Quando iniciei as sensações da nicotina, e não pretendendo que meus pais soubessem, utilizava estratégias infantis de disfarce, dissimulava de uma forma ridícula, até que certo dia minha mãe me disse baixinho: “Paulo, quando quiseres fumar, os teus cigarros estão na gaveta da cómoda, escusas de os esconder debaixo do colchão”. Mesmo assim, instintivamente, lá continuava eu a evitar ser surpreendido e ia disfarçando com desculpas e promessas patéticas: “Ó mãe, foi só um pra experimentar! Não, esse maço não é meu, é do José, e olha, prometo não voltar...”
Ontem ao ouvir o Sr. Sócrates, apanhado em falso a violar uma lei apresentada pelo seu governo, a entrar num patético espectáculo de contrição pública, prometendo aos portugueses que vai deixar de fumar, reacenderam na minha memória esses saudosos tempos da minha adolescência.
E o que é que nós temos a ver com isso? Sendo um assunto da sua vida privada, não precisa pedir desculpa que a mamã não castiga. Sendo um assunto público, aí só tem que cumprir a lei e a igualdade dos cidadãos. Se fumou, como reconhece, paga os 750 euros previstos na lei, como deverá acontecer com qualquer cidadão. Agora, fazer uma promessa aos portugueses sobre a sua vida privada é que passa todos os limites do bom senso. E o que é que acontece se não cumprir? E quem é que vai fiscalizar o cumprimento da promessa?
Caro Sócrates, se vir que a coisa está preta para deixar de fumar, recomendo-lhe o Champix. Quanto à multa, se achar que é um valor muito elevado, sempre se pode trocar pela senhora que ainda está raptada pelas FARC, e olhe que não nos importaríamos nada. Mesmo assim se achar estas sugestões muito violentas, então porque não correr a próxima meia-maratona de Lisboa de cigarro sempre aceso.
14 comentários:
Primeirooooooooooooooooo!!!
Raios, eu também comentei este fait-divers do nosso (deles) 1º Ministro lol, gostei da tua abordagem, muito boa :)
Um abração com muito pulmão (foi para rimar) :P
Palhaço! parecia um menino pequenino que foi apanhado a comer um chocolate antes de jantar!!!!
Figurinha ridícula, aquela do 'Não sabia, lamento, prometo que vou deixar de fumar'.
Eu agora quando não pagar os impostos também vou dizer: a sério? isto paga-se? Olhe temos pena, não sabia! E como não sei não adivinho, não é?
Vais deixar de fumar? E nós com isso? Por mim até podes fumar um maço todo ao mesmo tempo, que é p'ra ver se ficas entupido e nos poupas de ouvir a tua vozinha esganiçada!
A troca pela senhora raptada pelas FARC não me parece mau de todo...
:)
Então? Já são 14.45 este tipo ainda 'tá a chorar?
Mariquinhas pede salsaaaa!
Ele prometeu que deixava de fumar? Se cumprir essa promessa como todas as outras que fez, aposto que até vai começar a fumar charuto!
Aquele abraço infernal!
Knopp, comentaste e fizeste tu muito bem pá.
Abraço
Ora nem mais patti, tiraste-me o cigarro da boca.
Vou deixa-lo chorar mais um pouquinho.
Seria um acto heróico e ficariamos agradecidos para sempre, não achas Lili.
Beijinho.
Bem-vindo Belzebu, olha que já deve fumar aquele charuto de abano que dura para todo o ano, hehe.
Abraço retribuido.
Kafum..., kafum..., kafum...
Eh pá, está aqui um fumo do caraças!
O Sócrates veio cá hoje?
Vá, poupa lá o homem... Foi só um cigarrito. (risos)
Pena é que este seja um problema nacional, quando há coisas mais interessantes para "tratar" e que fazem bem pior do que a nicotina.
Abraço.
Olha que tu até recomendas uma coisa boa, eu recomendaria outras ;))))
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«Se violei alguma lei peço
desculpa. Não volta a acontecer,
porque decidi deixar de fumar»
1º o primeiro-ministro de um governo fundamentalista anti-tabaco não conhece as leis que assina. Boa desculpa, eu como também não conheço a lei também posso fumar e depois pedir desculpa. Ops! Não, porque o meu cartão não é cor-de-rosa... azar, o meu.
2º Peço desculpa. Yes, pois pede e depois? Se, o que é muito improvávle, eu vier a violar alguma norma, por exemplo, do código da estrada também vou dizer: Peço desclpa, sôr guarda. A ver se não me passa a multa e não fico sem carta.
3º Não volta a acontecer. Outro belíssimo argumento, a juntar ao anterior, para não ser punido.
4º e mais importante, porque revela o carácter do homem: «Não volta a acontecer, porque decidi deixar de fumar»
Não volta a acontecer porque não devo violar a lei? Não, não é por isso.
Porque é errado. Também não.
Porque estou arrependido (não de ter sido apanhado mas de ter fumado). Também não.
É tão só porque vai deixar de fumar.
Certo é que, porque é apenas esta a razão apontada, se continuar, ou voltar, a fumar continuará a proceder da mesma forma.
Há alguns nomes, que sendo feios também não são nada bonitos, para usar perante estes comportamentos e para designar, ilustrando bem, o tipo de indivíduo que se comporta assim, mas valerá a pena? Os que querem continuar cegos continuarão a não ver e os que já abriram os olhos não se admiram nada com o que aconteceu, faz parte da imagem de marca da personagem.
Mas que temos nós a ver que este palerma fume ou deixe de fumar?
As leis que este bandalho assina de mansinho é só mesmo para o povo cumprir... Eles, lá no alto, fazem mesmo o que querem.
Estúpido que este pacóvio é!
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