sexta-feira, abril 29

casados de fresco

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El Diablo, aka Didi Senft, o excêntrico alemão famoso pelas suas aparições diabólicas na Volta à França e pelas suas criações extravagantes movidas a pedais, preparou uma bicicleta especialmente para o casório da realeza britânica. A última produção de Didi Senft é um riquexó, metade bicicleta, metade a metade traseira de um Trabant, o mítico automóvel da antiga Alemanha Oriental. Na ausência física dos noivos, Didi decidiu incluir na bagagem o bónus da descendência real.

Senft é conhecido como "El Diablo" por entusiastas do ciclismo devido à fantasia de diabo vermelho que ele veste nas principais competições de ciclismo na Europa. Não falha uma grande escalada na Volta à França. Ele brande o seu característico tridente branco para enfernizar e anunciar a sua presença aos competidores. Senft constrói bicicletas muitas vezes escandalosas para importantes eventos desportivos e culturais. Esta sua criação foi apresentada há dias no The Royal Rickshaw, em Storkow, perto de Berlim, onde ele tem o seu próprio museu com cerca de 120 bicicletas curiosas, incluindo a maior e mais alta do mundo, segundo o criador.


quinta-feira, abril 28

de regresso

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Depois de uma curta temporada longe do gabinete, aqui estou eu novamente, dando continuidade ao negócio que ficou abandonado durante uns dias. Eu estava acostumado a escrever e sinto muita falta de responder aos vossos comentários, de visitar e comentar os vossos blogues, mas a disponibilidade da máquina tem sido inviável à minha vontade... Aproveito o ensejo para agradecer toda a vossa dedicação. Foram só alguns dias para reencontrar, refrescar a mente, pensar e repensar. Nada melhor do que velhos amigos e distribuição de sorrisos para reconfortar alentos. É, pois, mais ou menos o que tenho vivido, e viajar foi a melhor solução que me ocorreu.


E falando de felicidade, o fim-de-semana da Páscoa foi uma maravilha. Muitos ovinhos? Não, muitas amêndoas, beijinhos e dois novos livros no coração. E por vários momentos me inclui naquele compasso inebriante do vai e vem das andorinhas, porque ali adoro observar o horizonte, não há sensação mais tranquilizante, e o tempo, aos poucos, foi favorecendo toda a minha contemplação ambiental. Agora é só voltar ao ritmo e às rotinas.







Partilho convosco algumas fotografias que por lá fui colhendo.

(Estação de Freixo - Mós, Linha do Douro)

Mós (antes designada por São Pedro de Mós) é uma freguesia do concelho de Vila Nova de Foz Côa, com 12,74 km² de área e 241 habitantes (2001). Densidade: 18,9 hab/km².

Até 1853, pertenceu ao antigo concelho de Freixo de Numão. Pertence ao distrito da Guarda e província de Trás-os-Montes e Alto Douro. Situa-se a cerca de 5 quilómetros da margem esquerda do Rio Douro, a 9 km da sede do concelho e a 90 km da Guarda. As povoações mais próximas são Murça, Santo Amaro, Seixas e Freixo de Numão. É composta pelos lugares de Valmampaz, Freixo-Mós e Fontaínhas. Esta povoação está localizada num vale, voltada a Sul a meia encosta nas bases dos Montes de Santa Bárbara, Portela e Pombeira.



O Douro, as encostas, a linha férrea, inseparáveis meios de vida.













A caminho das Seixas pode-se mirar e admirar as Mós, que lá no fundo pontilha o vale de brandura.











Dois machos, o humano e o animal, dos poucos que ainda resistem na forma de vida e de sulcar tão agrestes terras.

(Seixas)








O xisto e a ferradura, símbolos de resistência e fortuna.

(Mós)













Velhas casas de xisto.
O palheiro do avô Almeida.


(Mós)













Uma porta que se fechou, entre muitas outras de casas que permanecem de pé.

(Mós)













A gastronomia, as laranjas, o vinho e o amigo Preguiça que tão bem recebe os seus visitantes.

(Freixo-Mós)

sábado, abril 23

a caminho dos montes

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Com sono, de partida para o mundo das lembranças, não resisto a deixar no gabinete algumas fotografias tiradas do paraíso, donde se miram as estrelas.




É muito suave a brisa que me balouça em carreiro agitado, pelas margens do Douro, errante no traçado de aço que alberga comboios e ilusões. Mais uma vez sigo viajem, na companhia do rio, com o passado e com o presente, com a paisagem circundante, de casas e seus residentes, para um reencontro com a emoção. Ao desfolhar umas folhas velhas imprimidas, desvendo, ainda em silêncio, as palavras de um mosense para quem o tempo, as gentes e todas as outras coisas são evocações a malhar a idade. Cerro os olhos e permito que o pensamento regrida para um qualquer ocaso perdido, em Setembro há muito passado.

Do cimo do monte, o manto retalhado dos campos e o traçado do xisto confere uma magia de diorama à paisagem transmontana. Aqui se percebe, melhor que em qualquer outro lado, a beleza perfeita do delineamento entre o céu e as montanhas. Do verde ao azul, utilizei colorações para retratar este instante, mas a minha paleta de cores talvez não pareça na sua totalidade. O desenho está, contudo, incompleto. Falta, e faltará sempre, lembrar os que descansam, os antepassados, que o incontornável destino e a influência poderosa do tempo não permitiu a vida perdurar.

De costas para o Douro avisto a árvore, outrora mais idosa e frondosa, com a rosácea aberta a espiar arregalada, espantando-se de tudo e sem saber porquê. O Terreiro, largo e sombrio, mostra-se indiferente aos arrufos do sino da igreja, melindrado com o tic-tac do tempo. Daqui, a povoação parece longe, e ela, afinal, está acolá, bem perto, do outro lado da memória. Lá ao fundo, se prestar bem atenção, ouve-se o som dos cascos nas pedras gastas e delicadas, a caminho do fontanário, e no tanque, um grupo de velhas coscuvilham, tagarelando sobre tudo e sobre todos, enquanto esfregam o sabão nos lençóis. E é o som do vento que cria o silêncio, por entre a solidão tranquilizante de um final de tarde quente de Verão, que daqui, junto a Santa Bárbara, senti as Mós, cada vez mais distante, cada vez mais a leste do meu coração e incontornavelmente perto de mim.

E do eloquente topo do outeiro, junto à capela, sempre que o vento sopra irado, as Mós parece uma velha caravela, cuja soberba vela se recorta na ravina ondulação, figura estilizada do xistoso vale. A chuva, consistente, salpica-me a face como se estivesse na proa elevada da valorosa embarcação, e o vento forte colora-me as maçãs do rosto, enquanto a agigantada imensidão se acerca decididamente da vista. As ameaçadoras nuvens cinzentas, carregadas de água vinda do céu, cujo pranto se antevê no rumor, rasa por entre o casario num mar de vida. A aldeia, onde os tectos encardidos se acotovelam na confusão, aglomeram-se densos e compactos, como que formando um corpo só, pronta a saltar borda fora ao primeiro ribombar do trovão.

E enquanto aperto o último botão do meu casaco, deixo cair o inspirador sonho navegador e aligeiro o meu passo rumo ao Terreiro, que a nossa alma nem sempre é feita do desassossego do mar e do ar, também é doce como a vagarosa correnteza do rio que é feito de ouro.




(A caminho de Santa Bárbara)


Para pintar esta jóia de memória, da nossa Mós do Douro, Cristina Quartas foi generosa na intensidade das palavras, pequenas pinceladas de um puro amor pela terra e pelas gentes mosenses. Estendeu as cores do vale de uma forma sensível e emotiva. Cores que pincelam em tons rosados o azul do firmamento transmontano, com predomínio no sentimento e na paixão da terra de nossos queridos avós e pais. Do mesmo modo, Professor Mário Anacleto utilizou toda uma paleta poética, com um toque simples e harmonioso, tão belo que as minhas pobres palavras não conseguem transmitir esse sentimento profundo, o brilho dos meus olhos sempre que retorno e revejo a nossa pequena aldeia encimada pelos montes.


sexta-feira, abril 22

com os pés na Terra

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O nosso planeta, a Terra em que habitamos e da qual vivemos, está em profunda crise e é premente adoptar procedimentos que a protejam dos nossos disparates e garantam o futuro do mundo em que sobrevivemos. Estamos de facto no limiar de um nova época, de um tempo de grandes dificuldades, e ultrapassá-la dependerá muito da iniciativa de cada um, em comunidade, na sua vizinhança, na sua cidade, no seu país. Não adianta um país responsabilizar o outro pois todos moramos no mesmo condomínio. Os índices de poluição já são mais que alarmantes para serem tratados pelas autoridades como calamidade pública. É uma enorme dificuldade mas a temática ecológica deve ser usada em qualquer espaço, ainda mais este ano, sobre os desafios da preservação do nosso meio ambiente. Não temos outro, só este mundo e é maravilhoso viver nele. Preservemo-lo então.

(poste agendado)


quarta-feira, abril 20

estava escrito nas estrelas...

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... na luz, na chuva, nas nuvens, na final.

E bibó Poooortoo caragoooo...

pub. por telélé

segunda-feira, abril 18

escapadinha

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Todos precisamos destes intervalos. Há que recarregar energias, renovar, aproveitar o melhor que puder... E, assim como assim, estou convencido que aqui a blogovizinhança também vai andar muito paradita, e se me der para aí ainda paro numa tasca conectada e dou aqui uma olhadela. Se não me virem por cá já sabem que não desapareci de vez, é só um curto intervalo. Quero lá saber se vai chover, se vai estar calor ou se o FMI já está aí. Descansem vocês também que isto dos feriados, são para todos... ou quase!


Hasta lá vista.

sábado, abril 16

meia volta e força

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Esta noite, diante do espelho, eu resmunguei para um tipo que me mirava com um certo sarcasmo. Ok, pá, tu ganhaste. Chegaste aos 45 anos, airoso e jovial. Cheio de saúde!? Nem tanto assim, se não fosse esta maldita constipação! Então, o que é que tu querias? Horas sentado, de uns anos para cá, diante de um computador, preservaram quase toda a resistência, paciência e esperança. Porque, se não sabem, faço a mesma coisa há metade desse tempo!

Abril é um mês especial. Tudo começou numa bela noite primaveril do século passado. A trovoada bradava naquela madrugada tenebrosa, iluminando um leito de hospital, onde uma maravilhosa mãe trazia mais um cagão a este mundo.

Há vinte e tal anos eu era um jovem magricela, envergonhado mas achando que tinha todo o tempo do mundo. Sim, pois! Não foi por falta de sabedoria, que não me conhece ainda, mas estava seguro de que bastaria bater à porta para que ela se me abrisse. E abriu-se.

No espelho encontro um gajo que me fita com os seus olhos verdes. Não me chama cota nem velho de meia idade. Não combinaria com alguém que passou a adolescência e juventude a ouvir Pink Floyd, e depois Joy Division, The The, Echo and the Bunnymen e New Order, em vez de estudar. Mas o que gostava mesmo era das madrugadas ligado ao éter, com o qual, eu, literalmente, viajava pelo Oceano Pacífico, na banda do Som da Frente.

Não se sabe. Se não tomasse certa direcção, não conheceria os lábios da mulher mais bela que me chamou. Se não fosse por ali, eu não saberia o bem-estar que proporciona um salário, uma casa, uma vida. Até hoje me visto de alegria ao lado do meu filho. Não sei quantas voltas eu daria na tal máquina. Se me fosse possível, depois de usá-la não sei quantas vezes, de frente para trás e de trás para frente, voltaria sempre para o mesmo tempo, para o presente.

Tá bem, hoje eu pratico desporto, tornei-me exímio a pedalar, descobri outras modalidades que não o cigarro e o levantamento de copos. Ninguém me supera no “erguer cedo e cedo erguer, dá saúde e faz crescer”, desde que as noitadas sejam aos dias de semana.

Insónias, dioptrias, colonoscopias, toque rectal - já estão avisados - me apanharão preparado, mantendo um espírito jovem. E se tenho 45, não teria graça alguma agora viver os 45 que me restam, medroso e receoso do que possa calhar em sorte.


Echo and the Bunnymen - Nothing Lasts Forever