sexta-feira, março 28

os jovenzinhos

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O menino quer playstation. A gente dá.

A menina quer telemóvel. A gente também dá.

A criancinha birra porque não gosta da sopa. A gente dá o que ela quer.

A criancinha quer hambúrgueres, pizzas, pipocas e coca-colas. A gente olha para o lado e ela incha.

A criancinha quer usar adidas e nikes. A gente dá porque a criancinha tem tanto direito como os colegas da escola e não pode ser diferente.

A criancinha quer ficar a ver televisão até tarde. A gente senta-a ao nosso lado no sofá e passa-lhe o comando.

Entretanto, a criancinha cresce. Faz-se projecto de homem ou mulher.

É então que a criancinha, já um jovenzinho, começa a pedir mesada, semanada, diária. E gasta metade em guloseimas e a outra metade em joguinhos e “toques”.

O jovenzinho já estuda. Às vezes passa de ano, outras nem por isso. Mas não se pode pressioná-lo porque ele já tem uma vida stressante, de estudante.

Crescem a ver os Morangos com Açúcar, cheios de “não me toques”, e exigem sempre dos papás. Agora, já não lhes basta que eles estejam por perto. Convém que se comecem a chegar à frente, capricho de adolescente.

O jovenzinho, entregue aos seus desejos e sem referências, inicia o processo de “independência”. A rebeldia é o máximo. Radicaliza-se e desrespeita o outro. Responde torto aos papás, põe a avó em sentido, as tarefas domésticas são “uma seca”.

Um dia, na escola, uma professora exige respeito, tenta pôr nos eixos a criancinha que os papás abandonaram à sua sorte. O jovenzinho, que ainda é uma criancinha, fica traumatizado, revoltado. Em casa, faz queixinhas, lamenta-se e chora, diz-se vítima de abuso escolar. Os papás, arrepiados com a violência sobre as criancinhas de que a televisão fala e na dúvida entre a conta de um eventual psiquiatra e o derreter do ordenado em loucuras de shopping center, correm para a escola e espetam duas lambadas bem dadas na professora “que não tem nada que se armar em mãezinha, pois quem sabe do meu filho sou eu”.

Na minha adolescência, a geração dos meus pais dizia "Ai, esta juventude está perdida..." Eu achava este comentário muito injusto. Hoje dou por mim a dizer o mesmo da actual juventude...

17 comentários:

Xanda disse...

Concordo plenamente com que escreves, paulofski.
Infelizmente a juventude está perdida e por culpa na sua grande maioria da falta de autoridade dos pais, são msm os principais responsáveis.
No aspecto da educação, considero-me um bocadinho ditadora. Existem coisas que não tolero, a falta de respeito, se desarruma tem de arrumar, a mentira e, aquilo que toda a criança faz que é a chantagem comigo não funciona loool.

Fui educada, a meu ver muito bem educada pelos meus pais, tento fazer igual com o meu filho e, sei se não tiver "pulso firme" ou como se costumo dizer "as redias curtas" ele abusa...

Temos de pensar que se hoje toleramos amanhã será mto complicado e, dps não se deve dar td pq hoje estamos bem mas não sabemos no futuro.

Bjnhs e desculpa ter-me "esticado" na escrita.

Ka disse...

Concordo com este texto Paulo, menos na parte do "a gente dá" pois não me incluo muito.

Claro que fazendo a comparação com o que recebi dos meus pais, tenho a noção que estamos mais consumistas mas acredito que a velha máxima de lutar para merecer as coisas deve prevalecer, até para ele poderem sentir o prazer da conquista.

Quanto ao resto é mesmo uma questão de educação. Eu estarei sempre present para o meu filho ,as não sou a sua melhor amiga, sou a Mãe :)

Beijos

ps - revejo-me muito no que a Xanda disse

paulofski disse...

É isso mesmo Xanda, nós que agora somos pais devemos transmitir os valores básicos de boa educação e de respeito como fizeram os nossos pais.

A escrita está esticada! lol Nem tinha reparado.

Beijinho e bom-fim-semana.

paulofski disse...

É verdade Ka mas a gente dá mesmo. O que a gente também deve fazer, e saber fazer, é tirar. Tirar e explicar para que percebam os motivos.

Beijo e bom-fim-semana.

Luis Lemos disse...

Concordo com tudo. O texto exprime exactamente o que se passa em quase todas as casas.
Meus parabéns pelo texto.

liamaral disse...

Eu acho que quando diziam isso da nossa geração, estavamos a ser completamente injustiçados!! Nos dias de hoje sim, esse comentário faz todo o sentido!!
Parabéns mais uma vez!
Beijo
:)

Por entre o luar disse...

Concordo plenamente, embora seja novinha, tenho a plena consciencia que os jovens que vão construir o nosso futuro estão cada vez piores... e claro que sim, a educação parte de casa, não podemos exigir muito quando em casa não lhes é exigido..:S

Beijinhos e sorrisitos*

KNOPPIX disse...

O mal é a permissividade cada ve maior dos pais, as crianças crescem sem aprenderem que não podem ter ou fazer tudo aquilo que querem, desconhecem o significado do não e tornam-se pequenos tiranos.

Bom fim de semana e parabéns pelo post, subscrevo-o na íntegra.
Abraço.

KNOPPIX disse...

Lapsus teclae :(
Na 1º linha, deve-se ler "vez"...

alx disse...

Eu acho que a expressão "Esta juventude está perdida" adequa-se e se adequará por longos e longos anos. Será evolucionará? Não sei..

Olá!! disse...

Tenho esperança que os meus filhos não façam parte dessa "geração perdida". Quando eles forem pais como serão os filhos deles???
Concordo com muito do que aqui é dito, não devemos ceder sempre, por outro lado temos de manter a mente aberta para a "actualidade" deles... é complicado, muito.
Beijosssssssss

paulofski disse...

Pois faz Lili, e nas próximas também.

Beijinho

paulofski disse...

Na mouche... querida Luar. É em casa que se educa.

Beijinho e sorrisinho.

paulofski disse...

Obrigado pelo comentário Knoppix.
Volta sempre.

Abraço

paulofski disse...

Também não sei Alx, veremos.
Volta sempre.

Abraço

paulofski disse...

É de facto complicado Olá. Nós, como pais, temos de os acompanhar nas tendências, nas inovações, nos problemas... Devemos estar omnipresentes no sentido de proporcionar bases e orientar para a vida.

Beijo :)

Paula Crespo disse...

Não gosto muito de lhes chamar geração perdida, se bem que às vezes o pareçam. Mas penso que a culpa é dos pais. Por falta de tempo mas, muitas vezes, por falta de cabeça, isso sim. Os pais irritam-me mais do que os jovens.