mal disposto! Viemos nós de véspera, para a praia da Madalena, na expectativa de finalmente trabalhar para o bronze e, afinal, num tom cinzento e mal humorado, o dia disse-me logo que tirasse a ideia de estender a minha toalha na areia quente e ficasse em casa. Nada convencido com o convite, saio para a rua na garupa da magrinha e rumo a Norte. Passear de bicicleta é, e não me canso de o dizer, uma experiência agradável, mas se o fizermos ao longo da praia, tendo o nevoeiro como companhia, é ainda melhor. O frenesim das gaivotas, o povo que circula num ritmo diferente ao da semana, o ambiente descontraído e a brisa fresquinha faz-me prosseguir. Da outra margem ouço a cidade que desperta e me chama mas o Sábado estende-lhe a neblina e esconde-a de mim. Finalmente, perto da travessia, à Ribeira, o meu Porto revela-se envergonhado e, estremunhado, dá-me os bons dias. Alguns turistas vagueiam de mapas e câmaras fotográficas em punho, tal como eu, perdidos nos elementos da natureza que nos moldam. Juntos viramos as costas a este Sábado carrancudo que nos esconde o sol. Dou a volta e sigo pela marginal num ritmo calmo e intimo com o rio, abstraindo-me do dia. Numa paragem para o café, ganho tempo para apreciar a paisagem, respirar a maresia e assentar ideias. Pedaladas suaves e ritmadas levam-me de encontro a um velho solitário, outro amante da arte do pedal, nómada e peregrino. Registo-o com receio que lhe perturbe o momento que é uma caminhada a sós. Penso nele e em mim. Ele nem se incomoda com a minha ousadia e deixa-me acompanhá-lo até Espinho. Aí, paro novamente, não porque uma distinta senhora e militante da mais antiga coligação partidária deste país teimava em me passar panfletos de propaganda para a mão, mas simplesmente porque tinha de regressar. E enquanto seguia lesto pela ciclovia o pensamento fugia de volta áquele velho, lobo solitário, para quem, com certeza, todos os seus problemas passaram para segundo plano, perdidos nas curvas da vida, deixados no cume da mais alta montanha, prosseguindo na sua viagem. Creio que as grandes acções e as boas ideias devem ter surgido enquanto se apreciava um passeio, vendo e assimilando o mundo que nos rodeia, vivendo cada momento, forma, cor, brisa, aroma e sensações. Cheguei a casa e fiz-lhe uma careta, torci o nariz ao amuado e triste Sábado. Escusas agora de me devolver o sol, às cinco da tarde! Amanhã vou de encontro ao sorriso da manhã que hoje não sorriu. Espero!
"Cancelamentos culturais" na América (4)
Há 5 horas
2 comentários:
Lá..lá...lá ..lá...O sol para mim sorriu...=P Fui passear até coimbra,e tava bom tempo...=)
Mas amanhã de certeza que vem sol... Já fui meter cunha ao S.Pedro...;)
Bjinhos
Pois aqui esteve um dia de sol e calor, até um pouco excessivo! Mas melhores dias virão, com certeza! :)
Essa do ciclismo está a virar moda. A CML que não fez nada nos últimos dois anos e tal, agora, à última hora, resolveu fazer vias para ciclistas do Colombo até Monsanto (aí já existia um percurso, o que fazia todo o sentido), possivelmente também noutros locais. Nada contra, se com isso não tivessem cortado imensos locais de estacionamento, o que significa que em dias de futebol vai-se instalar o caos... rssrss
Beijocas!
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