sexta-feira, julho 29

pelos Caminhos de Santiago

Partilhar



Propus-me pedalar pelos Caminhos de Santiago e em boa companhia. Serão três dias de pura aventura. Levo o farnel cheio de energia e de curiosidade. Desejam-me sorte!

quarta-feira, julho 27

ahhh... depois devolvo

Partilhar



... lá pró Natal!

terça-feira, julho 26

reposte [11] os avós

Partilhar



Dizem que os avós estragam os netos de mimos e que os deseducam ao satisfazerem os seus eventuais caprichos, contrariando as vontades paternas! A educação cabe aos pais mas normalmente é aos avós que os filhos entregam um "troféu", com um sabor especial a compreensão, a paciência, a carinho, já que a disponibilidade dos avós é diferente da que tem quem chega a casa fatigado de um dia de trabalho e de preocupações.

Com os avós aprendemos a ouvir, a fazer, a entender. Eles têm sempre tempo e o desejo de nos contar histórias, de nos ensinar através da sua sabedoria e experiência. Para eles é um sentimento maravilhoso, é como estar a viver duas vezes, com os filhos dos seus filhos, dando continuidade aos valores e princípios, o mesmo legado que receberam no seu tempo de netos.

Para as crianças, os avós são a inesgotável fonte de carinho. Eles proporcionam os extras que os pais não podem dar no momento. Oferecem tempo, atenção, protecção. Novos ou velhos, com ou sem cabelos brancos, o seu olhar será sempre de contemplação e orgulho, acompanhado por um sensato balançar de cabeça, de um lado para outro, e de um sorriso sem fim.

Mais uma vez tem dedicatória aos avós mais amorosos do mundo.

segunda-feira, julho 25

reposte [10] vá'mbora pessoal?

Partilhar Quem se lembra?

Depois do stress semanal, seis dias inteirinhos a trabalhar arduamente na confecção, a saborear a poluição ruidosa e atmosférica da fábrica, a aturar o trânsito e o patrão, chega finalmente a folga! Apenas um dia, pois as férias, essas, nem vê-las! Parece que o sol está para ficar e é melhor aproveitar! Onde ir então? Prá praia? Vá’mbora pessoal...

São quase oito da manhã de Domingo, a malta aglomera-se na rua do bairro e espera o transporte para a divertida excursão. Estão todos lá com o kit básico: calção largo e folclórico, camisola cabeada e justa, chapéu contrafeito do clube desportivo, chinelos comprados nos chineses, fato de banho verde fluorescente. No farnel apenas o indispensável: marmita com arroz de tomate, bolinhos de bacalhau, panados vários, broa de Avintes, sandes e pacotes de batatas fritas, coisa pouca! Na geleira azul não faltam cervejas e refrigerantes, enquanto as garrafas de água ficam de fora porque já não cabem!

A ferrugenta Toyota Hiace, que o Sr. Silva da mercearia emprestou, chega e começa o tumulto. A mãe grita: - Vanessa, trás a cesta e o guarda-sol… O mais velho birra porque se esqueceu da psp, o puto chora porque quer ir à janela, ou quer fazer xixi, depois já não quer ir, a mais pequena de tanto teimar lá convenceu o pai a levar a bicicleta. - E o raio do cão que não para de ladrar! O pai deixa-os com as arreliações e vai comprar cigarros e pilhas para o rádio. - Vanessa, dá-me o telemóvel já! Um pandemónio…

Finalmente, depois de muita confusão e troca de galhardetes, o autocarro turístico lá se pôe em marcha, em direcção ao litoral, para a praia do costume. Pelo caminho, uma mistura de sons, choros, pimbas, cantorias, - vamos à la playa ô ô ô ô ô, anima a viagem… - F#&@-$£, esqueci-me de comprar “A Bola”!


Nove horas e chegam à praia. Um areal bege, perfeito, que logo se transforma numa superfície lunar cheia de cores e cabeças. Estendem-se toalhas estampadas com sereias, âncoras e rodas de leme, abrem-se guarda-sóis tricolores e floreados, espetam-se paus com panos publicitários para tapar o vento, montam-se tendas de campanha, douram-se os pêlos das pernas e dos braços, besuntam-se as caras e barrigas da canalha. Aí, as raquetes de ténis, bolas, bóias, baldinhos de plástico, entram em acção. - Vai dizer ao teu irmão para sair da água, jáááá! - Ó mãe, tenho fome. - Espera que ainda não acabei a Maria.

Ao meio-dia, o sol já está mais quente do que o interior da marmita. Estende-se a toalha na mesa à sombra, desdobram-se as cadeirinhas, todos sentados e quietos, começa a farra da comida. É uma festa à parte acompanhada de copos, talheres, pratos descartáveis e bolas de borracha vindas do ar… - F#&@-$£, quem foi o gajo?

Depois, até às 4 da tarde, há que fazer a digestão do repasto. Corpos suados e pesados deitam-se à sombra, adultos e mais pequenos dormem a sesta, embalam-se ao som das ondas e dos roncos do pai. Quem não dormir ou toma conta do acampamento ou vai passear o cão!

Ao fim da tarde começa outra aventura, o regresso. Corpos queimados, vermelhos, cobertos de areia, sacodem-se, mal dispostos, juntam a tralha e a garotada, arrumam as amarguras e a alegria de novo na carripana que os levará de volta ao bairro.

E assim termina um dia típico de praia de uma típica família. - Ó Pai...! Então pai, a senhora professora ensinou-me que devemos deixar as praias limpas!
- F#&@-$£...

sexta-feira, julho 22

toma

Partilhar



“Toma Moody’s” é a mais recente criação das faianças Bordallo Pinheiro, numa reinterpretação para a actualidade da personagem criada por Rafael Bordallo Pinheiro em 1875. Com este lançamento, a Bordallo Pinheiro pretende retribuir a pouco simpática distinção que a agência de notação financeira deu a Portugal.

O Zé Povinho, símbolo da cultura popular portuguesa, também reagiu à notação financeira da agência de notação Moody’s, que baixou o rating da dívida portuguesa para ‘lixo’.

A figura do Zé Povinho a fazer manguito à Moody’s tem duas versões que estão expostas na loja da Vista Alegre Atlantis do Chiado, em Lisboa. A partir de hoje a ser comercializadas (33 e 64 euros) nas lojas da Vista Alegre Atlantis e na loja Bordallo Pinheiro, nas Caldas da Rainha. Dentro de uma caixa o Zé Povinho vem acompanhado por um postal endereçado à Moody’s, onde se poderá escrever uma mensagem e enviar para a sede da agência de rating. O objectivo é que o povo português se faça ouvir e que deixe bem clara a sua posição.

Adenda com sorriso maroto depois de ler este apropriado comentário na net em jeito de "olha que óptima ideia": "As casas de loiça das Caldas também podiam fazer um monumento alusivo à Europa da Srª Merkel."

quarta-feira, julho 20

nortada!!!

Partilhar


Nortada é nada. Ontem ao final da tarde dei uma pedalada até à praia de Matosinhos e ver para crer. Em pleno Verão, mês de Julho, de praia, banhos de sol, toalha estendida na areia e biquinis coloridos, não se via viv'alma. Um autêntico deserto. De tanto rodopiar, o cata-vento do bar zumbia como um reactor de avião. Pode até ser bom para as energias alternativas mas é certamente péssimo para os negócios à beira-mar. Até eu tive dificuldade em manter-me de pé e suportar rajadas ciclónicas para tirar a fotografia. Dizem que a culpa deste vento frio e da chuva é do anti-ciclone dos Açores. Há já muito tempo que ouço falar das birras desse sujeitinho, que não está bem com nada e anda a brincar com o clima no nosso país e no continente europeu. Se não é vento é chuva, se não é chuva é vento. Também não é verdade que o governo queira vender o chato dos Açores, pois a maior dificuldade seria mesmo convence-lo a deixar mudar-se de armas e bagagens para outro lado, talvez mais para Norte no Atlântico. Não creio. Se até apareceram uns iluminados que se deram ao trabalho de criar um grupo do FB "queremos o anti-ciclone dos Açores no sítio do costume", talvez uns anti-psicóticos lhes fariam mais efeito!


segunda-feira, julho 18

cena do quotidiano

Partilhar



Passo a explicar. Encontro-me em frente ao monitor, refastelado na cadeira e numa viagem virtual. Aproveitando a boleia do Astra do Tio Google, passeio errante pelas ruas do Porto. Sem o mínimo esforço, salto, instante a instante, a cada clique no rato. Escalo em marcha a ré a Rua de D. Pedro V e é quando percebo, aproximando-me lentamente, o ciclista.

Por alguma razão a sua figura me chama a atenção. Caminha rua acima, empurra nas mãos uma bicicleta que, se não me iludir a vista, poderia até dizer muito boa. Ele, por sua vez, completa uma condição de solidão, mas parece determinado. Como leva o bagageiro vazio e carrega uma mochila volumosa às costas, poderia supor tratar-se de um estudante. Algo me diz no entanto que vem da labuta, como cantoneiro, pedreiro ou algo assim. Aparenta ter vários anos, talvez mais, e veste roupas de trabalho. Ali, o estaleiro de umas obras de Santa Engrácia rouba-lhe o passeio e arreda-o para o asfalto, onde alguns carros passam rente. O curioso, no entanto, é que apesar desta rua ser muito íngreme, ele resguarda uma espécie de humildade e mesmo cansado consegue sobressair. São as pessoas muitas vezes humildes que fazem da bicicleta um instrumento de brio.

Fiquei por momentos a matutar, melhor, a tentar entender o que tanto me atraiu na cena. Pode ter a ver com o anonimato do ciclista, com sua condição desfavorecida, com a fragilidade das suas forças físicas e o peso da bicicleta para enfrentar os obstáculos que muitas vezes enfrenta pelas ruas da vida. Pequenas coisas que também me fazem pensar, por um instante, na nossa insignificância contra as leias da natureza e dentro dos nossos limites, que é pedalar uma bicicleta. Ou quando o obstáculo é maior do que nossas forças, surge sempre a honrosa opção de desmontar e seguir a pé, levando-a pela mão, até chegarmos ao destino.

quinta-feira, julho 14

reviver Fânzeres de bicicleta

Partilhar

À cerca deste poste onde recordei um lugar mágico, o meu irmão comentou: "Boa Mano... essa memória fotográfica é um espetáculo.... lembras-te das corridas de bicicleta que faziamos à volta do bairro em Fanzeres??? E quando eu me estatelei e andei uma semana a dormir de pijama (com uma caloraça...) para o Pai não ver as minhas feridas!!! "

É claro que me lembro, e lembro tanto que até já tinha revivido tão inesquecíceis momentos no meu outro blogue, na bicicleta.

Durante vários anos, para a grande maioria dos rapazes da minha idade, o prazer de sair à rua a pedalar uma bicicleta resumia-se praticamente a dar a volta ao bairro ou arriscar aventuras pelos bosques. Era uma festa formidável. Um mini-pelotão de ciclistas sem prática reunia-se em frente a minha casa e pedalava horas a fio pelo empedrado, pelo cimento dos passeios, por terras de pó e lama. No dia seguinte estávamos de rastos mas era uma ressaca saborosa. Esse dia era o primeiro dia das férias grandes.

Pedalar naquela época, anos 70 e 80, era maravilhoso. Havia pouquíssimos carros nas ruas e os espantados automobilistas tinham um cuidado redobrado com aqueles loucos. E apelidar-me de louco é pouco. Eu era como as minhas bicicletas, rijo como o aço. A minha segunda bicla oferecida pelo meu pai era de corrida, uma Vilar vermelha, roda 24 de cinco velocidades. Nela eu simplesmente perdia a noção do perigo e a busca da adrenalina algumas vezes não encontrava limites. Alegria, felicidade, prazer em procurar caminhos novos, alguns deles tortos, e não raro o tombo que se dava no meio do trajecto. Fica um exemplo: Já passava da hora de jantar e a noite caía num crepúsculo de Setembro. Pedalávamos a todo o gás. Ultrapasso o Ernesto num contra-relógio irracional pela Rua Dr. Oliveira Lobo, a oposta à minha. Não tive a mínima hipótese. É que nem enxerguei o animal a saltar do passeio. Quando dei por ele já a roda lhe acertava em cheio no estômago. Desamparado, caí sobre o meu braço e coxa direita. Do cão só lhe ouvi um estridente ganido de dor. Estatelado no chão em cima da bicicleta, surgiu ao pé de mim o esbaforido Ernesto com as seguintes palavras de encorajamento: “Xiiii Paulo, até fez faísca!!!”. Invariavelmente esse era o meu estado de corpo, aqui e ali tatuado de mercurocromo.

Anos mais tarde a suave Altis cor de laranja (Altis de Alfredo Baptista) do meu pai entrou na festa. Aos poucos foi me passando de mão, e de pés, e simplesmente me concedeu a noção de que lado da vida se encontrava a minha própria realidade. Subíamos com a adrenalina a mil. “no pain, no gain“, sem dor não há ganho. No caminho de ida não raras vezes encontrava um amigo e a pedalar juntos nos ríamos dos momentos divertidos. Havia uma fé que um dia os problemas seriam resolvidos e na bicicleta construiria uma vida feliz. Assim foi, mas ela acabou abandonada no sótão entregue às teias do esquecimento. Certa vez perguntei ao meu pai o que seria feito dela. Tinha-a oferecido aos Emaús. Que pena!

Então por que não relaxar e deixar que os que têm outras competências nos guiem? Sentei no conforto do carro e senti um novo prazer, o da condução. Foi uma compra fácil de fazer. A necessidade condizia com a realidade, tirava o carro da garagem e parava à porta do destino. Fechada a porta, os barulhos da rua diminuem, os comandos estão à mão, a música pode ser tocada, não se sente mais a chuva, calor ou frio na cara, Em caso de um acidente pode-se estar mais seguro. Era mais um dos entorpecidos pelo vício do carro. Nos últimos anos já não era tão fácil circular e encontrar lugar para estacionar. Era praticamente sair da garagem e ficar parado no meio da estrada. Não há mais previsibilidade de tempo de viagem. A comodidade tem o seu preço.

O que é bom acaba, mas ninguém quer largar. A visão do que é trânsito é individual, onde ninguém tem nada a ver com a vida do outro. Onde cada um faz o que quer: “Eu pago impostos, paguei pelo carro, tenho direito.” É muito difícil olhar-se ao retrovisor e mudar velhos hábitos, sejam eles bons ou maus. Sair da casca do automóvel é praticamente impossível para a grande maioria. Andar a pé, de autocarro, pedalar! “Que coisa mais ridícula, isso é de gente pobre!”. Será? Todos os caminhos para uma vida mais equilibrada e pacífica revelam-se longos e complicados. Felicidade imediata não existe, e dizem existir um preço, não raras vezes alto, muitas vezes grato. Muito já não me agradava. Era um bom sinal de fim de festa. O conceito do Metro é uma maravilha.

Na Etiel (Etiel de Joaquim Leite) encontrei as bicicletas dos meus olhos, comportáveis ao meu bolso. Uma para mim, outra para a minha amada. Investi e ganhei. Busquei o bem-estar com insistência e com todas as ferramentas possíveis. É o nosso dever! Se o que nos é dado não é suficiente, vamos ao próximo passo, pagamos o preço e lucramos. A desintoxicação dos nossos vícios é um processo que tem o seu custo e os seus benéficos resultados. Alguns que há muito não se sentam numa bicicleta reclamam pelo menos da dor nas nádegas. O selim sempre foi um problema e a maioria volta para o carro, rapidinho. Para esses a bicicleta continua a ser um paradigma. Mistura o benefício com a fadiga, tentação e repulsa. Mas há uma crença. O que é o difícil e o que é fácil? Pedalar torna-se um processo cansativo, dorido, mas a insistência da pedalada também vicia e é fascinante. Afinal, se quer conforto senta no sofá, para isso foi inventado o selim de gel.

segunda-feira, julho 11

sorriso incerto

Partilhar

Música é música e vice-versa (não, não é este Vive-Versa). Acredito que na forma clássica, moderna ou popular, a música é o modo de expressão que melhor traduz sentimentos, razões, movimentos, fantasias e etecéteras. É uma ideia provecta que guardei no baú para o dia em que não tivesse outra do que escrever e postar no blogue, talvez eu comece a escrever mais sobre música aqui no gabinete, mas depois surge a dúvida que música escolher entre tantas favoritas. Pois hoje é outro dia que nenhum blogueiro espera se deparar. E agora? Escrevo sobre o quê? Bom, sem alarme, ou melhor, com o despertador, este é o dia (This is the Day) para escrever de uma das músicas da minha vida. Esta manhã o despertador acordou-me ao som de uma das músicas que marcou muito a minha adolescência. Uncertain Smile dos The The.

Esperei o dia inteiro para chegar a casa, escrever o post e procurar um vídeo. Encontrei este que toca e que, embora sendo uma cover da versão original, está muito boa e nem de propósito exemplifica de alguma forma o meu despertar matinal às segundas-feiras.

Aqui Uncertain Smile na sua versão áudio original:


Este tema mítico de Matt Johnson está no segundo disco dos The The chamado Soul Mining de 1983 e do qual consta ainda um outro clássico – This is the Day, canção obrigatória em qualquer sessão nocturna portuense na década de oitenta, particularmente no meu gira-discos e no Batô (para quem não conhece, o interior da discoteca recria um galeão que navega ao som da música alternativa) em Leça. O tema Uncertain Smile foi sempre uma das canções da minha preferência, seja por aquele começo em loop, pela melodia, seja pela fabulosa letra. Uma versão, Flute & Sax extended mix é mesmo prodigiosa.

I've got you under my skin where the rain can't get in...


sexta-feira, julho 8

especulating, é o que a moddy's sabe fazer

Partilhar

Uma encomenda especial, com “pedaços” de Portugal tal como ele é visto pela Moody’s: Lixo. A acompanhar o caixote, os criativos da BBDO escreveram a frase: “Só para que saibam que estamos a trabalhar para elevar o nosso rating”.



Estou a prever que na agência não vou achar piada à encomenda.
São lixados estes publicitários!


rodas de mudança, um projecto da MUBI

Partilhar



Rodas de Mudança é uma campanha de incentivo à utilização da bicicleta. Através de retratos de pessoas comuns, que simplesmente escolheram esta opção de mobilidade, prova-se que não é preciso ser um super-herói para usar a bicicleta no dia-a-dia.

Rodas de mudança, uma iniciativa genial da MUBI. Os meus parabéns pela iniciativa.


terça-feira, julho 5

um lugar

Partilhar



(a foz do Rio Teixeira no Rio Douro...)



(...palco de brincadeiras em tempo de férias)

Numa súbita carência, recordo com saudade os grandes tempos em que as brincadeiras de garotos se faziam na rua, nos quintais, no campo da bola. Davam um tom colorido a um mundo a preto e branco, eram a alegria das aldeias. Era o pião, as caçadinhas, a cabra-cega, a bola, o “aí vai milho”. Era a ansiosa expectativa de finalmente sair o “raro” e as persistentes negociações na troca de repetidos para completar a caderneta de cromos. Era o intercâmbio cultural de livros do Patinhas e do Asterix. Era a excitação do momento em que chegávamos às aldeias dos nossos avós. Era o momento de viver como Tom Sawyer. Era a canseira boa de correr, só por correr, de subir às árvores para provar a fruta madura e até a verde que sabia tão bem. Eram os saltos para o rio. Eram tardes e tardes a pescar bogas à mosca. Era pedalar e jogar horas a fio. Encenávamos batalhas terríveis, joelhos esfolados e travessias a nado em jornadas de contínua e olímpica irresponsabilidade... até decidirmos, ou alguém por nós, mudar de brincadeira. Das brincadeiras de pequenos, na rua até às tantas, raramente resultava prejuízo para algum. Uns com os outros dizíamos o que não lembrava ao diabo, eram zangas de minutos que davam amizades para o resto da vida. E aos adultos sempre se “desfarrapava” uma desculpa, mesmo a mais descabida, porque éramos uns traquinas. Resta um lugar, muitos lugares preservados na memória.

sexta-feira, julho 1

é só o primeiro retirado da cartola

Partilhar



Extraordinário! Segundo julgo saber este imposto andava já a ser condimentado aos cozinhados partidários da direita, faz tempo. Marinou o tempo suficiente entre um PEC e outro, este no entanto é bem mais refinado e à moda do chef. Depois, por um acaso, enquanto o povo choramingava e desmaiava nas ruas pela morte de um famoso, o Governo português anunciava novo assalto ao bolso dos contribuintes, ah não… deveria ter dito novo sacrifício, tsss… enganei-me!

A quem vai pesar mais, este roubo… ai que mania, sacrifício? Ora a quem! Àqueles a quem tem sido tirado tudo. Direitos laborais, direito à saúde, direito à dignidade. Como se sabe este imposto incide sobre os rendimentos do trabalho e das reformas, e sabemos bem que quem vive dos rendimentos do trabalho é que tem a massa que está em falta nos cofres do Estado. Seja como for, tudo foi preparado para que grandes empresas nacionais, grandes fortunas e a banca não sejam incomodadas nem sacrificados. Porquê? Ora, porque é indigno trabalhar, sobreviver com o suor do seu esforço. Mas já é de cidadania permitir toda a gatunice, receber umas migalhas e com elas honrar o custo de vida, para outro alguém ficar a criar riqueza. Os prémios pagos aos “quadros superiores”, que constituem, também, remuneração do trabalho, vão ser tributados (viram, não disse gamados)? É que eles representam uma larga fatia dos que oferecem prendas de Natal em géneros, como carros de luxo, cartões visa, viagens à neve. Vão ser tributados? Mas o mais extraordinário é que o Estado prepara-se para querer receber o tal imposto, mesmo a quem não recebe o tal subsídio. Sim, falo dos tais recibos, os verdes.

Pois é, já devem ter percebido que os que já ganham mal, além do costume, vão piorar a sua situação financeira na senda do interesse nacional e, como iremos estar em época natalícia, de paz e fraternidade, mais do que a quadra onde se trocam presentes será a época de doar e de investir na vã esperança. A eles que são tão pobrezinhos, coitadinhos, nós damos-lhes umas esmolas, umas sobrazitas que temos e íamos deitar fora!

(clica na foto para veres melhor)

"Pois, pois… melhor seria que todos os portugueses ganhassem 485€", pensam os patrões. "Assim ver-se-iam livres deste imposto".